Gente que faz
DILMA NO PROGRAMA DO RATINHO – Presidenta falou sobre o programa ‘Mais Médicos’, royalties do petróleo, Copa, a espionagem dos Estados Unidos de Obama e a solidão que, às vezes, sente quando está no Palácio do Planalto. Veja o vídeo
Gente que faz


A presidente Dilma Rousseff afirmou, no Programa do Ratinho, no SBT, que tem “uma imensa esperança” de que o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) “melhore substancialmente” com o programa Mais Médicos. Em tom descontraído, Dilma afirmou que gostaria que a população brasileira tivesse o mesmo atendimento médico que ela tem.
No Ratinho, Dilma disse que cancelou visita aos EUA porque Obama não cumpriu promessas
Do UOL, em São Paulo
Em entrevista ao apresentador Ratinho exibida na segunda-feira (7), a presidente Dilma Rousseff afirmou que foi obrigada a cancelar a visita oficial que faria aos Estados Unidos porque o chefe do Executivo norte-americano, Barack Obama, não cumpriu as medidas com as quais teria se comprometido para acabar com a espionagem contra o Brasil.
O apresentador Ratinho, apelido de Carlos Massa, questionou Dilma da conversa entre ela e Obama acerca do episódio. A mandatária respondeu que foi uma conversa de “chefes de Estado”, com mesmo teor do que foi dito por ela durante discurso na última Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
Segundo Dilma, o Brasil cobrou dos Estados Unidos desculpas e o compromisso de que a espionagem não mais iria ocorrer. “Queria desculpas e o compromisso de que isso não iria mais acontecer. Como ele [Obama] não me garantiu isso, disse a ele que não tinha condições políticas de fazer uma visita de chefe de Estado”, afirmou a presidente.
Dilma afirmou que dias antes, durante encontro do G-20 em São Petesburgo, na Rússia, Obama havia se comprometido a cessar a espionagem. “É inadmissível esse tipo de relação entre países. Afeta os direitos humanos, civis, a privacidade das pessoas, o interesse de empresas brasileiras, afeta a nossa soberania”, disse.
“Que historia é essa de ficar sondando? Não tem nenhum dado de que aqui tinha atuação terrorista”, questionou Dilma.
Em seguida, a presidente afirmou que o fato de as informações sobre a espionagem terem vindo à tona após as denúncias do ex-agente da NSA (agência de segurança dos EUA) Edward Snowden torna a história “desagradável”.
“Sabe o que é muito desagradável nessa história toda? Quem vaza é um rapaz que não tem mais de 25 anos, um rapaz que estava na área de inteligência há quatro ou cinco meses. Como é que uma pessoa dessa consegue dados de tantos Estados?”, questionou.
Protestos
Sobre os protestos ocorridos em junho, Dilma afirmou que os vê “com uma visão muito positiva”. “Elas fazem parte do processo de democracia e de inclusão social”. Afirmou também que, não fossem os atos, o Congresso não teria destina os royalties do pré-sal para educação.
“Essa força das manifestações levaram a gente ter muitas conquistas”, disse. “Dificilmente sem a manifestação de junho conseguiríamos os royalties para a educação.”
‘Mais Médicos’
Dilma também credita aos protestos a implantação do “Mais Médicos”, programa que inclui a contratação de médicos estrangeiros. A presidente saiu em defesa da vinda dos médicos estrangeiros, mas admitiu que o programa não resolverá os problemas da saúde pública. “O Mais Médicos não resolve o problema da saúde”, afirmou. “Também é verdade que não adianta ter os locais, os equipamentos e não ter os médicos.”
A mandatária disse ainda que “as pessoas pedem o atendimento humanizado” e que as doenças que acometem a maioria da população são tratadas no posto médico. “Diabetes, pressão alta, asma bronquite e diarreia, são doenças que você pode atender na atenção básica, no posto médico.”
Reeleição
Dilma tergiversou ao ser indagada sobre a candidatura à reeleição no ano vem. “Olha, eu tenho uma vantagem, em relação a qualquer outra pessoa, sabe qual é? Antes de ser candidata, eu sou presidente até 31 de dezembro de 2014. Ontem, por exemplo, um repórter me perguntou se eu estou fazendo campanha eleitoral. Eu disse que não, eu sou presidente, antes de querer ser eleita, eu tenho que exercer a minha presidência.”
Copa do Mundo
Questionada sobre a aplicação de recursos públicos na Copa do Mundo, Dilma afirmou que não houve uso de dinheiro do governo federal na construção de estádios. “Em todos os 12 estádios, colocamos financiamento (…) do Orçamento Geral da União, não colocamos nenhum tostão. Colocamos sim em obras de mobilidade e segurança. Tudo isso vai ficar para o país.”
Questões íntimas
Na entrevista, a presidente, provocada pelo apresentador, falou também de questões de foro íntimo. Disse se sentir sozinha quando está recolhida no Alvorada e afirmou que sente falta de andar na rua. “A gente fica [sozinha] sim, Ratinho. Se há um prazer na vida que todo mundo tem é andar na rua”
Dilma citou um episódio em que pediu ao general Marcos Antônio Amaro, que chefia sua segurança, para caminhar na praça da Liberdade, no centro de Belo Horizonte. A mandatária contou que gosta de comer “mexidão” e ir ao cinema, o que evita “para não incomodar as pessoas.”
A presidente afirmou ainda gostar de ler até “bula de remédio” e disse que prefere “livro com papel e cheiro” aos e-books. “O dia que falarem pra mim ‘vai acabar o livro’, vou lutar para não acabar.”
Ao final da entrevista, a presidente percorreu as dependências do Alvorada com o apresentador.


Gente que faz
SEBASTIÃO CARLOS: Profeta canonizado em vida, Pedro Casaldáliga, como poucos, levou até as últimas consequências a fé profunda na palavra do Cristo


Sebastião e Pedro18
Profeta e poeta – I
POR SEBASTIÃO CARLOS
Às mais de cem mil mortes provocadas pela terrível pandemia, que cresceu auxiliada pela desídia do poder, se junta uma que, embora não diretamente ligada, potencializa a emoção. Ao sofrimento de tantas famílias enlutadas, o manto negro da dor cobre a nossa História nacional. Às 09h40min do sábado (8) partiu em definitivo da vida terrena um profeta e poeta. Profeta canonizado em vida que, como poucos, levaram até as últimas consequências a fé profunda na palavra do Cristo. Poeta instigante, combativo, de vibrante telurismo que fez dos versos livres um canto perene em busca da Justiça e a serviço da Liberdade. Nos versos, via o Evangelho, no Evangelho encontrava a poesia. A voz era mais forte que o corpo magro e frágil e a presença física tornou-se mais imensa que a floresta em que habitava e defendia. Assim era Dom Pedro Casàldaliga. Mais que Dom Pedro, Pedro simplesmente como apreciava. Mais que bispo, irmão dos deserdados da Terra.
Pere Maria Casaldàliga i Pla nasceu na pequena localidade de Balsareny, região nordeste da Espanha, pertencente à Província de Barcelona, Comunidade Autônoma da Catalunha. Balsareny é um município com área inferior a 40 Km2 e que em 2018 tinha menos que 4 mil habitantes. De família de agricultores pobres, em 1943 ingressou na Congregação Claretiana e em maio de 1952 foi ordenado sacerdote. Nos anos seguintes lecionou e foi assessor dos Cursilhos de Cristandade e diretor da Revista Iris. Em 1968, o ano do AI 5 e do inicio do endurecimento do regime militar, o padre Pedro Casaldàliga, já adaptando o primeiro nome ao português, chega ao Brasil. Vinha para Mato Grosso. Missionário, fundaria uma missão claretiana às margens do Araguaia.
E foi então que, estudante de História na Universidade Federal de Goiás e militante estudantil em Goiânia, fui conhecê-lo na Paroquia São José Operário, no Setor Oeste, na querida capital de Goiás. Eram anos de intensa movimentação estudantil e política, que a idade estimulava o idealismo e o consequente radicalismo politico. O padre espanhol, franzino e elétrico, com voz firme, falando em politica, no sofrimento dos pobres da Amazônia com os quais dividia a luta diária e brandindo poemas flamejantes logo conquistou o pequeno grupo de jovens universitários goianos com os quais começou a manter contatos. No ano seguinte, Paulo VI o nomearia bispo prelado e administrador apostólico da Prelazia de São Félix do Araguaia, sendo sagrado bispo em 23 de outubro de 1971.
Daí para frente a relação com os poderosos da região e com a ditadura militar iria se tornar cada vez mais difícil e ácida. Combativo, contundente, compromissado até o cerne com os desvalidos da terra, num desafio desabrido, num permanente profetismo missioneiro e, digo, quase místico, Casaldàliga se agigantou entre as forças que se opunham à ditadura militar. Destacou-se também como defensor de índios, tendo sido um dos fundadores do CIMI – Conselho Indigenista Missionário que, mais que em anos anteriores, estavam sendo empurrados cada vez mais para o sertão imenso até serem encurralados e se encontrarem em face da doença, da miséria total, da morte. Também co-fundador da CPT – Comissão Pastoral da Terra, que atuaria destemidamente em favor dos posseiros.
A tríade implacável constituída por latifundiários, garimpeiros, policia, sempre apoiada, acintosamente ou não, por políticos e governos presenciou a um Casaldàliga enfrentá-los com destemor. A região era de extrema marginalização social, extensos latifúndios, alto grau de analfabetismo e muitos conflitos pela terra, onde os assassinatos e os desaparecimentos de desafetos eram o instrumento usual.
O bispo do Araguaia esteve entre os militantes da Teologia da Libertação, que então dividia a Igreja, e ao lado de um grupo de padres, bispos e arcebispos, entre os quais o corajoso Dom Tomás Balduíno, bispo da antiga capital de Goiás, e a quem tive o prazer de conhecer de perto, arrostou os conservadores da Igreja, enfrentou os poderosos da região e desafiou a ditadura militar.
As ameaças de morte lhe eram constantes e não raro estiveram muito próximas da concretização. Em 11 de outubro de 1976, Casaldàliga e o padre jesuíta João Bosco Penido Burnier [12/06/17 – 12/10/76] passavam por Ribeirão Cascalheira. Visitavam os moradores quando populares os procuraram para denunciar que duas mulheres estavam sendo barbaramente espancadas na delegacia de policia. Os gritos desesperados eram ouvidos na rua. Tal fato não era incomum. De imediato, os dois sacerdotes acorreram ao local.
Tem então inicio uma forte discussão com os policiais. Inesperadamente, Pedro é brutalmente empurrado e Burnier agredido com coronhadas e na sequencia alvejado com um tiro na nuca. A comoção é geral. O jesuíta é transferido para Goiânia e lá falece no dia seguinte. Terminada a missa de sétimo dia, a população segue em passeata até a delegacia, liberta todos os presos e coloca fogo no prédio. Nesse local seria erguida uma capela. Os policiais nunca foram punidos. Nenhuma novidade nesse desfecho. Com a redemocratização, o “caso do Padre Burnier” foi apresentado à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça para que o reconhecesse como crime político. Mas em abril de 1997 o requerimento foi indeferido. Somente em 25 de novembro de 2009, trinta e três anos depois, o CEMDP reconheceu a responsabilidade do Estado Brasileiro pela morte, sendo, pois definido como crime politico.
Aqueles foram os anos duros da repressão politica e social. Os anos de chumbo. A violência no quotidiano era acobertada por poderes maiores. Tudo e todos que, de alguma forma, pudesse ser apodado de “comunista” “precisavam ser castigados”. O bispo catalão – matogrossense não estava excluído desse rol nefasto. Em cinco ocasiões, o Governo, por instancia do Conselho de Segurança Nacional, abriu contra ele processos de expulsão do país. O bravo arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, em diferentes ocasiões saiu publicamente em sua defesa, mobilizou a ala progressista da Igreja e, por fim, o próprio Vaticano fez gestões diretas, o que impediu o prosseguimento da ação expulsória. A ditadura também temia um desgaste maior para a sua imagem no exterior. Ainda assim, a situação do prelado do Araguaia estava periclitante tanto que quando o pai faleceu ele desistiu de ir à Espanha para a despedida final pelo temor de ser impedido de retornar.
A ação solidária de Casáldaliga para com os esquecidos da terra e o seu espirito intrépido e desafiador muito incomodavam os poderosos numa época em que o silêncio e o acocoramento moral a que muitos se entregaram era o mais conveniente. Não por outros motivos foi logo denominado de “subversivo”, de “padre vermelho”, enfim, de comunista. Ele se juntava então ao rol de um punhado de curas e prelados brasileiros. A verdade é que a crença profunda no Evangelho e a exigência ética existencial dessa fé originária permitia a esses bravos cristãos adotar como suas, tal como Pedro o fez, uma citação atribuída à aquele que, por muitos anos, foi o símbolo da resistência católica no Brasil. Dom Hélder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife: “Se falo dos famintos, todos me chamam de cristão, mas se falo das causas da fome, me chamam de comunista”. E assim era, porque não se pode confundir a verdadeira solidariedade como uma forma de caridade. Nesse conceito, não se trata de consolar a alma do caridoso, mas de buscar a Justiça dos justos.
Em 1971 fui realizar estudos em Madrid. Recebi de Casàldaliga o endereço dos Claretianos na capital espanhola e ele insistiu para que os procurasse. Lá, entre tantos, conheci e me tornei amigo do padre Benjamin Forcano, que anos depois se tornaria um importante teólogo, igualmente ligado à Teologia da Libertação. Nesse ano, Forcano havia lançado seu primeiro livro, ¿Amor y natalidad en conflicto? [Valencia, 1971], que me presentearia autografado. Era um dos articulistas mais destacados, depois diretor, da revista Missión Abierta, que acolhia os pensadores irmanados pelo Concilio Vaticano II.
Posteriormente dirigiria a revista Êxodo e anos depois o editorial Nueva Utopia. Todas publicações que se colocavam na dianteira do pensamento católico europeu, engajados na linha do aggiornamento empreendida pelo grande pontífice João XXIII. Tive a alegria de, por suas mãos, e ainda nos meus vinte e poucos anos, conhecer uma plêiade de pensadores cristãos de vanguarda. Em todos eles testemunhei uma admiração, quase reverencial, por D. Pedro Casáldaliga e enorme curiosidade em saber como ele vivia e como agia o regime militar. Os espanhóis viviam os estertores do regime franquista.
Pedro Casaldàliga não foi somente o militante do Evangelho, o homem que levou às ultimas consequências práticas as palavras do seu Salvador, porque poucos como ele souberam ser tão fieis ao lema que elegeu para seu serviço pastoral: “Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar”. Poucos foram, como ele, um verdadeiro Homem de Cristo, na vivencia mais profunda da mística evangélica. Ele exercitou até as ultimas consequências a denúncia arriscada e temerária, deu o seu testemunho corajoso e realizou a profecia cristã aqui mesmo na Terra. A sua figura mística se agiganta e encarna uma espiritualidade que configura o verdadeiro anunciar do Sermão da Montanha.
Mas o catalão foi também poeta e, por extensão, historiador, sociólogo, antropólogo, ecólogo.
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é advogado e historiador em Cuiabá, Mato Grosso.
-
Deliciosos sabores2 anos atrás
Molho barbecue
-
Deliciosos sabores2 anos atrás
Molho Bolonhesa
-
Deliciosos sabores2 anos atrás
Gelatina Mosaico
-
Deliciosos sabores2 anos atrás
Couve refogada
-
Dinheiro na mão é vendaval2 anos atrás
PIB agropecuário cresce 21,6% e impulsiona a economia do País. Mato Grosso é destaque
-
Dinheiro na mão é vendaval2 anos atrás
Brasil se torna o primeiro país do mundo a exportar frango para Israel
-
Dinheiro na mão é vendaval2 anos atrás
Paraná alcança maior produção semestral de frangos e suínos da história
-
Dinheiro na mão é vendaval2 anos atrás
Puxada pelo agronegócio, balança comercial atingiu recorde de US$ 9,767 bilhões em agosto
Você precisa estar logado para postar um comentário Login