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O melhor detergente é a luz do sol

RENATO GOMES NERY: Doutor é um título acadêmico que é outorgado para quem fez, além de uma faculdade regular, um curso de doutorado. Mas virou costume chamar quem fez somente um curso superior de doutor. Até alguns dicionários aceitam esta versão. E nesse diapasão todo mundo vira doutor

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O melhor detergente é a luz do sol

Renato Gomes Nery, analista da realidade mato-grossense e brasileira, é advogado em Cuiabá. Foi presidente da OAB em Mato Grosso

Renato Gomes Nery, analista da realidade mato-grossense e brasileira, é advogado em Cuiabá. Foi presidente da OAB em Mato Grosso


OS DOUTORES
Por Renato Gomes Nery
 
                    Doutor é um título acadêmico que é outorgado para quem fez, além de uma faculdade  regular, um curso de  doutorado. Mas virou costume chamar quem fez somente um curso superior de doutor. Até alguns dicionários aceitam esta versão. E nesse diapasão todo mundo vira doutor. Dr. Advogado, Dr. Médico, Dr. Dentista, Dr. Psicólogo, Dr. Fisioterapeuta e Dr. Contador. E a denominação persegue a todos que concluíram um curso superior.
Cartões de visitas, receitas, petições e pareceres ostentam a pomposa denominação de Doutor. Placas de escritório não fazem por menos e usam indistintamente o indevido  título. Telefones são atendidos, com…”aqui fala  o Doutor fulano de tal….” Veja, portanto, o exagero  do seu uso. Até o guarda de trânsito sofre a intransigência do Doutor, quando leva uma pomposa “carteirada profissional”. Lembremos das carteiras profissionais lindas que ostentam até brasão. E o anel do Doutor também é apropriado feito sob medida para que se tenha mais destaque e se fique mais elegante.
O  doutor pertence a uma casta,  como se o Brasil fosse a Índia. A casta dos doutores. Não é para menos em um País que não se livrou inteiramente da escravidão, pois não resgatou ainda do limbo milhões e milhões  de brasileiros  que chafurdam na lama da pobreza e da indigência.
Situações como a aqui relatada somente florescem por que as diferenças de classe no Brasil são abissais. A par da soberba daqueles que  aceitam e cultivam a condição de doutor quando não o são, para demonstrar que eles são superiores a todos os outros mortais. Basta um aluno passar no vestibular para que a pecha de doutor lhe seja colocada. Na área jurídica, basta o estudante vestir um terno e gravata para  virar doutor, com todas as pompas e circunstâncias.
A psicanálise tem uma explicação para o aqui relatado, por tratar-se do “complexo de superioridade que se refere a um mecanismo subconsciente de compensação neurótica desenvolvido por um indivíduo como resultado de sentimentos de inferioridade”. Querer ser doutor sem ser. O Livro Sagrado tem outra explicação: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”.
               
 E-mail:[email protected]

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Centro Cultural Casa do Centro, do Zé Medeiros e Adia Borges, fecha as portas em Cuiabá. Desmonte da Cultura avança na capital de Mato Grosso

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O fotógrafo José Medeiros e sua esposa Adia Borges não conseguiram mais resistir. A sexta-feira, 3 de setembro de 2025, representou uma data trágica para o Centro Cultural Casa do Centro que eles comandavam na região da Praça da Mandioca, em Cuiabá. Mesmo que com uma noite festiva, marcada pelo som caloroso da banda Calorosa, neste 3 setembro a Casa do Centro, como o equilibrista daquela história, pediu licença – e despencou. Fechou suas portas. Partiu para um outro plano.

Manter espaços culturais como a Casa do Centro se tornou inviável em um Estado tão rico, tão cheio de grana, mas que prioriza investir seus recursos em rodeios e cavalgadas no interior, ou na construção em Cuiabá de um Parque Novo Mato Grosso, espaço preferencial para corridas de carros e de karts, e o desfile garboso de uma elite endinheirada. A lógica da Cultura no Estado, pelo que vejo, é a lógica do parque de diversão e, com isso, os projetos de diversidade como a Casa do Centro, que abria sua portas para mostras de arte, bandas e jovens cantores mato-grossenses, performances culturais e lançamentos de livros e muitos sonhos artísticos, parece que acabam ficando relegados ao último plano.

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Cadê os editais planejados para estimular e multiplicar centros de cultura, não só em Cuiabá mas em todas as regiões do Estado? A cultura em Mato Grosso virou uma espécie de garimpo em que o sertanejo parece que sempre vale mais pelos votos que é capaz de multiplicar.

Curioso é que o gabinete do parlamentar conhecido como “deputado da Cultura’ ostenta nas suas paredes belos e estilosos quadros do consagrado artista que é o fotógrafo Zé Medeiros. O gesto deveria sinalizar apreço pelas artes e respeito à memória cultural de Mato Grosso. No entanto, quando o assunto era fortalecer espaços culturais que sobrevivem a duras penas, como o Centro Cultural Casa do Centro, no coração do Centro Histórico de Cuiabá, o apoio não veio. As palavras e promessas do deputado Alberto Machado (UB), o Beto Dois a Um, que foi um artista musical antes de se tornar um político da situação, ficaram perdidas em algum espaço recôndito entre a Assembleia Legislativa e o Palácio Paiaguás.

O contraste entre a imagem cuidadosamente exibida no gabinete do político midiático e a ausência de políticas concretas para garantir a sobrevivência de instituições culturais revela uma contradição dolorosa. Não basta adornar paredes com obras de artistas locais: é preciso assegurar que espaços de resistência e de produção cultural tenham condições de existir e se multiplicarem. E todo mundo sabe da ascendência que Beto Dois a Um tem sobre os centros de poder neste Estado, espaços em que se definem os rumos dos investimentos culturais neste território mato-grossense. 

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A Casa do Centro, registre-se, lutou bravamente para manter suas portas abertas, oferecendo à capital e a todo Mato Grosso um espaço de memória, arte e convivência. O silêncio e a falta de ação diante da tocante fragilidade com que a Casa do Centro procurava dar concretude a suas utópicas propostas de aggiornamento, expõem o vazio do discurso oficial.

 

ENOCK CAVALCANTI, 72,  é jornalista e editor do blogue PÁGINA DO ENOCK, que ele edita a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009

Banda Calorosa, junto com Paulo Monarco e DJ Muluc, animou  a noitada de despedida da Casa do Centro. 3 de setembro de 2025

 

 

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