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O melhor detergente é a luz do sol

MÁRCIO LACERDA: Depois da Copa, nas eleições, a crise que estaremos discutindo é bem diferente da maioria das crises em discussão, pelo Brasil e pelo mundo. Estaremos tratando de uma crise de crescimento. Mato Grosso, há mais de décadas, cresce em um ritmo maior do que aquele que os governos conseguiram acompanhar. A nossa crise é, portanto, uma crise positiva, uma crise que provoca desafios

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O melhor detergente é a luz do sol

 A crise que se precisa superar, em Mato Grosso, de acordo com Márcio Lacerda, é a crise do crescimento. O Estado cresce em ritmo maior do que aquele que os governantes conseguiram acompanhar. "Com certeza, qualquer abordagem muito diferente destas não passará de mero diversionismo ou mesmo de simples oportunismo" - garante o dirigente do PMDB


A crise que se precisa superar, em Mato Grosso, de acordo com Márcio Lacerda, é a crise do crescimento. O Estado cresce em ritmo maior do que aquele que os governantes conseguiram acompanhar. “Com certeza, qualquer abordagem muito diferente destas não passará de mero diversionismo ou mesmo de simples oportunismo” – garante o dirigente do PMDB


O que se vê e o que se ouve – seria a mesma coisa?
POR MÁRCIO LACERDA

Conta-se, entre os “causos” de minha família, um que envolve meu avô Pedro Alexandrino, figura muito querida, mas chegado a uma boemia e minha avó Clélia, mãe de nove e com fama de muito “braba”. Certo dia chegou até ela um fofoqueiro dizendo que o Seu Pedro estava em um baile dançando e deu a direção – (não falta um para entregar, não é?) – e lá foi ela conferir. Realmente lá estava ele na festa. Muito contrariada, ela retornou para casa mais zangada ainda e foi esperá-lo com todas as “pedras” de direito:
– “Pedro, você nessa idade, francamente não tem vergonha? No baile, sozinho, dançando com outras?”
Vovô Pedro, por sua vez, calmamente disse:
– Baile? que baile, Clélia? quem te falou isso?
– Ninguém me falou Pedro. Eu mesma vi.
– Ora, Clélia! Então você acredita mais no que vê, do que naquilo que eu “falo”?
A saída jocosa e bem humorada do vovô Pedro, excetuando-se a tentativa de subestimar a capacidade de entendimento do outro, tenho a impressão que se aplica ao que ocorre hoje com a sociedade – a distância entre o que se ouve dizer e, o que efetivamente se vê.
O que vemos
Vamos lá, o que o mundo, o Brasil, mais particularmente nós em Mato Grosso vemos com nossos próprios olhos, – como a vovó viu – a Copa chegou, está aí, é um sucesso. Cuiabá não foi desclassificada, aliás, nenhuma das doze cidades sedes o foi. O aeroporto está dando vazão aos passageiros, o trânsito, mal ou bem está fluindo. As obras fundamentais para os apenas quatro jogos estão dando conta do recado – vide Arena Pantanal. As grandes manifestações de protesto anunciadas não aconteceram talvez até pelos abusos anteriormente praticados por minorias violentas e até mascaradas infiltradas. Apenas pequenos grupos radicais, cuja presença é potencializada pelo poder da própria mídia. Aproveitam-se com objetivo visível de apequenar esse esforço tão grande e para causar prejuízos à imagem do país e dos próprios estados onde elas ocorrem, além de ofuscar o impacto positivo e a oportunidade para o país se apresentar à comunidade internacional como aquele que efetivamente é – um povo criativo, cordial, afetivo, receptivo e generoso e – que se afirma como uma das maiores economias do mundo buscando maior inclusão social com sustentabilidade. Quiçá, com legislações e políticas ambientais e sociais únicas.
Em maio de 2009, ainda no Governo Maggi, a FIFA optou por Cuiabá como uma das 12 cidades sedes da Copa. A partir daí, tiveram início as negociações pelos governos municipais, estadual e federal com objetivo de viabilizar o compromisso assumido. Isso em que circunstâncias? Cuiabá e Várzea – duas cidades carentes de todo tipo de infraestrutura – em decorrência de seus próprios crescimentos explosivos nos últimos anos. Assim, inúmeras e demoradas ações fizeram-se necessárias (elaborações de projetos, busca de financiamentos, contratos, convênios, etc.).
Começaram também as intervenções inerentes – obras como: trincheiras, viadutos, duplicações, pontes, saneamento, etc. Cada uma delas gerando consequências conhecidas como: buracos, desvios, embargos judiciais, licenciamentos ambientais, dificuldades orçamentárias e de financiamento, desapropriações, dificuldades gerenciais, carência de qualificação técnica no Estado, entre outras tantas e, evidentemente, também transtornos no trânsito, engarrafamentos, rompimento de tubulações, cortes de energia, água, poeira e outros, que a população sentiu na pele, enfim, incômodos de toda ordem.
Esses são os fatos e a partir deles variadas versões.
O que se falou como vô Pedro falou, e ainda se fala:
Foram cinco anos de afirmações de descrédito e desqualificação repetidas à exaustão como se fossem mantras. Pérolas como: “Cuiabá será “desclassificada”, “Estão quebrando o Estado”, “Foi um erro se habilitar como opção, (…) talvez fosse melhor que tivessem optado por Mato Grosso do Sul, lá eles seriam capazes e nós aqui não”. Essas e outras centenas de afirmações com objetivos explícitos ou não.
Os prejuízos advindos das reiteradas notícias e afirmações podem ser percebidos por toda parte. Dentre eles a contribuição para desencorajar iniciativas no âmbito privado, além de desmobilizar a comunidade na geração de iniciativas que agregariam valor ao evento, por exemplo, o aprimoramento de produtos e serviços como o artesanato, a culinária, a música, a dança, o lazer, e outras.
Estou me referindo de passagem a esses fatos que todos conhecem e vivenciaram, com objetivo apenas de provocar algumas reflexões.
Não vou tratar de obras e seus eventuais atrasos, inclusive o VLT, por estar convencido que, pelo tempo médio de estadia e pelo poder aquisitivo da maioria dos visitantes que aqui aportaram e aportarão nesses breves dias, além dos jogos, estarão com outros focos. Que o digam os bares, os restaurantes, as casas noturnas, o FAN FEST, as ruas, o comércio, o complexo de hospedagem, aliás, diga-se de passagem, faltaram acomodações.
Estou convencido também dos equívocos da comunicação de Governo. É notável como nós os políticos temos dificuldades para lidar com situações óbvias. Seria muito mais prudente informar a verdade sobre o andamento das ações, ao invés de transmitir informações sobre prazos não exequíveis. Informar que tal ou qual obra atrasaria e por que – geraria muito
menos descrédito.
Por outro lado, essa verdadeira enxurrada de informações negativas também produziram outras consequências, e não foram poucas. É evidente que as notícias sobre o caos urbano, a violência, a falta de estrutura para o evento, entre outras, aqui geradas e veiculadas, em tempos de comunicação, on line, extrapolaram nossas fronteiras. Correram o mundo.
Quantas pessoas, em razão disso, optaram por não vir? Nunca saberemos. Perdemos uma grande oportunidade de dar visibilidade ao Pantanal – mote da copa–, de viabilizar projetos para o entorno – Cáceres, Poconé, Livramento, Barão de Melgaço, Chapada dos Guimarães, Vila Bela, entre outros. Perdemos também a oportunidade de mostrar que adotamos as mais modernas e sustentáveis práticas agrícolas do mundo. E ainda, de dar a conhecer nossa diversidade cultural e étnica.
Esses são mais alguns dos prejuízos colhidos por essa comunicação negativa. Joseph Goebbels, Ministro de Comunicação de Hitler ditador alemão responsável pela grande farsa do nazismo e da superioridade da raça ariana – engodos que induziram a sociedade alemã ao genocídio de milhões de judeus e a todas as barbáries da segunda Guerra Mundial. É autor da conhecida frase: “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”.
Para finalizar suscito uma última reflexão. No dia 13 de julho termina a histórica Copa 2014. Faço votos, se Deus quiser, com o Brasil hexacampeão. Já em andamento o debate sobre as eleições para os Governos Estadual e Federal, além de Senadores e Deputados Federais e Estaduais. Que os equívocos de comunicação que antecederam a realização da copa não se repitam neste novo momento decisivo.
O Brasil e os brasileiros são o que o mundo está vendo na copa – o país e o povo da criatividade, da cordialidade, da hospitalidade, do povo cidadão que se levanta e entoa, a uma só voz, seu Hino, com olhos marejados pela emoção da cidadania. Mato Grosso que estaremos discutindo, decididamente, não é um Estado falido. É verdade, isto sim, um Estado com problemas, é verdade também, um Estado com carências diversas na áreas de infraestrutura, logística, educação, distribuição de renda, etc. Como também é verdade incontestável que a crise que estaremos discutindo é bem diferente da maioria das crises em discussão, pelo Brasil e pelo mundo.
Estaremos tratando de uma crise de crescimento. Mato Grosso, há mais de décadas, cresce em um ritmo maior do que aquele que os governos conseguiram acompanhar. A nossa crise é, portanto uma crise positiva, uma crise que provoca desafios. Com certeza qualquer abordagem muito diferente destas não passará de mero diversionismo ou mesmo de simples oportunismo.
Vovô Pedro e vovó Clélia! A historinha mote deste artigo é uma homenagem à vossa memória, um reconhecimento à pessoa cordial e amiga que o senhor foi, bem como, à mulher de personalidade marcante que o ajudou a preparar para a vida seus nove filhos, e tantos outros que conviveram e aprenderam com vocês. Que ela contribua para nos alertar sobre as diferenças entre os fatos e suas versões, ou ainda, sobre aquilo que nos falam e o que efetivamente vemos.

Márcio Lacerda é Vice-Presidente do Diretório Regional do PMDB, Ex-Senador Constituinte, Ex-Governador, Ex-Deputado Federal, Ex-Deputado Estadual por Mato Grosso.

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EDMUNDO LIMA DE ARRUDA JR: Na sucessão de Barroso, Lênio Streck desnivela qualquer outro candidato para vaga no STF

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Não há dúvidas. Lênio Streck é hoje o jurista mais preparado para os desafios naquele padrão Supremo. O STF merece nomes do mais alto nível entre nossas mentes na área do Direito.

A escolha é política e causa uma mistura de surpresa e espanto ao pipocar de nomes: o Advogado geral da União, Jorge Messias, preparadíssimo, parece forte, mas ainda consolidando seu nome no meio jurídico.

A Janja quer, por critérios de amizade, Carol Proner, esposa de Chico Buarque, pouco expressiva em trabalhos com a técnica jurídica e na teoria da hermenêutica constitucional.

Lenio talvez seja grande demais para merecer a confiança de Lula num contexto no qual nosso presidente já se decepcionou com muitas de suas escolhas e se vê pressionado por uma militância conhecida… .

Lênio desnivela qualquer outro candidato, por melhor seja o currículo de muitos disponíveis, por erudição, produção acadêmica e técnica, visão crítica, múltiplas capacidades no raciocínio jurídico, sobretudo, pela coragem e criatividade nos fundamentos da interpretação constitucional.

Em cinco anos produziria uma revolução na nossa mais alta Corte.

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Edmundo Arruda, sociólogo e jurista, nascido em Cuiabá, MT, vive há tempo em Florianópolis, SC

 

Lênio Streck com Edmundo Arruda em solenidade em Florianópolis

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