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O melhor detergente é a luz do sol

A pedido de jornalistas, Fenaj notifica Ministério da Justiça e OAB nacional sobre suspeição do TED de MT em julgar advogada Wellen Lopes

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O melhor detergente é a luz do sol

 

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) notificou o Ministério da Justiça e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em âmbito nacional, para que acompanhem de perto o julgamento da advogada Wellen Cândido Lopes, que será realizado no próximo dia 30 de maio, no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da seccional da Ordem em Mato Grosso (OAB-MT). A jurista é alvo de uma investigação no órgão, por conta de sua atuação no caso envolvendo o jornalista Leonardo Heitor, denunciado por 10 colegas de profissão por supostos crimes sexuais, em 2019.

Leonardo Heitor era acusado de crimes como assédio, importunação sexual e até mesmo estupro, tendo já arquivado oito das dez denúncias feitas contra ele. No entanto, a delegada responsável pelas investigações na Delegacia Especializada da Mulher de Cuiabá, Nubya Beatriz Gomes dos Reis, na ocasião, concedeu diversas entrevistas emitindo juízo de valor sobre o caso, tendo ainda promovido a prisão de Leonardo Heitor no Aeroporto Marechal Rondon, contando inclusive com apoio de veículos de imprensa que registraram o episódio.

Após um ano de andamento do caso (2020), na época com sete casos arquivados e que atualmente já são oito, o jornalista pediu para produzir uma nota, esclarecendo os fatos, tendo contado com a orientação jurídica de sua advogada, responsável pela reviravolta no julgamento. A nota pública, distribuída aos veículos de imprensa de Mato Grosso, trazia os desdobramentos sobre as ações envolvendo Leonardo Heitor, além de noticiar um pedido de abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra a delegada, na Corregedoria da Polícia Civil.

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Por conta disso, Wellen Cândido Lopes foi acionada juridicamente pela delegada em um processo criminal por suposto crime de calúnia, ocasião em que a delegada Nubya pleiteava a retirada das reportagens que informavam sobre seu PAD na Corregedoria da Polícia Civil, sob pena de prisão dos repórteres em caso de descumprimento, bem como arrolou os repórteres para serem ouvidos em audiência. O pedido de liminar foi indeferido pelo Judiciário. Na esfera administrativa foi aberta uma representação disciplinar no TED da OAB-MT, órgão este que agendou o julgamento da advogada para o próximo dia 30 de maio. No entanto, os responsáveis por conduzirem o procedimento contra a jurista possuem interesse direto no resultado do mesmo, já que atuam diretamente em uma ação judicial que envolve um outro cliente, também jornalista, da profissional do Direito.

Trata-se da ação envolvendo o jornalista Alexandre Aprá, que tem como partes o publicitário Ziad Fares, proprietário da ZF Comunicação, a primeira dama de Mato Grosso, Virginia Mendes, além do próprio governador Mauro Mendes. Os advogados que atuam na defesa da agência de publicidade e seu gestor, assim como o jurista que defende o chefe do Palácio Paiaguás, são integrantes da gestão da OAB-MT, ocupando cargos estratégicos e atuando de forma direta no julgamento.

No Poder Judiciário, em situações semelhantes a estas, magistrados declaram suas suspeições de ofício, evitando-se assim um julgamento parcial e movido por interesses pessoais. No entanto, os advogados que integram a atual gestão da seccional de Mato Grosso da OAB, não se declararam suspeitos para julgar o caso, como têm constantemente acessado os autos do processo, envolvendo Alexandre Aprá, Ziad Fares, Virginia Mendes e Mauro Mendes. A primeira-dama, inclusive, postou em suas redes sociais, à ocasião da eleição para a presidência da OAB-MT, seu apoio à candidatura da atual gestora da Ordem, Gisela Cardoso. A própria OAB- MT é cliente da agência de publicidade ZF Comunicação de propriedade de Ziad Fares.

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Uma das possíveis punições a Wellen, em caso de condenação, é uma suspensão, o que pode vir a impedí-la de de atuar no caso de Aprá na audiência prevista para o mês de junho. Por tudo isso, o jornalista Aprá, assim como seu colega de profissão, Leonardo Heitor, acionaram a Fenaj pedindo providências sobre o julgamento. A entidade acatou a solicitação e notificou o Ministério da Justiça e a OAB em âmbito nacional, para que acompanhem a tramitação do caso que envolve a suspeição da OAB/MT na condução do processo disciplinar que envolve a advogada Wellen Candido Lopes.

A diretoria do Tribunal de Ética e Disciplina da seccional de Mato Grosso da OAB é formado, atualmente, pelos advogados Jorge Luiz Miraglia Jaudy (presidente), Antônio Luiz Ferreira da Silva (vice-presidente), Marcos Vinicius Nunes Ramalho (secretário geral) e Cristiano Alcides Basso (secretário adjunto). O TED conta, ainda, com onze turmas de advogados que atuam como membros relatores. Na OAB todas as funções são exercidas de forma voluntária para defesa e garantia dos interesses e responsabilidades profissionais de toda a categoria dos advogados.

 

A advogada Gisela Alves Cardoso (à direita), atual presidente da OAB MT, contou com apoio entusiasmado do governador Mauro Mendes e de sua esposa, a senhora Virginia Mendes, no processo que resultou em sua consagração para o comando da entidade representativa de todas advogadas e advogados mato-grossenses. Foto Arquivo

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Centro Cultural Casa do Centro, do Zé Medeiros e Adia Borges, fecha as portas em Cuiabá. Desmonte da Cultura avança na capital de Mato Grosso

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O fotógrafo José Medeiros e sua esposa Adia Borges não conseguiram mais resistir. A sexta-feira, 3 de setembro de 2025, representou uma data trágica para o Centro Cultural Casa do Centro que eles comandavam na região da Praça da Mandioca, em Cuiabá. Mesmo que com uma noite festiva, marcada pelo som caloroso da banda Calorosa, neste 3 setembro a Casa do Centro, como o equilibrista daquela história, pediu licença – e despencou. Fechou suas portas. Partiu para um outro plano.

Manter espaços culturais como a Casa do Centro se tornou inviável em um Estado tão rico, tão cheio de grana, mas que prioriza investir seus recursos em rodeios e cavalgadas no interior, ou na construção em Cuiabá de um Parque Novo Mato Grosso, espaço preferencial para corridas de carros e de karts, e o desfile garboso de uma elite endinheirada. A lógica da Cultura no Estado, pelo que vejo, é a lógica do parque de diversão e, com isso, os projetos de diversidade como a Casa do Centro, que abria sua portas para mostras de arte, bandas e jovens cantores mato-grossenses, performances culturais e lançamentos de livros e muitos sonhos artísticos, parece que acabam ficando relegados ao último plano.

Leia Também:  SOCIÓLOGO RICARDO ANTUNES: É imperioso destacar que as consequências da pandemia foram e ainda são abissalmente desiguais e diferenciadas, quando se tem o acento de classe. Basta lembrarmos que foi nas periferias que as trabalhadoras negras e os trabalhadores negros, além das comunidades indígenas, sofreram os mais altos índices de letalidade por Covid-19

Cadê os editais planejados para estimular e multiplicar centros de cultura, não só em Cuiabá mas em todas as regiões do Estado? A cultura em Mato Grosso virou uma espécie de garimpo em que o sertanejo parece que sempre vale mais pelos votos que é capaz de multiplicar.

Curioso é que o gabinete do parlamentar conhecido como “deputado da Cultura’ ostenta nas suas paredes belos e estilosos quadros do consagrado artista que é o fotógrafo Zé Medeiros. O gesto deveria sinalizar apreço pelas artes e respeito à memória cultural de Mato Grosso. No entanto, quando o assunto era fortalecer espaços culturais que sobrevivem a duras penas, como o Centro Cultural Casa do Centro, no coração do Centro Histórico de Cuiabá, o apoio não veio. As palavras e promessas do deputado Alberto Machado (UB), o Beto Dois a Um, que foi um artista musical antes de se tornar um político da situação, ficaram perdidas em algum espaço recôndito entre a Assembleia Legislativa e o Palácio Paiaguás.

O contraste entre a imagem cuidadosamente exibida no gabinete do político midiático e a ausência de políticas concretas para garantir a sobrevivência de instituições culturais revela uma contradição dolorosa. Não basta adornar paredes com obras de artistas locais: é preciso assegurar que espaços de resistência e de produção cultural tenham condições de existir e se multiplicarem. E todo mundo sabe da ascendência que Beto Dois a Um tem sobre os centros de poder neste Estado, espaços em que se definem os rumos dos investimentos culturais neste território mato-grossense. 

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A Casa do Centro, registre-se, lutou bravamente para manter suas portas abertas, oferecendo à capital e a todo Mato Grosso um espaço de memória, arte e convivência. O silêncio e a falta de ação diante da tocante fragilidade com que a Casa do Centro procurava dar concretude a suas utópicas propostas de aggiornamento, expõem o vazio do discurso oficial.

 

ENOCK CAVALCANTI, 72,  é jornalista e editor do blogue PÁGINA DO ENOCK, que ele edita a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009

Banda Calorosa, junto com Paulo Monarco e DJ Muluc, animou  a noitada de despedida da Casa do Centro. 3 de setembro de 2025

 

 

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