O melhor detergente é a luz do sol
“Luciene”, filme focado em Luciene Carvalho e sua obra poética, foi vencedor do 20º Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, o Cinemato
O melhor detergente é a luz do sol

Filmes vindos de várias regiões do Brasil e de Mato Grosso foram premiados em 23 categorias; Luciene e Loop, foram consagrados os melhores filmes de Longa-Metragem na opinião do júri oficial e popular, respectivamente
Os longas-metragens “Luciene”, de Juliana Curvo e “Loop”, de Bruno Bini, venceram a categoria de Melhor Filme pelos Júri Oficial e Popular, respectivamente. Na categoria Melhor Curta, “Adelaide: Aqui não há segunda vez para o erro”, de Anna Zêpa (SP), foi consenso entre júri e público.
Lançado em 2020, o filme de Juliana Curvo ousa ao expor o processo de construção de um documentário sobre a poeta mato-grossense Luciene Carvalho e a fronteira entre documental o real (resquícios dele) ou aquilo que se conta (inventa-se). Assim, o filme aborda do autobiográfico e da autoficção no encadeamento narrativo da autorrepresentação documental.
Já Loop, uma ficção científica, revela a história de Daniel (Bruno Gagliasso), que após a morte de sua namorada, fica obcecado com a ideia de voltar no tempo para evitar a tragédia. O estudante de Física se deixa consumir pela sua própria obsessão até que após anos de isolamento, ele encontra a solução. Daniel então vira as costas para o seu futuro e volta ao passado.
O idealizador do festival, o pesquisador de Cinema e cineasta, Luiz Borges, considerou que a 20ª edição foi uma das melhores da história do festival. “O formato online viabilizou que entusiastas do cinema brasileiro que moram em outros países, tivessem acesso à programação. Registramos espectadores em Portugal, Austrália, Japão, Estados Unidos, Chile, Argentina, Uruguai e Guatemala, entre outros”.
O número de público também foi celebrado. “Essa janela nunca antes experimentada por nós, possibilitou a ampliação de público para as sessões. Diariamente tivemos mais de 1 mil acessos por dia, gente ávida por conteúdos brasileiros e por conhecer as produções mato-grossenses. Isso comprova a importância desse trabalho de mostrar a diversidade cultural brasileira e incentivar cada vez mais a produção de filmes no Brasil e em especial, em Mato Grosso”, disse Luiz à ocasião da cerimônia de encerramento, disponível para visualização no canal do Festival Cinemato no YouTube.
Ele pontuou ainda as atividades paralelas. “Foram duas semanas coroadas também, pela realização de oficinas que ou introduziram jovens na cadeia produtiva, ou proporcionaram reciclagem de profissionais. Nossa equipe celebra a retomada do festival”.
O secretário de Estado de Cultura, Esportes e Lazer (Secel-MT), Beto Dois a Um, congratulou o realizador do festival pela 20ª edição do Cinemato. “É uma grande honra participar, de alguma forma, de um evento tão importante para a cultura e para nosso Estado. Conheço muitos profissionais que nasceram desse processo cultural, que é o festival. Ver a Lei Aldir Blanc se materializando na construção de algo tão grandioso para o audiovisual mato-grossense me deixa realizado”.
Beto renovou o entusiasmo da equipe Cinemato ao declarar que vai colaborar para que o projeto da 21ª edição saia do papel, para que o festival não tenha sua continuidade comprometida.
Diante da grande contribuição do festival para a formação e ampliação de plateia para o Cinema do Brasil, Mato Grosso e Cuiabá, o Cinemato foi homenageado por duas iniciativas em nível municipal e estadual. A vereadora Edna Sampaio e o deputado estadual Alan Kardec concederam Moção de Aplausos ao Cinemato. O anúncio foi feito na cerimônia de premiação e encerramento.
A 20ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, Cinemato, foi realizada com recursos de edital da Lei Aldir Blanc realizado pelo Governo de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer (Secel-MT), em parceria com o Governo Federal, via Secretaria Nacional de Cultura do Ministério do Turismo.
Contou ainda com apoio da Assembleia Legislativa Mato Grosso – via Assembleia Social -, da Universidade Federal de Mato Grosso (IGHD/UFMT), Cineclube Coxiponés e Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT), Laboratório de Comunicação e Cultura – A Lente e Inca – Inclusão, Cidadania e Ação, Latitude Filmes, Cena Onze e Cine Teatro Cuiabá.
Compuseram a equipe de produção da 20ª edição do Cinemato: Diego Baraldi (programador), Duflair Barradas, Gisela Magri, Isabela Sanders, Ângela Coradini, Jonas Félix, Fabiano, Leila Sayuri, Lidiane Barros, Marianna Marimon, Naire (Ser Digital), Rafael Alfonso, Rafaella Lerer, Robson Silva, Rosivaldo, Wesley e Yuri Kopcak.
Confira os vencedores:
Prêmio Júri Oficial de Longas-Metragens
Melhor Filme: Luciene (de Juliana Curvo);
Melhor Ator: Gustavo Machado (A Batalha de Shagri-Lá);
Melhor Pesquisa Histórica: Barão de Melgaço (de Leonardo Sant’Anna);
Melhor Roteiro: Severino Neto (A Batalha de Shangri-Lá);
Melhor Uso de Material de Arquivo: Diretas Já (Marcelo Santiago e Rodrigo Piovezan);
Prêmio Especial do Júri Pela Revelação do Protagonismo Feminino: Mata Grossa (Tati Mendes e Amauri Tangará).
Prêmio Júri oficial de Curtas-Metragens
Melhor Curta-Metragem: Adelaide: Aqui não há segunda vez para o erro, de Anna Zêpa (SP)
Melhor Fotografia: Robert Coelho, por O Buraco (AM)
Melhor Atriz: Jocê Mendes, por O Buraco (AM)
Melhor Direção e Montagem: Atordoado, Eu Permaneço Atento, de Henrique Amud e Lucas Rossi (RJ)
Prêmio Descoberta do Olhar: Luis Humberto: O Olhar Possível (Mariana Costa e Rafael Lobo – DF)
Menção Honrosa de Re-existência: Larissa Nepumoceno por Seremos Ouvidas (PR)
Menção Honrosa de Re-existência: Danielle Bertolini por Pi´õrómnha ma´ubumrõi´wa – Mulheres Xavante Catadoras de Sementes (MT)
Menção Honrosa de Solução de Linguagem: Lá Fora – de Guilherme Telli (SP)
Júri Popular Mostra de Curtas-Metragens
Adelaide: aqui não há segunda vez para o erro, de Anna Zêpa (SP)
Júri Popular Mostra de Longas-Metragens
Loop, de Bruno Bini
Prêmio Júri Popular – Mostras temáticas
Mostra Filmes do Mato
Melhor Curta-Metragem: O menino e o ovo, de Juliana Capilé
Melhor Série: O Pantanal e outros Bichos (Episódio 3), de Amauri Tangará
Melhor Telefilme: As Cores que Habitamos, de Marithê Azevedo
Mostra Centro-Oeste
Melhor Curta-Metragem: Do outro lado, de David Murad (DF)
Melhor Longa-Metragem: Sísmico, de Severino Neto e Rafael de Carvalho (MT)
Mostra Filmes da Resistência
Melhor Curta-Metragem: Castanhal, de Marques Casara e Rodrigo Simões Chagas (SP)
Melhor Longa-Metragem: Limiar, de Coraci Ruiz (SP)
Da Assessoria


O melhor detergente é a luz do sol
Centro Cultural Casa do Centro, do Zé Medeiros e Adia Borges, fecha as portas em Cuiabá. Desmonte da Cultura avança na capital de Mato Grosso

O fotógrafo José Medeiros e sua esposa Adia Borges não conseguiram mais resistir. A sexta-feira, 3 de setembro de 2025, representou uma data trágica para o Centro Cultural Casa do Centro que eles comandavam na região da Praça da Mandioca, em Cuiabá. Mesmo que com uma noite festiva, marcada pelo som caloroso da banda Calorosa, neste 3 setembro a Casa do Centro, como o equilibrista daquela história, pediu licença – e despencou. Fechou suas portas. Partiu para um outro plano.
Manter espaços culturais como a Casa do Centro se tornou inviável em um Estado tão rico, tão cheio de grana, mas que prioriza investir seus recursos em rodeios e cavalgadas no interior, ou na construção em Cuiabá de um Parque Novo Mato Grosso, espaço preferencial para corridas de carros e de karts, e o desfile garboso de uma elite endinheirada. A lógica da Cultura no Estado, pelo que vejo, é a lógica do parque de diversão e, com isso, os projetos de diversidade como a Casa do Centro, que abria sua portas para mostras de arte, bandas e jovens cantores mato-grossenses, performances culturais e lançamentos de livros e muitos sonhos artísticos, parece que acabam ficando relegados ao último plano.
Cadê os editais planejados para estimular e multiplicar centros de cultura, não só em Cuiabá mas em todas as regiões do Estado? A cultura em Mato Grosso virou uma espécie de garimpo em que o sertanejo parece que sempre vale mais pelos votos que é capaz de multiplicar.
Curioso é que o gabinete do parlamentar conhecido como “deputado da Cultura’ ostenta nas suas paredes belos e estilosos quadros do consagrado artista que é o fotógrafo Zé Medeiros. O gesto deveria sinalizar apreço pelas artes e respeito à memória cultural de Mato Grosso. No entanto, quando o assunto era fortalecer espaços culturais que sobrevivem a duras penas, como o Centro Cultural Casa do Centro, no coração do Centro Histórico de Cuiabá, o apoio não veio. As palavras e promessas do deputado Alberto Machado (UB), o Beto Dois a Um, que foi um artista musical antes de se tornar um político da situação, ficaram perdidas em algum espaço recôndito entre a Assembleia Legislativa e o Palácio Paiaguás.
O contraste entre a imagem cuidadosamente exibida no gabinete do político midiático e a ausência de políticas concretas para garantir a sobrevivência de instituições culturais revela uma contradição dolorosa. Não basta adornar paredes com obras de artistas locais: é preciso assegurar que espaços de resistência e de produção cultural tenham condições de existir e se multiplicarem. E todo mundo sabe da ascendência que Beto Dois a Um tem sobre os centros de poder neste Estado, espaços em que se definem os rumos dos investimentos culturais neste território mato-grossense.
A Casa do Centro, registre-se, lutou bravamente para manter suas portas abertas, oferecendo à capital e a todo Mato Grosso um espaço de memória, arte e convivência. O silêncio e a falta de ação diante da tocante fragilidade com que a Casa do Centro procurava dar concretude a suas utópicas propostas de aggiornamento, expõem o vazio do discurso oficial.
ENOCK CAVALCANTI, 72, é jornalista e editor do blogue PÁGINA DO ENOCK, que ele edita a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009

Banda Calorosa, junto com Paulo Monarco e DJ Muluc, animou a noitada de despedida da Casa do Centro. 3 de setembro de 2025
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