Cidadania
MINO CARTA – Espanta-me a trágica simbiose entre futebol e corrupção. Futebol e interesses torpes. Futebol e dinheiro imundo e exorbitante. Futebol e crime, para ser mais preciso. O fenômeno é mundial antes de ser brasileiro
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O futebol da bandalheira
por Mino Carta – da CARTACAPITAL
Já enxerguei no futebol o ópio do povo brasileiro, embora na adolescência chutasse com gosto não somente a bola, mas também tudo aquilo que se postava diante dos meus pés, inclusive pedras e latas, para desespero dos sapatos e da minha mãe. Que o futebol se prestou e se presta aos jogos da política e favoreceu e favorece o sossego dos herdeiros da casa-grande é inegável. Se Corinthians ou Flamengo ganham, a senzala exulta e esquece seus males.
Hoje a minha visão mudou. Espanta-me a trágica simbiose entre futebol e corrupção. Futebol e interesses torpes. Futebol e dinheiro imundo e exorbitante. Futebol e crime, para ser mais preciso. O fenômeno é mundial antes de ser brasileiro, é extraordinária, porém, a contribuição que alguns nativos ofereceram à metamorfose. João Havelange é primeiro motor, como diria Aristóteles, da transformação comandada do trono da Fifa, é o autor do big-bang.
Foi Havelange quem introduziu e consagrou as manobras, os ardis, as artimanhas pelas quais alguém pode manter o cetro e multiplicar a bandalheira por intermináveis mandatos, e, na hora da aposentadoria, fazer seu sucessor previamente treinado para a tarefa. No caso, o suíço Joseph Blatter. Para ficar em perfeita afinação com este esquema de poder, contamos no Brasil com Ricardo Teixeira, fortalecido pelo apoio do ministro Orlando Silva, com o possível condão de não perceber a diferença entre uma sociedade mafiosa e uma entidade honrada e competente.
O ministro talvez seja cidadão ingênuo. Temo, contudo, que se Totò Riina estivesse no lugar dos atuais próceres (aprendi a palavra ao ler, priscas eras, a Gazeta Esportiva e os monumentais comentários de Thomaz Mazzoni) certamente não faria melhor do que eles. Quero deixar claro que meu tempo de torcedor (do Palmeiras), encerrado ainda na juventude, remonta a uma fase do futebol mais ou menos romântica. Não me sai da memória uma foto que retrata Djalma Santos, finíssimo lateral-direito bicampeão do mundo (58 e 62), a caminhar para o vestiário com as chuteiras debaixo do braço enroladas em papel jornal.
Há motivos de sobra para que o futebol seja encarado como uma transcendência verde-amarela, foi desforra contra qualquer, eventual sentimento de inferioridade e consagração de um estilo único, com a contribuição da fibra longa da musculatura do negro e da quantidade desbordante dos praticantes. O jogador brasileiro foi um extraordinário produto de exportação já em época romântica e é em meio à lavagem atual, com uma pausa sensível nas décadas de 70 e 80.
Não convém iludir-se, no entanto. No Brasil e no mundo, a cartolagem tornou-se dona do futebol, com efeitos lamentáveis do ponto de vista técnico e tático, como sugeriria Mário Moraes, o comentarista- de 40 e mais anos atrás, parceiro de um locutor insuperável, Pedro Luiz, de sobrenome Paoliello. Jogava-se em primeiro- lugar pelo prazer, pela diversão, pelo espetáculo-. Pelo desafio. Hoje, em função da grana imponente, joga-se para ganhar a qualquer custo. Se for necessário, adequa-se o juiz às conveniências contingentes dos donos do poder. O prazer, a diversão, o espetáculo, o desafio, que se moam.
Há súbitas, inesperadas, milagrosas exceções, a atuação incomum de um craque transcendental, ou o Barcelona mágico de Pep Guardiola. A regra, contudo, é outra, e dentro dela, obviamente, é que se pretende organizar a Copa no Brasil no prazo de três escassos anos. Os evidentes atrasos na preparação do evento podem ser corrigidos e são menos determinantes nas preocupações de CartaCapital relativas aos riscos a que o Brasil se expõe.
Quando da vitória de Dilma Rousseff nas eleições do ano passado, não deixamos de fazer referência à má companhia em que se encontraria no momento de ser presidenta de um país campeão do mundo cinco vezes, chamado a organizar uma Copa depois de 62 anos. Renovamos o lembrete no momento em que os desmandos da Fifa de Blatter e dos seus apaniguados mais próximos e mais obedientes vêm à tona, a simbolizar o negócio escuso em que o futebol se tornou.
Não deixo, enfim, de retornar às linhas iniciais, para dizer da minha avassaladora irritação a irromper quando o herdeiro da casa-grande, acostumado a açoitar o herdeiro da senzala ao menos moralmente, esfola as palmas de tanto aplauso ao celebrar o gol do ex-escravo, transformado no gramado, e ali apenas, em herói da brasilidade.
Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. [email protected]
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ENTENDA O CASO
Romário convoca Teixeira para explicar denúncias de corrupção na Fifa
Presidente da CBF e do Comitê Copa foi acusado de vender votos na escolha da sede da Copa de 2018. Romário quer explicação sobre casos de corrupção envolvendo Teixeira
O ex-jogador Romário, atual deputado federal pelo PSB-RJ, convocou na última terça-feira (31/5) o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa (COL), Ricardo Teixeira, para explicar as recentes denúncias de corrupção de que o cartola tem sido alvo.
"Não tenho nada contra o presidente da CBF. Tenho até uma boa relação, não de amigo, mas uma boa relação. Mas a cada dia surgem novas acusações e acho pertinente a presença dele aqui para responder algumas questões", disse o ex-jogador de futebol.
A Comissão de Turismo e Esportes da Câmara dos Deputados, da qual Romário é vice-presidente, aprovou a convocação por unanimidade.
Teixeira e três membros do Comitê Executivo da Fifa foram acusados no domingo pelo ex-presidente da Federação Inglesa, David Triesman, de pedir favores em troca de votos para a escolha do país-sede da Copa de 2018, que acabou ficando com a Rússia.
Por falta de provas, a Fifa arquivou na segunda-feira as denúncias de "conduta inadequada e antiética", formuladas por Triesman, que presidiu da candidatura inglesa ao Mundial de 2018.
Nos últimos dias, a imprensa brasileira e internacional publicaram uma série de acusações feitas contra Teixeira, que seria integrante de uma máfia de corrupção no futebol mundial.
Romário afirmou que o Brasil enfrenta problemas em sua preparação para realizar a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
"A última coisa que o país precisa é de mais escândalos de corrupção para interferir no processo de andamento das obras e da qualificação profissional que esses grandes eventos esportivos exigem de um país-sede. Isso deveria ser feito com o respeito e a transparência que o povo brasileiro merece", disse o deputado.


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LUIZ CLÁUDIO: Devemos ouvir a população sobre VLT ou BRT


Luis
A troca do VLT pelo BRT
* Luiz Claudio
Em seu primeiro discurso, após receber o resultado da última eleição, o prefeito Emanuel Pinheiro deixou claro que a gestão do Município sempre estará disponível para debater todas as ações que melhorem a vida da população cuiabana. Acontece que, para que um debate realmente seja uma verdade, esse processo necessariamente deve cumprir etapas como argumentar, ouvir, analisar e, por fim, tomar uma decisão em conjunto.
Essas etapas, essenciais principalmente em assuntos que envolvem mais de 600 mil pessoas, até o presente momento, continuam sendo completamente negligenciadas pelo Governo do Estado de Mato Grosso. O recente caso da troca do Veículo Leve sobre Trilho (VLT) pelo Bus Rapid Transit (BRT) é um grande exemplo dessa dificuldade que a Prefeitura de Cuiabá tem encontrado quando se depara com demandas em que o Executivo estadual está envolvido.
Agora, depois de tomada uma decisão individualizada, se lembraram que existem as Prefeituras Municipais. Com convites para reuniões, as quais o Município não terá nenhuma voz, tentam criar um cenário para validar um discurso de decisão democrática que nunca existiu. Por meio da imprensa, acompanhamos declarações onde se é cobrada uma mudança de postura da Prefeitura de Cuiabá. Mas, qual é a postura que desejam da Capital? A de subserviência? Essa não terão!
Defendemos sim um diálogo. No entanto, queremos que isso seja genuíno. Um diálogo em que as decisões que envolvam Cuiabá sejam tomadas em conjunto e não por meio da imposição. De que adianta convidar para um debate em que já existe uma decisão tomada? Isso não passa de um mero procedimento fantasioso, no qual a opinião do Município não possui qualquer valor.
Nem mesmo a própria população, que é quem utiliza de fato o transporte público, teve a oportunidade de ser ouvida. Isso não é democracia e muito menos demonstração de respeito com aqueles que depositaram nas urnas a confiança em uma gestão. Por conta dessa dificuldade de diálogo foi que o prefeito Emanuel Pinheiro criou Comitê de Análise Técnica para Definição do Modal de Transporte Público da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá.
Queremos, de forma transparente, conhecer o projeto do BRT. Saber de maneira detalhada o custo da passagem, o valor do subsídio, tipo de combustível, e o destino da estrutura existente como os vagões do VLT e os trilhos já instalados em alguns pontos de Cuiabá e Várzea Grande.
Confiamos nesse grupo e temos a certeza de que ele dará um verdadeiro diagnóstico para sociedade. Mas, isso será feito com diálogo. Como deve ser! E é por isso que o próprio Governo do Estado também está convidado para participar das discussões, antes de qualquer parecer, antes de qualquer tomada de decisão. Como deve ser!
Assim, em respeito ao Estado Democrático de Direito, devemos ouvir a população que é quem realmente vai utilizar o modal a ser escolhido, evitando decisões autoritárias de um governo que pouco ou quase nada ouve a voz rouca das ruas.
* Luis Claudio é secretário Municipal de Governo em Cuiabá, MT
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