Uma quarta-feira de agitação e muito estresse para a advocacia e todo o Judiciário do Estado de Mato Grosso. Esse Judiciário já tão acossado, com o afastamento liminar de três magistrados acusados de criminosa venda de sentença, tem agora que lidar também com a revelação de que sua milionária Conta Única estava sendo alvo de uma roubalheira escancarada. Coube ao juiz Moacir Tortato – um magistrado que depois de passar por Diamantino, Santa Terezinha e Várzea Grande, vai abrindo seu caminho na Comarca de Cuiabá – a incumbência de analisar a denúncia e decretar as ordens de prisão e busca e apreensão contra personalidades da Cuiabania que agora surgem estampados nos veículos de comunicação como possíveis integrantes de um ousado bando de assaltantes do colarinho branco.

Depois de se omitir lastimavelmente por vários dias, todas as equipes de reportagem dos principais jornais, Tvs e saites de Mato Grosso estão na pista, atrás de revelações que aprofundem as investigações que Policia Civil de Mato Grosso, devidamente orientadas pelas autoridades do Conselho Nacional de Justiça.

No Repórter MT, a jornalista Vanessa Moreno informa que João Gustavo Ricci Volpato é apontado como líder do grupo de criminosos que também contava com a participação de familiares Luiza Rios Ricci Volpato (mãe), Augusto Frederico Ricci Volpato (filho), Flávia de Oliveira Santos Volpato (esposa) e Julia Maria Assis Asckar Volpato (nora). Empresas vinculadas a João Gustavo também eram usadas no esquema. O que Vanessa não conta é que Flávia de Oliveira Santos Volpato é filha de figura exponencial dentro do Tribunal de Mato Grosso, o desembargador Rubens de Oliveira, sempre citado como uma das principais lideranças políticas da Corte. Flávia também é sobrinha da deputada federal bolsonarista, a Coronel Fernanda. João Gustavo Ricci Volpato, portanto, é genro do desembargador, com acesso privilegiado a uma das cabeças pensantes mais destacadas do Judiciário mato-grossense. Sem ligar para estes parentescos ilustres, o juiz Moacir Tortato determinou a prisão de João Gustavo Ricci Volpato e busca e apreensão nas propriedades da filha do desembargador Rubens. Mais detalhes na decisão do juiz Tortato que divulgo no anexo, em primeira mão e no seu inteiro teor.

Segundo o Repórter MT, os advogados Régis Poderoso de Souza, Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Themis Lessa da Silva, João Miguel da Costa Neto e Rodrigo Moreira Marinho participavam do esquema atuando como representante da parte autora ou das vítimas, utilizando procurações falsas. Já os servidores do TJ, especialmente Mauro Martins Sanches Junior, criavam planilhas falsas simulando depósitos na Conta Única, permitindo a obtenção fraudulenta dos alvarás judiciais para levantar os valores. A servidora Denise Alonso também estava envolvida.O esquema envolvia ainda a apresentação de comprovantes de pagamento forjados. Mauro Martins inseria dados nas planilhas de vinculação de valores, muitas vezes antes mesmo do requerimento formal nos autos dos processos.

Vanessa Moreno conta mais: Julia Maria Assis, esposa de Augusto Frederico, teve sua conta bancária utilizada para ocultação de valores. Flávia de Oliveira Santos Volpato, esposa de João Gustavo, figura no esquema como coadquirente de imóvel com pagamento em espécie, indicando ocultação patrimonial. Keylly Gonçalves Martinez também teve sua conta bancária utilizada para dispersar os valores ilícitos. Eva da Guia Magalhães e Cláudia Regina Dias de Amorim Del Barco Correa, servidoras, participaram da elaboração das planilhas fraudulentas. O prejuízo aos cofres públicos, apenas nos 17 processos inicialmente identificados, ultrapassa R$ 11 milhões, mas a estimativa é que o rombo seja muito maior que R$ 21 milhões. Alguns advogados, em contato com a PÁGINA DO ENOCK, falaram em um rombo que pode chegar ao montante de 300 milhões de reais. Ainda não há informações de quanto tempo o grupo criminoso atua no esquema, mas foi possível constatar que as fraudes se estenderam por vários anos. Além das prisões, a Polícia Civil atua, desde as primeiras horas do dia, para apreender dinheiro em espécie, joias, metais e pedras preciosas, eletrônicos de alto valor, bem como para sequestrar imóveis de alto padrão, veículos de luxo e uma lancha e um jet-ski. 

NO ROMBO DA CONTA ÚNICA HOMEM DE LULA  PRA CADEIA

As prisões que levaram para a cadeia um bando de advogados e servidores acusados de fraudar a Conta Única do TJ MT respingou também no presidente #Lula. O empresário João Gustavo Ricci Volpato, ex-secretário municipal de Habitação de Cuiabá, na gestão de Emanuel Pinheiro e apontado como um dos líderes do grupo criminoso desarticulado pela Polícia Civil nesta quarta-feira (30), na Operação Sepulcro Caiado atuava como gerente regional da Agência Nacional de Mineração (ANM) em Mato Grosso desde deste ano nomeado pelo governo Lula (PT). A nomeação foi articulada pelo deputado federal #Emanuelzinho (MDB) e pelo ministro ruralista da Agricultura, Carlos Henrique Baqueta Favaro (PSD). Muy amigos.

Leiam no anexo, o inteiro teor da decisão do juiz Moacir Tortato. Voltaremos a qualquer momento, de acordo com o que restar de fôlego a este velho repórter cuiabano.

ENOCK CAVALCANTI, 72, é jornalista e editor do blogue PAGINA DO ENOCK, que se edita a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009.

Rubens de Oliveira, desembargador e ex-presidente e Moacir Tortato, juiz de direito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso