(65) 99638-6107

CUIABÁ
Pesquisar
Close this search box.

O melhor detergente é a luz do sol

ADVOGADO SEBASTIÃO CARLOS: É preciso reconhecer que a desmotivação política da imensa maioria dos advogados combina com a ausência de uma oposição integral, real e efetiva dentro da OAB/MT. A realidade é que, sem uma base programática e doutrinária, diria até ideológica, as disputas, dentro da OAB/MT, e não apenas a atual, se transformam em reflexos de meras idiossincrasias pessoais.  

Publicados

O melhor detergente é a luz do sol

O advogado Sebastião Carlos e a sede da OAB em Mato Grosso

O advogado Sebastião Carlos e a sede da OAB em Mato Grosso


POR UMA OAB NECESSÁRIA – I
 Sebastião Carlos
 
Como disse já no inicio desta série de artigos, procurei ler as propostas de todos os candidatos. E o fiz, nem tanto para decidir em quem devo votar mas, sobretudo, para poder refletir sobre o nível de politização em que se encontra a categoria profissional. Isto, está claro, se decidirmos que os que disputam as eleições são os nomes mais representativos. Dois pontos de imediato saltam à vista nessas propostas: elas pouco diferem entre si e ficam em generalidades. Devo dizer, portanto, que se tratam mais de propostas do que propriamente de um programa. Qual a diferença? Enquanto que as primeiras são circunstanciais, pontuais, digamos de meras realizações “domesticas”, já um programa, ao contrário, implica em ser um projeto de realização política, de definição de rumos administrativos mais permanentes, de compromissos doutrinários e ambos se completando com o objetivo primacial de fortalecimento da entidade e da defesa intransigente do múnus advocatício e seus corolários. Desde já que fique claro que não se trata aqui, em absoluto, de crítica aos candidatos, de per si, nem particularmente aos que encabeçam as chapas. São pessoas respeitáveis e, de um modo geral, tecnicamente bons profissionais, pelo que sei. Porém, não é esta a questão. Até porque tais condições não são, por si mesmas, bastantes para liderar uma categoria de profissionais como o são os advogados.
As questões que abordarei a seguir não as vi serem tratadas, sequer foram enunciadas. Vi, por exemplo, anúncios de “bondades” várias como o da “bolsa filhos”, pela qual aqueles que tiverem filhos terão descontos no pagamento da anuidade, sendo que já está implantada a “bolsa maternidade”, além de alguns descontos prometidos para “advogados iniciantes”. Torçamos para que uma nesga de bom senso prevaleça ao final. A OAB é uma entidade que se mantém pelo pagamento das anuidades. Com a pratica de tanta liberalidade chegará o momento em que terá extrema dificuldade de caixa. A solução então será certamente a de sempre: aumentar o valor da anuidade. Qualquer semelhança com o que se passa hoje com o tesouro do governo federal não será mera coincidência. Além disso, tratou-se de campanhas de vacinação, de incentivo aos esportes, do estacionamento no Fórum etc. etc. E há também a proposta de se proibir essa coisa ridícula e sem sentido chamada de “boca de urna”. Existente entre os advogados e de há muito proibida nas eleições em geral. Nada demais se essas propostas fossem apenas sugestões periféricas. São, enfim, propostas anódinas. No entanto, talvez por faltar uma reflexão maior sobre o real papel da entidade, elas, infelizmente, ganharam uma desnecessária importância.
Não quero aqui igualmente tratar da suposta renovação que haverá, propalada que é pela maioria dos concorrentes, e feita apenas tendo por base os nomes propostos pelas diferentes chapas. É que em todas elas existem pessoas que pertenceram, ou que pertencem, ao mesmo conjunto que vem se sucedendo à frente da entidade nos últimos vinte anos. Contudo, reconheço, não há como culpá-los por isso. É preciso reconhecer que a desmotivação política da imensa maioria da categoria combina com a ausência de uma oposição integral, real e efetiva. Uma oposição que seja estruturada em um programa doutrinário, como acima disse. Em outros termos, mais que de nomes novos, o que se exige é que haja uma renovação pelas ideias. A tentativa da criação do que foi denominado “Movimento OAB Democrática”, cujo manifesto programático foi publicado na imprensa em 11 de agosto de 2008, resultou em ser frustrada. Por razões várias, que agora não vem ao caso delas tratar.
A realidade é que, sem uma base programática e doutrinária, diria até ideológica, as disputas, e não apenas a atual, se transformam em reflexos de meras idiossincrasias pessoais. Entendo que a falta de um real protagonismo, que estabeleça profícuo debate de ideias, é que poderá entusiasmar e motivar o conjunto dos advogados, trazendo enorme benefício para a entidade. Isto não vem existindo, se é que algum dia, mesmo no passado mais distante, existiu. As propostas em disputa ficam nas generalidades: os eleitos serão transparentes, éticos, defenderão os interesses dos profissionais, serão vigilantes na defesa da moralidade pública etc. No entanto, não foi explicitado, de que forma isto se dará, qual o mecanismo que as transforma em exequíveis, que medidas serão utilizadas para aferir as questões concretas e objetivas que afetam a atividade profissional? [continua]
________________________________
Sebastião Carlos Gomes de Carvalho é advogado e historiador. Ex-professor de Direito Penal e de Direito Ambiental na UNIC e professor convidado no Curso de Pós Graduação em Direito e Gestão Ambiental do CESUSC – Complexo de Ensino Superior de Santa Catarina.
 
 

Leia Também:  Participação de juiz da Lava Jato em noitada do PSDB, em Cuiabá, faz Lula reforçar suspeição contra Sérgio Moro
COMENTE ABAIXO:

Propaganda
Clique para comentar

Você precisa estar logado para postar um comentário Login

Deixe uma resposta

O melhor detergente é a luz do sol

ENOCK CAVALCANTI: A bosta do governo de Mauro Mendes em Mato Grosso está exposta nas redes

Publicados

em

A bosta do governo de Mauro Mendes está exposta nas redes

Enock Cavalcanti

Sim, a atividade política, no Brasil, tem sempre um tom de pornografia. À direita e à esquerda. Os eleitores que se lasquem, já que os políticos que temos, em sua maioria, não se preocupam com as exposições vexatórias, eles querem mesmo é faturar, ajuntar tesouros na terra, talvez, quem sabe,para esquecer a própria insignificancia deles mesmos como seres humanos. Homens mercadorias.

Em Mato Grosso, então, tudo parece que fica mais constrangedor. Nestes últimos dias, as atividades governamentais do empresário Mauro Mendes tem sido traduzidas, nas redes, nas manchetes, nas conversas de botequins, nas piadas de alcova, através de palavrões. Palavras de baixo calão para resumir uma confusa experiência de sete anos de governo.

Vejam que nosso governador bolsonarista disparou xingamentos contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro, aquele que fugiu para os Estados Unidos para tentar tramar, com Trump, um golpe contra as instituições democráticas em nosso País, já que a intentona de 8 de janeiro de 2023 restou apenas como uma trama tabajara.

Mauro Mendes está certo, penso eu, tentando ser livre ao pensar. Eduardo Bolsonaro só fala e faz merda lá no centro do império americano, e financiado pelos contribuintes brasileiros, já que segue ganhando seus proventos como deputado federal. Um acinte. Uma situação vexatória, pornográfica.

Lá dos Estados Unidos, Eduardo respondeu e sugeriu que Mauro Mendes é que é um bosta, um frouxo, um governador que não honra as calças que veste, já que xinga a ele, o filho do ex-presidente Bolsonaro, enquanto trabalha duramente para herdar os votos do gado que Bolsonaro agregou em Mato Grosso, terra onde o bolsonarismo parece ter encontrado um vasto pasto,

O que dizer desses homens e dessas mulheres que respaldam, com seus votos, personalidades políticas aparentemente forjadas na torpeza, como Mauro Mendes e Eduardo Bolsonaro? O grande desafio da política brasileira será, então, decifrar e compreender como funciona a cabeça de um patriotário que vota hoje no candidato que uma vez eleito irá amanhã, quando tiver poder, pisotear no destino deste patriotário. Dificil explicar essa fé cega, essa faca amolada sempre a ameaçar a esquerda em nossa sociedade. Alguém me diz que tem tudo a ver com uma competente manipulação da fé dessas pessoas nos designios do Deus Jeová, mas as evidencias não são tão óbvias assim. Há patriotários apegados às mais diversas crenças religiosas.

O fato é que a bosta do governo de Mauro Mendes está exposta nas redes para quem quiser saber dela. O assunto não é amplamente debatido na mídia regional porque a mídia regional recebe farta grana das instituições públicas para justamente evitar aprofundar a reflexão sobre as práticas das instituições públicas. Ou seja, nossa imprensa também é uma merda.

Leia Também:  Inércia do Estado contribui para aumento da violência no campo em Mato Grosso, acusa Pastoral da Terra

O advogado e ex-governador Zé Pedro Taques entrou em cena para reforçar a desqualificação do governador Mauro Mendes, e ecoar a avaliação do Eduardo Bolsonaro de que o governador de Mato Grosso é, na verdade, o Mauro Mendes Bosta, o Mauro Mendes Merda.

Cabe o gracejo: nunca a política em Mato Grosso fedeu tanto. Mas o que temos de fato é uma mera constatação, diante de nossos olfatos já tão comprometidos. Sempre estivemos no esgoto da política. As elites trabalhando para continuarem como elites mandantes e acumuladoras de riquezas, enquanto o zé povinho rala e se ferra, mergulhado na merda de uma vida de sacrificios que nunca lhe oferta um momento efetivo de repouso.

Zé Pedro xinga Mauro Mendes mas até agora não xingou publicamente o atual ministro e senador licenciado Carlos Favaro, que tem atuado fortemente nos bastidores da política para tentar impedir que Taques assuma o controle do PSB em Mato Grosso e possa, assim, se qualificar para a disputa por uma vaga no Senado em 2026. Disputar o Senado é o sonho de uma noite de verão de Taques, pois quando esteve lá conseguiu avaliação positiva, ao contrário do tempo em que governou Mato Grosso ao lado do primo Paulo Taques.

Fávaro, pelo que faz crer, teria medo de disputar esta vaga com Zé Pedro e acabar perdendo para aquele ex-governador de quem foi vice e com quem rompeu, no passado, de forma tão pornográfica. Fávaro, estranhamente abençoado por Lula, surge então como mais um cacique a tentar reinar sobre o poder político na terra de Rondon e impor os interesses do Agro.

A luta de Zé Pedro para ter uma segunda chance diante do eleitorado cuiabano e mato-grossense merece ter um acompanhamento mais atento do povo de nosso Estado. Mas as coisas que acontecem nos bastidores não são expostas para o grande público. A surda disputa entre Fávaro e Zé Pedro ainda não ganhou as manchetes porque tudo se passa no silencio das conversas palacianas, em Brasília, e se Taques conseguir convencer o atual presidente nacional do PSB, o prefeito João Campos, de Recife, da importância dele revigorar a legenda em Mato Grosso, pode ser que, no final das contas, Zé Pedro e Fávaro tenham que, finalmente, se alinhar para a disputa contra o grupo de Mauro Mendes, Pivetta e bolsonaristas na rinha eleitoral de 2026. Quer dizer, as guerras dessa pré-campanha, já sinalizam para guerras futuras dentro dos blocos políticos que vão se formando para gerir a crise mato-grossense pela qual esses blocos políticos tem grande responsabilidade. Deu pra entender? Não sei se o eleitorado tem a paciência necessária. O eleitorado, afinal, existe para ser explorado não para pensar, segundo o conceito das elites. Povo é só uma abstração, por mais que a Carta Magna diga que “todo poder emana do povo”.

Leia Também:  JOSÉ DIRCEU: A mídia comercial brasileira e a oposição de direita liberal querem se opor ao autoritarismo, obscurantismo e fundamentalismo de Bolsonaro mas apoiam enfaticamente o projeto neoliberal de Paulo Guedes

Max Russi, por seu turno, se prepara para pular do esquerdista PSB para o direitista Podemos – e tudo parece tão natural, como se fosse natural essa salada ideológica envenenada pelo oportunismo que é sempre servida aos cidadãos eleitores e contribuintes de Mato Grosso. Politicos tradicionais, afinal de contas, também se comportam como travestis.

Viver é perigoso, sugeria Guimarães Rosa, através do seu personagem Riobaldo, em “Grandes Sertões Vereda”. Viver, em Mato Grosso, como se vê, é conviver cotidianamente com o esgoto da política. Nesse trajeto aparentemente infindável pelo esgoto, no final das contas, como ficamos nós? Eduardo Bolsonaro é um merda. Mauro Mendes é um bosta. E nós, aonde vamos? Em 2026, só nos será dada a chance de escolher entre candidatos pornográficos? Os ruins e os menos piores?

A direita e a extrema direita controlam as disputas políticas e eleitorais em Mato Grosso e vão nos arrastando para uma manifestação, nas urnas, que pode se confundir com um vômito. A esquerda se deixou enfeitiçar pela grana do Agro. Não temos opção, de fato, se os subalternizados, os debaixo, os fudidos, não conseguirem fazer valer seus interesses nesse campo minado da política.

Para escapar desta armadilha, fugir dos impropérios vazios e buscar uma saída que valha a pena teríamos que tentar nos transformarmos no super homem de Nietzsche. O super-homem como imaginou Nietzsche (Übermensch) é um ideal filosófico de indivíduo que supera os limites humanos e a moralidade convencional, criando seus próprios valores e vivendo autenticamente. Ele não é uma figura de poder físico como o herói dos quadrinhos, mas, sim, aquele que vence o niilismo e a decadência, abraçando a vida com coragem e vontade de criar seu próprio destino.

Essa tarefa não é fácil, mas já teremos conseguido alguma coisa se, pelo menos, não nos deixarmos envolver pela lógica dessas abomináveis lideranças políticas que temos hoje em Mato Grosso, a turma da bosta e a turma da merda que se agridem mutuamente, atualmente, nas manchetes.

ENOCK CAVALCANTI, 72, é jornalista e editor do blogue PAGINA DO ENOCK, que se edita a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009.

 

COMENTE ABAIXO:
Continue lendo

MATO GROSSO

POLÍCIA

Economia

BRASIL

MAIS LIDAS DA SEMANA