Jogo do Poder
A MEMÓRIA É QUE FAZ A HISTÓRIA: Religiões são coquetéis complexos de mitos, insegurança, desejo de superar as fraquezas humanas, manejo de códigos inacessíveis, poder jamais provado sobre a realidade objetiva. Institucionalmente, as religiões produziram festivais de horrores como as Cruzadas, a Inquisição, a destruição de imagens “heréticas”, a cumplicidade com regimes sanguinários.
Jogo do Poder
De mitos e esperanças
Lembram-se do final clássico dos contos de fadas ? “E foram felizes para sempre”. Artigo de luxo, essa tal de felicidade. Para nós, pobres andarilhos desconfiados das promessas fantasiosas e dos milagres, ela é um processo árduo de conquista. Virá fugidia, arisca, provisória por natureza. E a busca sempre recomeçará.
Jacques Gruman
DA AGENCIA CARTA MAIOR
Durante muitos anos, funcionou, numa ruazinha decadente do centro do Rio, a livraria Página. Vendia exclusivamente livros soviéticos traduzidos. Na época mais dura do regime militar, limitava-se a títulos de ciências exatas e naturais. Nada de economia, filosofia ou política. Eram matérias “subversivas”. De vez em quando, eu dava uma garimpada e, numa dessas, descobri uma preciosidade. Era a coleção Ciência Popular.
Cientistas soviéticos mostravam, numa linguagem ao mesmo tempo simples e cativante, conceitos básicos de áreas que iam da matemática à física, passando pela cosmogonia e outras menos votadas. Y. Perelman era um craque nos números e sabia como tirar o pânico que muitos de nós tinham por equações e vizinhanças. Matemática recreativa é uma pequena obra-prima. Passeia pelo cotidiano e pela História, mostrando o engenho humano para resolver problemas usando os números.
Um dos capítulos mais interessantes se refere a uma passagem bíblica: a lenda do Dilúvio. De acordo com o Velho Testamento, choveu torrencialmente sobre o planeta durante 40 dias e 40 noites. A água teria inundado toda a superfície terrestre e levado 110 dias para baixar. Os únicos sobreviventes dessa tragédia monumental foram, de acordo com a lenda, Noé, sua família e casais de todos os bichos (que deveriam repovoar a Terra), abrigados numa arca gigantesca. Perelman examina com rigor a narrativa e prova, com informações meteorológicas elementares e cálculos simples, que, nas condições descritas, o planeta teria sido recoberto por uma camada de … 2,5 cm de água ! Não daria para cobrir nem a canela de uma criança.
Pergunta, em seguida, se a arca de Noé seria viável. Usando informações náuticas e calculando as necessidades de sobrevivência daquela multidão por 5 meses, chega à conclusão de que seria necessária uma embarcação com capacidade para deslocar 20.000 toneladas d’água. Com a tecnologia da época, isso seria completamente impossível. Em suma: deve ter acontecido uma inundação localizada, que foi interpretada como universal. O resto é imaginação.
Religiões são coquetéis complexos de mitos, insegurança, desejo de superar as inevitáveis fraquezas humanas, manejo de códigos inacessíveis, poder jamais provado sobre a realidade objetiva, invenções cósmicas.
Institucionalmente, produziram festivais de horrores como as Cruzadas, a Inquisição, a destruição de imagens “heréticas”, a cumplicidade com regimes sanguinários. Acabo de ver a foto de um padre filipino abençoando o primeiro dia de trabalho na Bolsa de Valores de Manila. Propunha-se a “afastar o mal da crise”. Nas entranhas da jogatina financeira.
Dialeticamente, inspiraram artistas geniais, cujo trabalho ilumina gerações. Para gostar de Bach ou apreciar Michelangelo, não é necessário ter fé. O que me assusta é a multiplicação de correntes religiosas nos espaços públicos e nos veículos de comunicação. A Marcha para Jesus faz parte do calendário oficial do país após lei federal promulgada em 2009. Evangélicos estão conversando com a rede Globo para acertar os ponteiros. Na pauta, a possibilidade de incluir protagonistas evangélicos nas novelas globais.
Mais do que tudo isso: aproveitando-se da fragilidade e da ignorância de muita gente, mistificadores expandiram o mercado da impostura e oferecem fórmulas rápidas e “seguras” para antever o futuro e garantir o “sucesso” e a “felicidade”.
Foi com um misto de incredulidade e indignação que li a entrevista de um senhor que se apresenta como “angelólogo”, muito popular entre celebridades. Nunca tinha ouvido falar nisso. Trata-se de uma “especialidade” que afirma que cada um de nós tem um anjo da guarda (!). Baseado nisso, fala obviedades e besteiras descomunais. Uma delas: “O Brasil tem tudo para se tornar uma grande festa, mais do que já é”. Associa o futuro com cores (“o ano promete ser muito bom para quem passar a virada de lilás conjugado com o branco, cor da excelência”) e garante que 2013 vai ser “regido” por um anjo ligado às artes e à beleza.
Ah, como a vida seria fácil – e medíocre – se tudo já viesse empacotado, com garantia de fábrica e rótulo fidedigno. Quem sabe as vítimas das enchentes recorrentes no Rio e das chacinas rotineiras em São Paulo tivessem tido melhor sorte com a simples providência de vestir uma calça branca e uma camisa lilás no dia 31 de dezembro … Para os desabrigados, os humilhados, os ofendidos e as famílias dos chacinados resta o possível consolo de que, com reivindicações a serem oportunamente divulgadas, os anjos da guarda tinham declarado greve no réveillon.
Lembram-se do final clássico dos contos de fadas ? “E foram felizes para sempre”. Artigo de luxo, essa tal de felicidade. Para nós, pobres andarilhos desconfiados das promessas fantasiosas e dos milagres, ela é um processo árduo de conquista. Virá fugidia, arisca, provisória por natureza. E a busca sempre recomeçará. Os farsantes a oferecem como possível estado permanente. Uma repórter da Folha de São Paulo passou dez dias num sítio em Miguel Pereira, participando do Curso de Meditação Vipassana. Submeteu-se a uma rotina espartana, dolorosa, neurotizante, finda a qual se prometia, entre outras maravilhas, a “suprema felicidade”. O que será isso ?
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Fui e sou feliz em espasmos, e não acho que sou diferente de ninguém. Cada um reconhecerá seu quinhão. No início dos anos 60, meu pai tinha uma pequena loja de móveis em Angra dos Reis. Por um ou dois verões, a família se alojou por alguns dias numa pensão barata em Angra, que era pouco mais do que uma colônia de pescadores. Fugir da rotina, tomar um copo de Ovomaltine na padaria, assistir filmes B quase todos os dias no único cinema da cidade, ouvir meu primo fazendo gracinhas em ídish com meu tio. Caramba, eu acordava já excitado com o que o dia me reservava ! Felicidade.
Estou com o doutor Drauzio Varella: “Passar a vida a lamentar a felicidade perdida é apanágio de velhos chatos, fadados a terminar seus dias na solidão”. Viver é lutar, encontrar objetivos, redefinir caminhos. Sem cair na armadilha de atalhos narcotizantes.
(*) JAMES GRUMAN, engenheiro químico, é militante internacionalista da esquerda judaica no Rio de Janeiro.


Jogo do Poder
No dia do servidor público, comunidade da UFMT alerta população sobre a PEC 32 e cobra deputados


Adufmat cobra compromissos dos parlamentares que representam o povo trabalhador de Mato Grosso
Já faz mais de um ano que os servidores públicos federais, estaduais e municipais denunciam a elaboração de mais um forte e perigoso ataque contra os direitos constitucionais. O Governo Federal queria aprovar sua proposta de Reforma Administrativa (PEC 32) em agosto deste ano, mas devido à gravidade da pauta e a pressão de sindicatos e movimentos sociais, tem encontrado dificuldades para conseguir os 308 votos necessários.
Nessa quinta-feira, 28/10, Dia do Servidor Público, a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), representada pelos sindicatos dos docentes, técnicos-administrativos e estudantes – Adufmat-Ssind, Sintuf/MT e DCE, respectivamente -, fez mais uma intervenção: encheu de faixas as grades da universidade para denunciar o ataque e cobrar os parlamentares mato-grossenses.
Há seis semanas servidores de todo o país fazem vigília em Brasília para demonstrar aos parlamentares que a população é contrária à PEC 32, porque sabe que será prejudicada. A Adufmat-Ssind já realizou diversas atividade nesse sentido. Publicou uma cartilha elencando os malefícios da PEC 32 para os servidores e para a sociedade como um todo (clique aqui para acessar), organizou atos e campanhas nas ruas, redes sociais, emissoras de TV e rádio, lives, além de uma série de programas com a personagem Almerinda para dialogar com a população sobre o assunto.
A PEC 32 é a terceira proposta de Reforma Administrativa desde a promulgação da Constituição de 1988 e, desta vez, tem como objetivo precarizar os contratos dos trabalhadores, colocando os servidores públicos em condição de maior fragilidade e permitindo todo tipo de barganha com os cargos públicos. Também pretende introduzir o princípio de subsidiariedade, no qual o Estado atua como um igual, e não como um ente superior ao setor privado e conceder superpoderes ao presidente da República, que passaria a poder destruir instituições e autarquias com apenas uma canetada.
A justificativa mentirosa utilizada pelos governantes para aprovar a PEC 32 seria acabar com privilégios de servidores. No entanto, políticos, militares de alta patente e o alto escalão do Poder Judiciário, exatamente aqueles que recebem salários exorbitantes, ficarão de fora da Reforma. Ela tingirá, apenas, os servidores que recebem os menores salários, em sua maioria, os que estão em contato direto com a população usuária dos serviços públicos.
O Governo também mente sobre os reflexos da reforma para os atuais servidores federais, estaduais e municipais. Além de já receberem os piores salários e enfrentarem ambientes de trabalhos precarizados, esses servidores correm o risco de sofrer redução de salários e carga horária de trabalho em até 25%.
Para o diretor geral da Adufmat-Ssind, professor Reginaldo Araújo, a data é mais uma grande oportunidade para “chamar a atenção da população sobre os ataques da PEC 32 e cobrar os deputados, lembrando que aqueles que atacam a população dessa forma costumam não ser reeleitos, a exemplo da última Reforma da Previdência”.
Até o momento, os deputados mato-grossenses que se declararam contrários à PEC 32 são: Rosa Neide (PT), Emanuelzinho (PTB), Leonardo (SDD), Carlos Bezerra (MDB) e Juarez Costa (MDB). Os deputados que ainda se mostram favoráveis à proposta são Neri Gueller (PP), Nelson Barbudo (PSL) e José Medeiros (PODE).

Protesto na UFMT contra PEC 32
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