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Alguma coisa está fora da ordem

ENOCK CAVALCANTI: Emanuel acerta quando suspende a indústria da multa que, favorecida durante administração de Mauro Mendes, vinha se instalando, malandramente, em Cuiabá.

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Alguma coisa está fora da ordem

Divulgo abaixo uma versão estendida do artigo de minha autoria publicado nesta terça-feira, 9 de agosto, na edição impressa do jornal Diário de
Cuiabá:
 
Emanuel Pinheiro e os pardais amaldiçoados
Por Enock Cavalcanti
Meus amigos, meus inimigos: entendo que o prefeito Emanuel Pinheiro acerta quando resolve suspender a indústria da multa que, favorecida durante a administração do ex-prefeito Mauro Mendes, vinha se instalando, malandramente, em Cuiabá. Há formas mais democráticas de organizar o trânsito do que estes pardais amaldiçoados, como classifica agora o Emanuel.
Sim, o prefeito de Cuiabá, neste início de semana, está informando que descartou punir os motoristas cuiabanos, através das câmeras de vídeomonitoramento pelos próximos meses. Segundo o prefeito, o dinheiro arrecadado seria “amaldiçoado”, visto que seria obtido “arrancando o couro do condutor”. Exageros à parte, gostei do que disse o prefeito das sobrancelhas hirsutas. E seria bom que o Emanuel Pinheiro não adiasse apenas a solução do problema, mas acabasse com ele, para sempre.
Vejam que a luta contra a indústria da multa foi uma bela e oportuna campanha conduzida, no passado, pelo então vereador e deputado Sérgio Ricardo, que marcou a história de Mato Grosso, e agora parece que está sendo retomada, em boa hora, pelo prefeito Emanuel. Graças à campanha encetada pelo Sérgio Ricardo, lá no passado, ficamos muitos e muitos anos livres desses pardais amaldiçoados que voltaram com tudo na gestão de Mauro Mendes.
Sim, Sérgio Ricardo, hoje protagonista de uma das mais chocantes histórias de corrupção do Estado, com a compra de sua vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado, em possível parceria com Blairo Maggi e José Geraldo Riva, pela exorbitante quantia de R$ 12 milhões, já protagonizou luta vital em nossa Capital.
Temos que fazer justiça e dizer que o Sérgio Ricardo impediu que a indústria da multa prosperasse na administração do prefeito Roberto França, mobilizando toda a sociedade contra os pardais. Aquele era um Sérgio Ricardo que merecia respeito, que entusiasmava muitas e muitas pessoas. Mas o jornalista do “Xô, Multas” acabou se abastardando. Perdemos um lutador social e ganhamos, tristemente, ao que indicam as investigações, mais um corrupto a pesar sobre a honra de nossas instituições. Mas se houver coragem, esse processo nos trará importante depuração no TCE.
Voltemos às multas. Emanuel Pinheiro diz, agora, que não quer a indústria da multas. Se não quer multar, o que é que o Emanuel vai fazer?
No caso das faixas exclusivas para ônibus, que o repórter Márcio Eça já demonstrou, no “Resumo do Dia”, que representam outro exagero da administração do Mauro Mendes, me parece que uma vigilância especial pode ser exercida no horário do rush, entre 7 e 9 horas da manhã e das 17 e 19 horas, à tarde, para garantir que o transporte coletivo circule sem maiores embaraços. Mas isso sem o recurso amaldiçoado dos pardais. Dentro de uma política de trânsito humanizado, esta vigilância deve ter como objetivo principal a permanente orientação dos motoristas e ser feita pelos amarelinhos que precisam passar a ser utilizados mais intensamente.
ENOCK CAVALCANTI, jornalista e blogueiro, é editor de Cultura do Diário

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Alguma coisa está fora da ordem

LÚDIO CABRAL: 5 mil vidas perdidas para a covid em Mato Grosso

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CINCO MIL VIDAS

Lúdio Cabral*

Cinco mil vidas perdidas. Esse é o triste número que Mato Grosso alcança hoje, dia 26 de janeiro de 2021, em decorrência da pandemia da covid-19.

Cada um de nós, mato-grossenses, convivemos com a dor pela perda de alguém para essa doença. Todos nós perdemos pessoas conhecidas, amigos ou alguém da nossa família.

A pandemia em Mato Grosso foi mais dolorosa que na maioria dos estados brasileiros e o fato de termos uma população pequena dificulta enxergarmos com clareza a gravidade do que enfrentamos até aqui.

A taxa de mortalidade por covid-19 na população mato-grossense, de 141,6 mortes por 100 mil habitantes, é a 4ª maior entre os estados brasileiros, inferior apenas aos estados do Amazonas (171,9), Rio de Janeiro (166,2) e ao Distrito Federal (147,0). O número de mortes em Mato Grosso foi, proporcionalmente, quase 40% superior ao número de mortes em todo o Brasil. Significa dizer que se o Brasil apresentasse a taxa de mortalidade observada em Mato Grosso, alcançaríamos hoje a marca de 300.000 vidas perdidas para a covid-19 no país.

Lembram do discurso que ouvimos muito no início da pandemia? De que Mato Grosso tinha uma população pequena, uma densidade populacional baixa, era abençoado pelo clima quente e que, por isso, teríamos poucos casos de covid-19 entre nós?

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Lembram do posicionamento oficial do governador de Mato Grosso no início da pandemia, de que o nosso estado não teria mais do que 4.000 pessoas infectadas pelo novo coronavírus?

Infelizmente, a realidade desmentiu o negacionismo oficial e oficioso em nosso estado. Não sem muita dor. O sistema estadual de saúde não foi preparado de forma adequada. Os governos negligenciaram a necessidade de isolamento social rigoroso em momentos cruciais e acabaram transmitindo uma mensagem irresponsável à população. O resultado disso tudo foram vidas perdidas.

Ao mesmo tempo, o Mato Grosso do sistema de saúde mal preparado para enfrentar a pandemia foi o estado campeão nacional em crescimento econômico no ano de 2020. Isso às custas de um modelo de desenvolvimento que concentra renda e riqueza, de um sistema tributário injusto que contribui ainda mais com essa concentração, e de um formato de gestão que nega recursos às políticas públicas, em especial ao SUS estadual, já que estamos falando em pandemia.

Dolorosa ironia do destino, um dos municípios símbolo desse modelo de desenvolvimento, Sinop, experimentou mortalidade de até 100% entre os pacientes internados em leitos públicos de UTI para adultos em seu hospital regional.

Nada acontece por acaso. Os números da covid-19 em Mato Grosso não são produto do acaso ou de mera fatalidade. Os números da covid-19 em Mato Grosso são produto de decisões governamentais, de escolhas políticas determinadas por interesses econômicos, não apenas agora na pandemia, mas por anos antes dela. E devemos ter consciência disso, do contrário, a história pode se repetir novamente como tragédia.

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Temos que ter consciência dessas injustiças estruturais para que possamos lutar e acabar com elas. A dor que sofremos pelas pessoas que perdemos para a pandemia tem que nos mobilizar para essa luta.

Lutar por um modelo de desenvolvimento econômico que produza e distribua riqueza e renda com justiça, que coloque pão na mesa de todo o nosso povo e que proteja a nossa biodiversidade. Lutar por um sistema tributário que não sacrifique os pequenos para manter os privilégios dos muito ricos. Lutar por políticas e serviços públicos de qualidade para todos os mato-grossenses. Lutar pelo SUS, por um sistema público de saúde fortalecido e capaz de cuidar bem de toda a nossa população.

São essas algumas das lições que precisamos aprender e apreender depois de tantos meses de sofrimento e dor, até porque a tempestade ainda vai levar tempo para passar.

*Lúdio Cabral é médico sanitarista e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.

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