O melhor detergente é a luz do sol
ENOCK CAVALCANTI: O seu envolvimento com a mineração, tão habilmente exposto pelo Repórter Brasil, reclama do desembargador Orlando Perri que demonstre a altivez que sempre demonstrou em diversas outras ocasiões, dando-nos esclarecimentos urgentes e necessários
O melhor detergente é a luz do sol

Perri, desembargador garimpeiro:
nem tudo que reluz é ouro
POR ENOCK CAVALCANTI
“O que dá pra rir, dá pra chorar, problema só de peso e medida, problema de hora e lugar.” O Poder Judiciário se mantém como um dos maiores desafios da frágil democracia brasileira e a gente percebe isso quando, em um mesmo final de semana, tem o voto civilizatório da ministra Rosa Weber, no STF, pela descriminalização do aborto e, numa outra ponta, a informação de que o desembargador Orlando de Almeida Perri, que sempre despontou como magistrado linha dura e moralizador do nosso Judiciário pantaneiro, agora pode estar fazendo parceria com Mauro Mendes, Nei Garimpeiro, Filadelfo dos Reis Dias, Silval Barbosa e outros que tais, como catador de ouro em terras deste sempre confuso Mato Grosso.
A notícia, publicada pelo exemplar site Repórter Brasil, caiu como um bomba no cenário judicial, político, jornalístico e social de nosso Estado. Quem já viu o revelador filme sobre o físico Robert Oppenheimer, do cineasta Christopher Nolan, há de ter pensado, como este blogueiro: no silêncio de seu gabinete, Orlando Perri também soube construir uma bomba para explodir com nossas concepções mais conservadoras. A bomba atômica é um artefato militar que se baseia na fissão nuclear, que é quando se bombardeia com nêutrons um núcleo atômico pesado e instável, provocando a sua partição e dando origem a dois núcleos atômicos médios, dois ou três nêutrons e uma quantidade enorme de energia. O Perri garimpeiro, fazendo sombra de súbito ao Perri julgador, moralizador, parece agora surgir marcado por igual instabilidade por que, diante da denúncia retumbante, o desembargador que se apresentava como homem sem mistérios, até ontem, agora se recusa a conversar com quem quer que seja, está fugindo da imprensa, dos estudantes de Direito, dos colegas magistrados, e parece entender que só deve explicações ao Conselho Nacional de Justiça, como se a sociedade mato-grossense em meio à qual ele atua há tantos anos, de repente, não tivesse qualquer importância, fosse um bando de Pedro Bó, de Bobó Cheira Cheira.
Eu, Enock Cavalcanti, lastimo esta postura. “O fogo prova o ouro, o ouro prova o homem”. Perri, o desembargador garimpeiro, logo de imediato se comporta como esses senhores e senhoras da grande imprensa de Mato Grosso que, em veículos como A Gazeta, Midia News, Olhar Direto, RD News, Folhamax, Primeira Página, et caterva, ao verem explodir a denúncia contra Perri no Repórter Brasil, a primeira providência que adotam é a de tentar esconder a notícia, bancarem as avestruzes, enterrar a cabeça na lama, como se o cidadão eleitor e contribuinte mato-grossense, que é quem paga todas as contas, fosse um retardado sem o direito de saber como operam as suas lideranças, qual a sua teia de relacionamentos e interesses. Sim, mais uma vez vejo que temos uma imprensa majoritariamente calhorda, o que não tem consolo. Notável exceção de Alexandre Aprá e Edina Araújo. Vejam que eu, como Maigret, só procuro entender.
Essa é a hora, pelo contrário, entendo eu, de mergulhar no problema, expor todas as suas variantes, para colher os ensinamentos necessários ao nosso aperfeiçoamento democrático. O fato do seu envolvimento com a mineração, tão habilmente exposto pelo Repórter Brasil, reclama do desembargador Orlando Perri que ele demonstre a altivez que sempre demonstrou em diversas outras ocasiões, dando-nos os esclarecimentos urgentes e necessários. Lá está o jornalista Ranniery Queiroz, coordenador da assessoria de imprensa do TJMT, pronto a convocar a coletiva, com power point, drone e tudo o mais que o Perri julgador queira usar para explicar o Perri garimpeiro.
“Onde o ouro fala, a língua cala”. Ora, é da confiabilidade de um dos sagrado poderes de nossa República de que se trata aqui. Dia desses, víamos o desembargador Perri, em tom moralizador, determinar pesada intervenção no setor de Saúde da cidade de Cuiabá, atendendo a reivindicação do governador Mauro Mendes e de seus pares, para que se esclarecesse todas as possíveis maracutaias a marcar a gestão do prefeito Emanuel Pinheiro, na Prefeitura, Agora, o que se cogita a partir das revelações jornalísticas do Repórter Brasil, é que Orlando Perri e Mauro Mendes possam estar ajojados, imbricados na exploração dos ricos filões minerais em Mato Grosso, chegando esse imbricamento, quem sabe, aos negócios do Estado. “Deus que nos livre e guarde!” – dirá quem ainda acha jeito de acreditar em um deus a monitorar o comportamento humano.
Quem sonharia jamais ver Perri, em pose para o Instagram, posando ao lado do tão questionado Nei Garimpeiro, alvo de tantas denuncias e processos em nosso Estado?! A foto tem forte impacto, e fico pensando que o poder detonador dela é como se agora aparecesse um video de uma pretensa e alegre confraternização, no passado, do então procurador da República Zé Pedro Taques com o comendador João Arcanjo Ribeiro – e se descobrisse, por exemplo, que Zé Pedro e Arcanjo seriam sócios na exploração de um shopping center em Rondonópolis. À medida que a revelação se fez, Perri não pode se esconder debaixo da cama, tem que encarar a luz do sol, porque a luz do sol é que é o melhor detergente para nos fazer chegar à mais límpida verdade. Perri sempre se disse comprometido com a busca desta verdade – e o caminho, como nos orientou Mao Tse Tung, se faz ao caminhar.
Por meu turno, gostaria de entender por que foi que o tão incensado magistrado mato-grossense, tendo uma sobra de capital, resolveu investir seus cobres no setor da mineração. Ora, ora, Perri teria muitas outras possibilidades diante de si. Perri poderia ter comprado uma franquia da Starbucks, poderia investir dinheiro para que a Livraria Janina enfrentasse a atual crise das livrarias no Brasil, Perri poderia abrir uma nova peixaria para enfrentar o oligopólio que a Peixaria Okada vai estendendo sobre a cidade de Cuiabá, agora que passou a controlar também a Peixaria Tio Chico. Existiam e ainda existem muitas outras opções bem mais legítimas nas quais Perri poderia gastar o seu dinheiro sem dar margem a especulações maliciosas, sem abrir espaço para que alguns especulem que também ele, como o Fausto, personagem do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, vendeu sua alma ao satânico Mefistófeles. “Ouro adquirido, sono perdido”. Filho de promotor de Justiça e enfermeira, a vontade dos pais do Perri era que fosse médico, já que havia muitos advogados na família. Perri, então, poderia se aliar ao dedicado médico Marcelo Sandrin e abrir uma clínica médica para atendimento dos pobres e filhos de pobres de nossa ralé tão volumosa. Mas seu caminho foi mesmo se tornar Operador do Direito.
Especulo, especulo, porque esta situação me incomoda pra valer. “Anel de ouro não é pra focinho de porco”. Nós que vibramos com Perri quando ele, corregedor de Justiça, depurou o TJMT, levando à aposentadoria 11 magistrados que ele identificou envolvidos no Escândalo da Maçonaria; quando Perri devassou a Grampolândia Pantaneira, que seria operada pelos primos Zé Pedro e Paulo Taques e um grupo de PMs; que o vimos tirar o poder devastador do então desembargador Geraldo Palmeira, que operaria quadrilha em MT e que teve que se recolher lá pros lados de Alagoas, até morrer sempre praguejando contra Perri, ficamos perplexos ao imaginar que Orlando Perri possa agora ser apontado como um tigre de papel. Esse silêncio em que mergulha Perri é constrangedor. Perri deve urgentes explicações à sociedade, por que a sociedade mato-grossense aprendeu a confiar no Perri. Que Mauro Carvalho possa fazer combinações equívocas de bastidores com Mauro Mendes não espantaria ninguém. Mas Orlando Perri, não. Orlando Perri, confio eu, tem mãos limpas.
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Um pouco de História
40 anos como juiz moralizador do TJMT
No próximo dia 7 de dezembro de 2023, Orlando Perri vai comemorar 40 anos de dedicação à magistratura em Mato Grosso, 40 anos que somam prestação jurisdicional, dedicação e a transição dos processos físicos para a era digital. Uma trajetória marcada pelo sonho de seguir a carreira judicante, desde a adolescência – e pelo envolvimento do magistrado em muitas polêmicas, sempre aparecendo como juiz linha dura, tido até aqui como notável no combate à corrupção, seja externa ou internamente.
Orlando Perri nasceu em Cuiabá, e cursou a faculdade de Direito na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), concluindo a graduação em 1979. Filho de pai promotor, Perri seguiu a carreira da advocacia nas comarcas de Cuiabá, Cáceres, Poconé e foi assessor jurídico nas Centrais Elétricas de Mato Grosso (Cemat). Mas ser juiz era o seu objetivo, segundo informa curta biografia divulgada no site do TJMT, e se preparou para o concurso.
Em 7 de dezembro de 1983 foi aprovado no concurso público para juiz substituto de Mato Grosso, ficando em primeiro lugar. A primeira comarca em que foi designado foi Tangará da Serra e ao longo de sua carreira atuou em Barra do Bugres, Barra do Garças, Cáceres, Rondonópolis até sua promoção para Cuiabá. Foi juiz titular da 3ª Vara de Execução Fiscal e na 14ª Vara Cível da Capital onde atuou até ser promovido ao desembargo. Também foi presidente da Associação Mato-grossense dos Magistrados (AMAM).
Aos 39 anos de idade e com 13 anos de carreira, Orlando Perri foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, por merecimento, em 22 de agosto de agosto de 1996. No período de 1998/1999 assumiu os cargos de vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT) e de 1999/2000 foi presidente da instituição eleitoral.
Nos anos de 2000 e 2001 foi vice-presidente do TJMT, em 2007 e 2009 foi eleito corregedor-Geral da Justiça de Mato Grosso (época em que detonou com os magistrados do Escândalo da Maçonaria) e se assumiu como presidente do TJMT no biênio 2013/2015. Foi no tempo do poder de Perri e Paulo Lessa no TJMT que surgiu a então Vara especializada no julgamento de políticos envoltos em denúncias de corrupção, acabando com o encalhe dos processos nas Varas da Fazenda Pública.
Atualmente, Orlando Perri compõe a Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça e é coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do
TJMT (GMF).
Enock Cavalcanti, 70, jornalista, é editor do blogue PAGINA DO ENOCK, editado a partir de Cuiabá, MT, desde o ano de 2009.

Perri com Mauro Carvalho


O melhor detergente é a luz do sol
EDMUNDO LIMA DE ARRUDA JR: Na sucessão de Barroso, Lênio Streck desnivela qualquer outro candidato para vaga no STF

Não há dúvidas. Lênio Streck é hoje o jurista mais preparado para os desafios naquele padrão Supremo. O STF merece nomes do mais alto nível entre nossas mentes na área do Direito.
A escolha é política e causa uma mistura de surpresa e espanto ao pipocar de nomes: o Advogado geral da União, Jorge Messias, preparadíssimo, parece forte, mas ainda consolidando seu nome no meio jurídico.
A Janja quer, por critérios de amizade, Carol Proner, esposa de Chico Buarque, pouco expressiva em trabalhos com a técnica jurídica e na teoria da hermenêutica constitucional.
Lenio talvez seja grande demais para merecer a confiança de Lula num contexto no qual nosso presidente já se decepcionou com muitas de suas escolhas e se vê pressionado por uma militância conhecida… .
Lênio desnivela qualquer outro candidato, por melhor seja o currículo de muitos disponíveis, por erudição, produção acadêmica e técnica, visão crítica, múltiplas capacidades no raciocínio jurídico, sobretudo, pela coragem e criatividade nos fundamentos da interpretação constitucional.
Em cinco anos produziria uma revolução na nossa mais alta Corte.
Edmundo Arruda, sociólogo e jurista, nascido em Cuiabá, MT, vive há tempo em Florianópolis, SC

Lênio Streck com Edmundo Arruda em solenidade em Florianópolis
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