O melhor detergente é a luz do sol
Mauro Mendes mentiu. Juíza Olinda Altomare derrota governador falastrão e ressalta jornalismo arrojado de Pablo Rodrigo. LEIA DECISÃO
O melhor detergente é a luz do sol

Acho que demorou muito, mas o truculento governador de Mato Grosso, o engenheiro e empresário Mauro Mendes recebeu mais um tranco da Justiça. A Justiça de Mato Grosso, pelo que se tem percebido, em determinados casos, atuaria como uma espécie de puxadinho do Executivo. Existe sempre a percepção desses acordos por baixo dos panos, mas, no caso da juíza Olinda Altomare, não houve submissão. Quase dois anos depois de iniciada a disputa judicial, a 11ª Vara Cível de Cuiabá julgou improcedente, na segunda-feira (11/8/25), ação de indenização por danos morais que fora anunciada com grande alarde e estava sendo movida pelo governador de Mato Grosso, Mauro Mendes Ferreira (União Brasil), e seu filho, o também empresário Luis Antônio Taveira Mendes, contra o Jornal A Gazeta Ltda., a Gazeta Digital Ltda. e o jornalista Pablo Rodrigo Ramos de Souza Silva, que assina simplesmente Pablo Rodrigo. Mauro, como sempre, representado pelo escritório de advocacia dos Nishiyama e Pablo, defendido pelo ativo advogado de jornalistas André Matheus, do escritório carioca Flora, Matheus e Mangabeira.
O governador Mauro e seu filho patrocinam uma das ações mais surpreendentes que já pousaram nos escaninhos do Judiciário de Mato Grosso e buscavam nada mais nada menos que R$ 660 mil (seiscentos e sessenta mil reais ) por supostos danos causados a eles e seus familiares por reportagem assinada pelo jornalista Pablo Rodrigo que vinculou Luis Antônio a uma investigação da Polícia Federal dentro da chamada Operação Hermes, para apurar os envolvidos e as responsabilidades por tráfico ilegal de mercúrio em garimpos em diversas regiões do Brasil.
A juíza Olinda de Quadros Altomare, depois de analisar o processo aberto por Mauro Mendes, entendeu o óbvio, que a matéria, publicada no jornal A Gazeta, de Cuiabá, em 9 de julho de 2023, estava amparada no direito constitucional à liberdade de imprensa e não configurou abuso ou difamação, ao contrário do que tentou fazer crer o governador bolsonarista. “Os requeridos apenas e tão somente exerceram regularmente um direito que lhes é dado pela carta constitucional”, afirmou a juíza Olinda Altomare em sua decisão, tanto que, como ela mesma destaca, posteriormente, o filho de MM, o senhor Luís Antônio, de fato, tornou-se alvo de medidas cautelares na operação, conforme ampla divulgação feita pela própria Policia Federal.
Pablo Rodrigo, no texto em questão, revelou em primeiríssima mão, como orienta o bom jornalismo, que o filho do governador de Mato Grosso era um dos investigado pela Policia Federal por supostamente adquirir mercúrio ilegal por meio da empresa KIN Mineração Ltda, na qual ele teria interesse societário. Pablo, como se diz nas redações, deu o furo.
Depois que Pablo Rodrigo divulgou isso, Mauro Mendes, com apoio logístico de sua forte máquina administrativa – comandada pelos jornalistas Laíce Souza e Lucas Rodrigues, a partir da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado -, veio à boca de cena para esbravejar, sapatear, alegando que a publicação assinada por Pablo Rodrigo fora “sensacionalista e ofensiva”, cogitando até, de forma aparentemente delirante, que a reportagem fora baseada em “motivações alheias ao interesse jornalístico”. Mauro Mendes parece atuar mesmo como um exagerado, um descontrolado, dentro do modelito que os bolsonaristas vem consagrando. Diante dele, Júlio Campos se destaca como um gentleman. Até Zé Riva me pareceu sempre mais civilizado no trato com seus opositores. Mas como MM anda agora formando dupla com Abílio Brunini, o que se pode esperar?!…
A defesa do veículo e do repórter, falando no processo sob análise da juíza Altomare, negou qualquer má-fé, sustentando que a apuração seguiu padrões éticos rotineiros na prática jornalística e que o repórter Pablo Rodrigo teve contato com pessoas ligadas a investigação que confirmaram que Luis Antônio era alvo, além disso, citou que o inquérito demonstrava que a Kin Mineração também comprou mercúrio ilegal do Grupo Veggi e que o conteúdo foi confirmado pelos desdobramentos da operação.
Recordemos que, no seu destempero, no seu descontrole, com apoio de sua poderosa máquina de comunicação, o governador Mauro Mendes, conforme registrado pelo saite Midia News, em 12.7. 2023 – LEIA AQUI: MidiaNews | Mendes aciona A Gazeta na Justiça por matéria contra seu filho – , chegou a alegar que contava com testemunho de um delegado da Policia Federal, o senhor Danton Marinho, para “confirmar” a pretensa mentira de Pablo Rodrigo. A nota divulgada na época, além do ataque contra o repórter, também alegava pretensa chantagem que estaria sendo prática pelo empresário João Dorileo Leal, dono do Grupo Gazeta de Comunicação, contra o governador e seus familiares. Vale a pena reler a nota que, pelo que se constata na recente decisão judicial, parece que não passava de uma ousada mentira cabeluda distribuída pela gestão de Mauro Mendes, com aparente desfaçatez:
Confira a íntegra da nota:
“Sobre a matéria MENTIROSA, CALUNIOSA e CRIMINOSA, divulgada pelo Jornal A Gazeta, do último domingo (09), com o título “PF investiga filho do governador”, é necessário restabelece a verdade:
1. O delegado da Polícia Federal responsável pela Operação Hermes, Dr. Dalton Marinho, e a Justiça Federal certificaram que o meu filho, Luis Antonio Taveira Mendes, NÃO É INVESTIGADO PELA PF.
2. A Gazeta divulgou a matéria MENTIROSA uma semana após a agência DMD, do mesmo grupo familiar, perder a licitação de publicidade do Governo de Mato Grosso.
3. As MENTIRAS CRIMINOSAS divulgadas pela A Gazeta são objeto de processo indenizatório, já ajuizado, e também está sendo apurada a responsabilidade de todos os envolvidos no crime de calúnia.
4. Respeito o papel da imprensa séria, mas não aceitarei ataques COVARDES E CRIMINOSOS contra o Governo e a minha família”.
MAURO MENDES
GOVERNADOR DE MATO GROSSO
Voltando à sentença da juíza Olinda Altomare, anotar que a magistrada ressaltou em seu arrazoado (leia a íntegra no destaque) que, embora não houvesse confirmação oficial da investigação contra Luís Antônio na data da publicação, a posterior inclusão dele no caso validou a “veracidade substancial” da matéria. A magistrada fala em veracidade substancial porque certamente ela não entende de furo jornalístico. “Não se comprovou a inserção dolosa de informações falsas”, escreveu, citando jurisprudência do STJ e do TJMT que protege a imprensa ao veicular fatos de interesse público. Sim, Pablo Rodrigo dispunha de fontes confiáveis junto à PF e essas fontes falaram mais alto do que as mentiras assacadas pelo senhor Mauro Mendes e sua troupe de serviçais bem pagos.
Sobre o uso de imagens da família, a juíza considerou que não houve excesso, pois as fotos tinham “caráter ilustrativo” e não associaram Mauro Mendes diretamente às acusações. Quanto ao pedido de retratação e remoção das matérias da internet, formulada pela defesa do governador, a decisão da juíza Altomare foi igualmente negá-lo, por ela entender que não houve qualquer violação de direitos. Sim, a preocupação era informar o cidadão leitor, eleitor, contribuinte, que paga o salário do governador em questão e de toda a sua máquina administrativa.
Além de rejeitar a indenização, a juíza Olinda Altomare condenou Mauro Mendes e seu filho Luiz Antônio Mendes ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios equivalentes a 10% do valor da causa. Notar que, como se trata de uma decisão de primeira instância, os advogados de Luís Antônio e Mauro Mendes ainda podem recorrer e, conhecendo as peças, a gente pressupõe que eles o farão e o processo, mesmo se tratando de uma causa que entendemos perdida, pode ainda se arrastar por longo tempo. A conferir.
OPERAÇÃO HERMES APURA DESTRUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE
O repórter Lázaro Thor, no saite PNB On Line, informa que esta disputa entre Mauro Mendes e seu filho Luís contra Pablo Rodrigo e o conglomerado editorial de A Gazeta, teve início após a publicação da reportagem em versão impressa e digital, que citava supostas transações de R$ 301,9 mil em mercúrio envolvendo Luis Antônio. A reportagem foi assinada pelo repórter de política do jornal A Gazeta e correspondente da Folha de S.Paulo, o Pablo Rodrigo, “conhecido por furos de reportagem no Estado”. Recordar que Lázaro e Pablo formaram dupla para muitas apurações para Folha, Intercept Brasil, Congresso em Foco, etc.
À época, a Polícia Federal informou, via e-mail, não ter “conhecimento, em um primeiro momento” da vinculação dele à operação, mas, meses depois, pediu a prisão preventiva do empresário Luís Antônio Mendes – negada pela Justiça, que aplicou outras, todavia, outras medidas cautelares, como a prisão do seu passaporte que, pelo que consta, continua em vigor até a presente data, impedindo de ir à Disney, por exemplo, se for sua intenção.
ATAQUE A JORNALISTAS VALEU PEDIDO DE INTERVENÇÃO NO ESTADO
Cabe aqui recordar que estes insensatos ataques promovidos pelo governador Mauro Mendes contra jornalistas em Mato Grosso, como no caso de Pablo Rodrigo, e do jornal A Gazeta, de Cuiabá, levou a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) a pedirem, em agosto de 2023, à Procuradoria Geral da República (PGR) uma intervenção federal no Estado de Mato Grosso e o afastamento do governador por conta do recorrente ataques ao livre exercício do jornalismo com investigações contra jornalistas por reportagem envolvendo o gestor e seus familiares nos últimos meses.
No entendimento das entidades representativas dos profissionais do jornalismo, as ações promovidas contra nada menos que 15 jornalistas naquele ano, pela gestão de Mauro Mendes, através da Polícia Civil de Mato Grosso, questionando reportagens sobre atos do governo e de seus familiares, feriram a liberdade de imprensa, de expressão e, também, os preceitos mais elementares dos Direitos Humanos. Notem isso, MM era acusado de usar a estrutura da Policia Judiciária Civil do Estado para a perseguição a jornalistas e a jornais. E o Ministério Público Estadual e a OAB-MT, da advogada Gisela Cardoso, jamais deram um pio sobre este descalabro, anotem aí os cidadãos criteriosos.
“O exercício do jornalismo, portanto, requer que uma pessoa se envolva em atividades que estão definidas ou compreendidas na liberdade de expressão garantida na Convenção”, justifica o pedido. “Requer que esta douta Procuradoria Geral da República se digne em oferecer pedido de Intervenção Federal em desfavor do Estado de Mato Grosso, com consequente afastamento do Sr. Mauro Mendes Ferreira de sua função e cargo de governador, e a investigação e eventual responsabilidade dos envolvidos, após minuciosa apuração dos fatos descritos nesta denúncia, objetivando identificar o crime, materialidade e seus respectivos autores”, diz trecho do pedido protocolado precisamente na quinta-feira, 16 de agosto de 2023.
Entre os casos listados estão a abertura de inquérito policial através Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) contra os jornalistas Pablo Rodrigo, Ulisses Lalio, Daniel Pettengill e Haroldo Arruda Jr., por conta de reportagens que revelaram que o filho do governador, Luis Antônio Taveira Mendes era investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Hermes, bem como reportagens envolvendo o pedido de autorização para implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) por familiares e amigos do governador. O presidente do Grupo Gazeta de Comunicação, João Dorileo Leal, também é um dos processados pelo governador e sua família.
O pedido da Fenaj e Sindjor MT também cita o caso envolvendo o jornalista Alexandre Aprá, que foi perseguido por um detetive durante algumas semanas, onde ele afirmava que era contratado pelo governo para tentar incriminá-lo. Além desses casos, a Fenaj e Sindjor também elencaram a Operação Fake News contra Aprá e demais jornalistas e outras ações na justiça com pedidos de indenizações com alto valor. No caso do Pablo, como se viu, MM pediu 660 mil de indenização. Tudo por dinheiro?!
Além desses, a Federação cita outros jornalistas e comunicadores, como Victor Nunes, Maria Luiza Nogueira, Janice Ortis Ramos, Marco Polo Popó Pinheiro, Enock Cavalcanti, Edivaldo de Sá Teixeira, Rodrigo Gomes Vieira, Edina Ribeiro de Araújo, João Adevilson de Souza, Marcos Fabiano Peres Sales e Ari Dorneles Pereira. “Inviabilizar de que a notícia chegue à sociedade, rebaixando os atos de imprensa como um simples instrumento de “reprodução” de release dos órgãos públicos, afastaria por completo a independência critica e a liberdade de informar, dos veículos de comunicação” – destacou a denuncia submetida à analise do Ministério Público Federal.
Evidentemente, que há muito ainda que se detalhar e escrever sobre a conflituosa relação do ocasionalmente poderoso governador Mauro Mendes com os jornalistas. Este é só um rápido apanhado, motivado pela auspiciosa decisão da juíza Olinda Altomare. No caso da pretensa chantagem alegada do empresário João Dorileo Leal contra MM e sua gestão, uma explosão de reportagens investigativas contra o governo do Estado ganharam projeção nos veículos do grupo, tão logo a acusação ganhou mídia. Mas com o passar do tempo, se falou em acordo de bastidores, os canhõrar tames do Dorileo se calaram, e essa é uma história que precisa ainda ser melhor contada, esmiuçada, mas quem sou eu, em fase de encarquilhamento. Lembrar também que, em período anterior ao pedido de indenização, muito se falou de um forte tapa no peito do Pablo Rodrigo, que Mauro Mendes fora acusado de aplicar. Evoé, jovem jornalista! Vai que é tua!
ENOCK CAVALCANTI, 72, é jornalista e editor solitário do blog PAGINA DO ENOCK, publicado a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009.

Pablo Rodrigo, jornalista, Olinda Altomare, juiza de Direito e Mauro Mendes, governador de MT, no blogue do Enock Cavalcanti


O melhor detergente é a luz do sol
EDMUNDO LIMA DE ARRUDA JR: Na sucessão de Barroso, Lênio Streck desnivela qualquer outro candidato para vaga no STF

Não há dúvidas. Lênio Streck é hoje o jurista mais preparado para os desafios naquele padrão Supremo. O STF merece nomes do mais alto nível entre nossas mentes na área do Direito.
A escolha é política e causa uma mistura de surpresa e espanto ao pipocar de nomes: o Advogado geral da União, Jorge Messias, preparadíssimo, parece forte, mas ainda consolidando seu nome no meio jurídico.
A Janja quer, por critérios de amizade, Carol Proner, esposa de Chico Buarque, pouco expressiva em trabalhos com a técnica jurídica e na teoria da hermenêutica constitucional.
Lenio talvez seja grande demais para merecer a confiança de Lula num contexto no qual nosso presidente já se decepcionou com muitas de suas escolhas e se vê pressionado por uma militância conhecida… .
Lênio desnivela qualquer outro candidato, por melhor seja o currículo de muitos disponíveis, por erudição, produção acadêmica e técnica, visão crítica, múltiplas capacidades no raciocínio jurídico, sobretudo, pela coragem e criatividade nos fundamentos da interpretação constitucional.
Em cinco anos produziria uma revolução na nossa mais alta Corte.
Edmundo Arruda, sociólogo e jurista, nascido em Cuiabá, MT, vive há tempo em Florianópolis, SC

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