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O melhor detergente é a luz do sol

TRISTES TRÓPICOS: Mato Grosso terá apenas candidatos da direita ao Governo em 2026

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O melhor detergente é a luz do sol

                  Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem.   (V.I. Lenin, pensador russo)

Pivetta, Balbinotti, Wellington, Jayme Campos, Natasha… O cenário que se desenha em Mato Grosso para a disputa da sucessão do bolsonarista Mauro Mendes, em 2026, é um cenário tétrico para a esquerda mato-grossense – se é que ainda existe uma esquerda mato-grossenses.

(Imagino que sempre sobreviverão aqueles que sonham com liberdade e com uma sociedade sem patrão. Então, dói pensar na orfandade e na falta de horizontes para esses homens e mulheres de boa vontade.)

O ideário socialista parece que há muito tempo saiu de cartaz por essas bandas. Restou o discurso manipulador de uma elite partidária que se acha espertalhona. Sim, a história de toda a sociedade até aqui é a história de lutas de classes. Uma luta ferrenha, em muitos momentos, mas marcadas, em algumas etapas, pela adesão acovardada daqueles que estão por baixo àqueles que estão por cima.

A eleição, como se sabe, nunca foi o mais importante para os da pesada, aqueles que viveram e lutaram para desdobrar os ideais do marxismo-leninismo. Mas a luta e a organização popular, em Mato Grosso, pelo que percebo, tem sido atrelados, nos anos recentes, a um eleitoralismo desavergonhado – e o que se tem é só o tédio dos sobreviventes da esquerda que são como a Viúva Porcina, das histórias do dramaturgo Dias Gomes, “aquela que foi sem nunca ter sido”.

Os candidatos que estão se apresentando agora, por exemplo, com a disputa de 2026 em perspectiva, são todos da direita e, no Estado hegemonizado pelo Agro, é o Agro quem dá as cartas, sem que o proletariado subalternizado consiga contar com uma digna opção político partidária. O período, portanto, é de descenso e não desponta, até aqui, qualquer tipo de resistência que questione este status quo.

As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força intelectual dominante. Então, parece natural, para muitos, que o Agro domine e impulsione a política em Mato Grosso. Porém, como este domínio é restritivo, uma força de resistência deveria surgir. E até agora não surgiu.

Desde 2022, quando o PT e o deputado Lúdio Cabral se subordinaram ao ruralista Carlos Fávaro e ao marqueteiro Antero Paes de Barros, na disputa pela Prefeitura da capital, que a derrocada da esquerda do PT ficou evidente. Um olhar sobre as demais legendas ditas de esquerda mostra cenário de semelhante derrocada. Conclui-se, portanto, que nenhuma resistência às forças dominantes virá daí.

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O PDT, que sempre teve postura de partido de aluguel no Estado, foi transformado, na recente eleição municipal, em linha auxiliar do grupo político de Emanuel Paletó Pinheiro, que nomeou seu delegado Chico Vuolo para atuar como capataz na surrada legenda brizolista.

A Rede Solidariedade, da ministra Marina Silva, é como um fantasma a tentar sobreviver nesse Cerrado tomado pelas plantações de soja, algodão e milho e pela multiplicação das Pequenas Centrais Elétricas que vão destruindo os rios mato-grossenses e garantindo a multiplicação da fortuna dos agro boys. A Rede, que já teve o advogado e polemista Sebastião Carlos detonando a senadora bolsonarista juiza Selma Arruda, hoje se limita a funcionar como um puxadinho do PT da CNB, onde o deputado estadual Valdir Barranco e a ex-deputada Rosa Neide usam e abusam da arte da conciliação de classes.

O PSB, que fora controlado em passado recente por Mauro Mendes, Flávio Garcia e Eduardo Botelho, conseguiu piorar esse receituário e passou para as mãos do deputado Max Russi, atual presidente da Assembleia Legislativa, que, como que para demonstar a força de suas convicções esquerdistas, ironicamente está largando o PSB e assumindo o controle do Podemos, um partido de perfil bolsonarista. Veja ai a quantas anda o compromisso ideológico dos socialistas mato-grossenses.

Mas não pensem que, sem o blefe do Max Russi, o PSB voltará ao campo da esquerda, já que agora se submeterá ao controle do ex-governador Zé Pedro Taques, um direitista que, depois de fragorosamente derrotado nas urnas em 2022, quando passeava pelo Solidariedade, depois de usar o PDT e o PSDB, volta à arena eleitoral com ares de “madalena arrependida”.

Dificil para o Zé Pedro erguer a cabeça depois do fiasco que foi a sua gestão marcadamente direitista à frente do Estado, maculada por infâmias como o Escândalo da Grampolândia, e pela Secretária de Educação que virou alvo da Polícia ao servir de palco para aventuras financeiras de um dos setores da notória família cuiabana dos Malufs.

O PSOL – Partido do Socialismo e da Liberdade , que fora insistentemente usado pelo Procurador Mauro Lara, para se fingir de partido que não fazia conchavo com as legendas mais tradicionais e corruptas da política mato-grossense, de repente, perdeu a sua cabeça. O procurador Mauro, que no passado pregou tanto contra os Barões do Agro, agora resolveu tentar buscar uma cadeira de parlamentar em Brasília a qualquer preço – e anunciou que vai trocar o PSOL que ele sempre comandou de forma sectária, pelo PSD do ruralista Fávaro.

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A virgem eleitoral de antigamente resolveu, quem sabe, mergulhar agora no puteiro das agremiações partidárias da Ordem buscando se consolidar como um político como aqueles que ele gastou tantos anos de sua vida denunciando. E houve tantos eleitores que chegaram a acreditar nesse blefe do Procurador Mauro, um dos muitos blefes que a esquerda mato-grossense vendeu para o seu eleitorado.

Pivetta, Balbinotti, Jayme Campos, Wellington e Natasha…Não serão esses candidatos certamente que levarão às ruas uma campanha que denuncie e enfrente o Agro e os malefícios que essa força politica e econômica vem espalhando sobre Mato Grosso e sobre todo o Brasil, através da violenta concentração da riqueza. O Agro é de direita e não é à toa que a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 teve como alguns de seus mais fortes financiadores, muitos dos ricos empresários do Agro mato-grossense.

O coração do Agro golpista bate em Mato Grosso e é este Estado, justamente, que está servindo de laboratório para uma experiência programada e decidida pelo próprio presidente Lula, da convivência entre os barões da Agro e os políticos ditos de esquerda.

Líderanças ligadas à organização popular e ao sindicalismo são deixadas de lado, desvalorizadas, pisoteadas, enquanto o gado esquerdista vai sendo arrastado para apoiar nomes como Pivetta, Wellington…políticos que já transitaram por partidos e campanhas da esquerda e que agora voltam a hegemonizar a disputa eleitoral pelo Governo do Estado visando 2026. Sim, Wellington que agora se apresenta como bolsonarista de raiz já foi apaixonadamente defendido por militantes do PT, do PC do B, do PSB, como uma opção pretensamente de esquerda para o comando da máquina pública de Mato Grosso.

O tempo passa, o tempo voa, os subalternizados continuam subalternizados…mas as lideranças petistas, pedetistas, pretensamente socialistas, continuam trabalhando pela conciliação, acomodados nas frações de poder que preservam, claro, as suas mordomias. A frente ampla lulista, que desmorona no plano nacional, aqui em Mato Grosso, se configura ainda mais desanimadora. Por isso concluo que o cenário é tétrico. Quem é que pensa e sonha à esquerda?! À esquerda, o que existe é um vazio imenso. No meio dessa escuridão, falta-nos, certamente, um Sendero Luminoso, uma Brigada Vermelha, uma perdida fração da Vanguarda Popular Revolucionária…

ENOCK CAVALCANTI, 72, jornalista, é editor do blogue PAGINA DO ENOCK, publicado a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009.

Jayme, Wellington Natasha, Balbinotti e Pivetta – a direita dá as cartas na eleição em Mato Grosso

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ENOCK CAVALCANTI: A bosta do governo de Mauro Mendes em Mato Grosso está exposta nas redes

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A bosta do governo de Mauro Mendes está exposta nas redes

Enock Cavalcanti

Sim, a atividade política, no Brasil, tem sempre um tom de pornografia. À direita e à esquerda. Os eleitores que se lasquem, já que os políticos que temos, em sua maioria, não se preocupam com as exposições vexatórias, eles querem mesmo é faturar, ajuntar tesouros na terra, talvez, quem sabe,para esquecer a própria insignificancia deles mesmos como seres humanos. Homens mercadorias.

Em Mato Grosso, então, tudo parece que fica mais constrangedor. Nestes últimos dias, as atividades governamentais do empresário Mauro Mendes tem sido traduzidas, nas redes, nas manchetes, nas conversas de botequins, nas piadas de alcova, através de palavrões. Palavras de baixo calão para resumir uma confusa experiência de sete anos de governo.

Vejam que nosso governador bolsonarista disparou xingamentos contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, aquele que fugiu para os Estados Unidos para tentar tramar, com Trump, um golpe contra as instituições democráticas em nosso País, já que a intentona de 8 de janeiro de 2023 restou apenas como uma trama tabajara.

Mauro Mendes está certo, penso eu, tentando ser livre ao pensar. Eduardo Bolsonaro só fala e faz merda lá no centro do império americano, e financiado pelos contribuintes brasileiros, já que segue ganhando seus proventos como deputado federal. Um acinte. Uma situação vexatória, pornográfica.

Lá dos Estados Unidos, Eduardo respondeu e sugeriu que Mauro Mendes é que é um bosta, um frouxo, um governador que não honra as calças que veste, já que xinga a ele, o filho do ex-presidente Bolsonaro, enquanto trabalha duramente para herdar os votos do gado que Bolsonaro agregou em Mato Grosso, terra onde o bolsonarismo parece ter encontrado um vasto pasto,

O que dizer desses homens e dessas mulheres que respaldam, com seus votos, personalidades políticas aparentemente forjadas na torpeza, como Mauro Mendes e Eduardo Bolsonaro? O grande desafio da política brasileira será, então, decifrar e compreender como funciona a cabeça de um patriotário que vota hoje no candidato que uma vez eleito irá amanhã, quando tiver poder, pisotear no destino deste patriotário. Dificil explicar essa fé cega, essa faca amolada sempre a ameaçar a esquerda em nossa sociedade. Alguém me diz que tem tudo a ver com uma competente manipulação da fé dessas pessoas nos designios do Deus Jeová, mas as evidencias não são tão óbvias assim. Há patriotários apegados às mais diversas crenças religiosas.

O fato é que a bosta do governo de Mauro Mendes está exposta nas redes para quem quiser saber dela. O assunto não é amplamente debatido na mídia regional porque a mídia regional recebe farta grana das instituições públicas para justamente evitar aprofundar a reflexão sobre as práticas das instituições públicas. Ou seja, nossa imprensa também é uma merda.

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O advogado e ex-governador Zé Pedro Taques entrou em cena para reforçar a desqualificação do governador Mauro Mendes, e ecoar a avaliação do Eduardo Bolsonaro de que o governador de Mato Grosso é, na verdade, o Mauro Mendes Bosta, o Mauro Mendes Merda.

Cabe o gracejo: nunca a política em Mato Grosso fedeu tanto. Mas o que temos de fato é uma mera constatação, diante de nossos olfatos já tão comprometidos. Sempre estivemos no esgoto da política. As elites trabalhando para continuarem como elites mandantes e acumuladoras de riquezas, enquanto o zé povinho rala e se ferra, mergulhado na merda de uma vida de sacrificios que nunca lhe oferta um momento efetivo de repouso.

Zé Pedro xinga Mauro Mendes mas até agora não xingou publicamente o atual ministro e senador licenciado Carlos Favaro, que tem atuado fortemente nos bastidores da política para tentar impedir que Taques assuma o controle do PSB em Mato Grosso e possa, assim, se qualificar para a disputa por uma vaga no Senado em 2026. Disputar o Senado é o sonho de uma noite de verão de Taques, pois quando esteve lá conseguiu avaliação positiva, ao contrário do tempo em que governou Mato Grosso ao lado do primo Paulo Taques.

Fávaro, pelo que faz crer, teria medo de disputar esta vaga com Zé Pedro e acabar perdendo para aquele ex-governador de quem foi vice e com quem rompeu, no passado, de forma tão pornográfica. Fávaro, estranhamente abençoado por Lula, surge então como mais um cacique a tentar reinar sobre o poder político na terra de Rondon e impor os interesses do Agro.

A luta de Zé Pedro para ter uma segunda chance diante do eleitorado cuiabano e mato-grossense merece ter um acompanhamento mais atento do povo de nosso Estado. Mas as coisas que acontecem nos bastidores não são expostas para o grande público. A surda disputa entre Fávaro e Zé Pedro ainda não ganhou as manchetes porque tudo se passa no silencio das conversas palacianas, em Brasília, e se Taques conseguir convencer o atual presidente nacional do PSB, o prefeito João Campos, de Recife, da importância dele revigorar a legenda em Mato Grosso, pode ser que, no final das contas, Zé Pedro e Fávaro tenham que, finalmente, se alinhar para a disputa contra o grupo de Mauro Mendes, Pivetta e bolsonaristas na rinha eleitoral de 2026. Quer dizer, as guerras dessa pré-campanha, já sinalizam para guerras futuras dentro dos blocos políticos que vão se formando para gerir a crise mato-grossense pela qual esses blocos políticos tem grande responsabilidade. Deu pra entender? Não sei se o eleitorado tem a paciência necessária. O eleitorado, afinal, existe para ser explorado não para pensar, segundo o conceito das elites. Povo é só uma abstração, por mais que a Carta Magna diga que “todo poder emana do povo”.

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Max Russi, por seu turno, se prepara para pular do esquerdista PSB para o direitista Podemos – e tudo parece tão natural, como se fosse natural essa salada ideológica envenenada pelo oportunismo que é sempre servida aos cidadãos eleitores e contribuintes de Mato Grosso. Politicos tradicionais, afinal de contas, também se comportam como travestis.

Viver é perigoso, sugeria Guimarães Rosa, através do seu personagem Riobaldo, em “Grandes Sertões Vereda”. Viver, em Mato Grosso, como se vê, é conviver cotidianamente com o esgoto da política. Nesse trajeto aparentemente infindável pelo esgoto, no final das contas, como ficamos nós? Eduardo Bolsonaro é um merda. Mauro Mendes é um bosta. E nós, aonde vamos? Em 2026, só nos será dada a chance de escolher entre candidatos pornográficos? Os ruins e os menos piores?

A direita e a extrema direita controlam as disputas políticas e eleitorais em Mato Grosso e vão nos arrastando para uma manifestação, nas urnas, que pode se confundir com um vômito. A esquerda se deixou enfeitiçar pela grana do Agro. Não temos opção, de fato, se os subalternizados, os debaixo, os fudidos, não conseguirem fazer valer seus interesses nesse campo minado da política.

Para escapar desta armadilha, fugir dos impropérios vazios e buscar uma saída que valha a pena teríamos que tentar nos transformarmos no super homem de Nietzsche. O super-homem como imaginou Nietzsche (Übermensch) é um ideal filosófico de indivíduo que supera os limites humanos e a moralidade convencional, criando seus próprios valores e vivendo autenticamente. Ele não é uma figura de poder físico como o herói dos quadrinhos, mas, sim, aquele que vence o niilismo e a decadência, abraçando a vida com coragem e vontade de criar seu próprio destino.

Essa tarefa não é fácil, mas já teremos conseguido alguma coisa se, pelo menos, não nos deixarmos envolver pela lógica dessas abomináveis lideranças políticas que temos hoje em Mato Grosso, a turma da bosta e a turma da merda que se agridem mutuamente, atualmente, nas manchetes.

ENOCK CAVALCANTI, 72, é jornalista e editor do blogue PAGINA DO ENOCK, que se edita a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009.

 

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