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É bem Mato Grosso

DANIELA FIGUEIREDO: Nas últimas décadas o Cerrado tem sido o bioma mais desmatado do Brasil

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É bem Mato Grosso

Prof. Daniela

Uma reflexão sobre 11 de setembro, Dia do Cerrado

Por Daniela Figueiredo

    O Cerrado brasileiro, que ocupa cerca de 22% do território brasileiro, é um bioma com árvores relativamente baixas, retorcidas e com aparência de falta de água, especialmente nesta época do ano de falta de chuvas, quando as folhas ficam muito secas. Mas é só aparência, as árvores do Cerrado possuem raízes profundas que conseguem captar água em grandes profundidades. Além de prover água para as árvores, as águas subterrâneas na região do Cerrado são fundamentais para abastecer milhares de nascentes que formam importantes rios brasileiros. Não é à toa que o Cerrado recebe o nome de “caixa d´água”, pois é onde nascem os principais rios de oito das 12 regiões hidrográficas do país, como os rios São Francisco, Paraná, Paraguai, Cuiabá, Araguaia, Tocantins e muitos afluentes da margem direita do Rio Amazonas, como os rios Teles Pires e Juruena. 

    Nas últimas duas décadas o Cerrado tem sido o bioma mais desmatado do Brasil. Estima-se que 45% de toda a sua vegetação nativa já tenha sido suprimida para dar lugar principalmente à atividade agropecuária. Essa ocupação vem ocorrendo com reduzido planejamento e controle e em extensas áreas contínuas, causando impactos como: i) erosão do solo com consequente assoreamento dos rios; ii) redução da biodiversidade e, por conseguinte, do controle natural de pragas e da ocorrência de polinizadores; iii) redução da infiltração da água da chuva e, por conseguinte, da quantidade de água subterrânea e das nascentes que formam os rios, colocando em risco a produção de água e a segurança hídrica; iv) redução na captura de carbono pelas árvores que foram retiradas e aumento na sua emissão pelo uso inadequado do solo e pela prática das queimadas; entre outros. 

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Tanto o desmatamento quanto as queimadas no Cerrado tem situado este bioma entre o principal local de Emissão de Gases de Efeito Estufa no Brasil. De acordo com André Ferreti, da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza: “É preciso amenizar as emissões provenientes da agropecuária e capturar carbono da atmosfera para mitigar as mudanças climáticas. No caso do Cerrado, governos, instituições privadas e a sociedade civil devem agir em conjunto para satisfazer todos os interesses. Desse modo, é importante desenvolver políticas públicas de conservação do Cerrado, reforçar os programas de monitoramento de desmatamento e promover incentivos para a agropecuária sustentável e de baixo carbono, visando um manejo equilibrado” (https://ciclovivo.com.br/ planeta/meio-ambiente/cerrado-bioma-brasileiro-taxa-desmatamento/, 01/02/2019). 

A queimada, além de ser adotada como prática de ocupação da terra, também está relacionada com outras ações humanas, tanto acidentais quanto propositais. Se por um lado as árvores do Cerrado têm adaptações ao fogo, ou seja, conseguem rebrotar após a rápida passagem das queimadas, por outro, a intensa e constante ocorrência de queimadas tem causado danos irreversíveis à fauna e à flora deste bioma, bem como prejuízos à saúde pública, particularmente neste ano em que as queimadas aumentaram drasticamente em número de focos e em tamanho de áreas queimadas como há muitos anos não se tinha registro, especialmente em Mato Grosso. Dentre os fatores que causaram este aumento desenfreado, destaca-se principalmente a redução do orçamento do setor de Meio Ambiente, que teve um corte de R$ 187 milhões, que inclui 50% a menos para o programa Prevfogo, que, como o nome diz, são ações de prevenção às queimadas (https://www.oeco.org.br/ noticias/ governo-corta-r-187-milhoes-do-mma-saiba-como-o-corte-foi-dividido/). Certamente estes cortes, que aparentemente representam uma “economia”, têm custado mais caro ao governo e a toda a sociedade, pois o aumento excessivo da fumaça das queimadas na atmosfera tem sido a principal causa de problemas respiratórios na população, que procura atendimento nos postos de saúde, os custos para apagar os incêndios são reconhecidamente muito mais elevados do que para preveni-los e os prejuízos materiais e à atividade turística são imensos. 

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Vale destacar ainda que os pesquisadores que trabalham com mudanças climáticas têm apontado que na região do Cerrado brasileiro, a projeção é de redução na quantidade de chuva e aumento das estiagens severas, o que poderá agravar mais ainda a ocorrência de queimadas, tornar o clima cada vez mais hostil e reduzir a quantidade de água nos rios (https://www.oeco.org.br/reportagens/29224-cerrado-pode-ser-um-dos-grandes-afetados-pelo-aquecimento-global/). 

Percebe-se, portanto, que a degradação do bioma Cerrado pelas atividades humanas tem reflexos negativos principalmente sobre a estabilidade do clima, a qualidade do ar e a quantidade de água disponível nos rios brasileiros, que tendem a se agravar com as mudanças climáticas. Isso nos leva a refletir sobre nossas ações, nossas prioridades e nossa relação com a natureza. Não precisamos salvar a natureza, ela não precisa de nós, somos nós seres humanos que precisamos dela, precisamos de ar e água em quantidade e/ou qualidade suficientes e de um clima estável e menos hostil para podermos viver e para produzir. Com isso, é fundamental repensarmos a nossa relação com a natureza, principalmente quanto ao modelo predominante adotado na atividade agropecuária, que é incompatível com o uso sustentável dos recursos naturais e vem sendo a principal causa de degradação do Cerrado brasileiro. 

Daniela Maimoni de Figueiredo é Bióloga, Mestre e Doutora em Ecologia; Pesquisadora Associada e Professora do Programa de Pós-Graduação e Recursos Hídricos-UFMT

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MIRANDA MUNIZ:  Dr. Lúdio: colar no Lula para chegar ao 2º turno!

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 Dr. Lúdio: colar no Lula para chegar ao 2º turno!
* Miranda Muniz

Na eleição de 2022, Lula teve 38,5% dos votos em Cuiabá. Na minha percepção, se as eleições presidências fossem hoje, o percentual de votos para Lula certamente seria bem maior.

Por outro lado, a dita polarização Lula X Bolsonaro (esquerda X direita), que alguns tentam inutilmente e desesperadamente combater, permanece firme e forte e, fatalmente será a tônica nas disputas vindouras, sobretudo nas maiores cidade.

É com base nesta realidade objetivo que devemos traçar as estratégicas eleitorais do pré-candidato da Federação Brasil da Esperança, Dr. Lúdio, para alcançar o segundo turno.

Hoje as pesquisas sobre a sucessão na Capital, apontam uma liderança do Botelho, no patamar de 30%, seguida por Abílio, na casa dos 20% e do Dr. Lúdio, com cerca de 15%.

Ante a esse quadro, qual a tática mas acertada para impulsionar a candidatura do Dr. Lúdio e leva-lo ao segundo turno?

Tenho visto e ouvido algumas falas do Dr. Lúdio na mídia onde a tónica é centrada no discurso do “candidato de toda a Cuiabá”; “candidato do diálogo”, etc, e que na sua futura gestão se preocupará apenas com os “problemas de Cuiabá”. Também procura fugir da polarização “Lula X Bolsonaro”, sob o argumento de “nem Lula nem Bolsonaro moram em Cuiabá”.

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A meu juízo, essa tática está equivocada. O crescimento do Dr. Lúdio nas pesquisas se dará com um discurso “colado no Lula”, de manhã, de tarde e de noite. No primeiro turno, onde serão necessários 25 a 30% dos votos para ir ao segundo turno, o discurso tem que ser “focado” em um nicho do eleitorado. Neste caso, no nicho a ser perseguido pelo Dr. Lúdio tem que ser o eleitorado do Lula, que hoje certamente está em torno de 45 a 50% em Cuiabá.

Ilusão considerar que o simples fato de ser um candidato do Partido dos Trabalhadores, por si só, já teria o apoio dos eleitores “lulistas”. O eleitorado do Lula quer uma candidatura que fala do Lula, que defenda as políticas públicas do Governo Lula, em especial às votadas aos mais necessitados. Mesmo “Lula não morando em Cuiabá”, muitas demandas da população para serem efetivadas dependem do Governo Federal – do Governo Lula.

Caso chegue ao segundo turno, aí sim, o discurso tem que ser mais amplo, para angariar apoios de outras candidaturas que disputaram no primeiro turno. Entretanto, fazer um discurso “do segundo turno” no primeiro turno, dificilmente levará a candidatura ao segundo turno.

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Aspecto de certa relevância e que também precisa de ajustes é a posição da candidatura da Federação em relação ao Governador Mauro Mendes e ao Prefeito Emanuel Pinheiro.

Vejo um criticismo exacerbado ao Prefeito e certo jogo de confetes ao Governador, sob argumento de bom exemplo de gestor. É certo que o Prefeito teve e tem inúmeras falhas administrativas mas, por outro lado, também teve muitos acertos. Também há de se levar em conta que dois dos três partidos que compõe a Federação FE BRASIL (PV e PCdoB), fazem parte da base de apoio do Prefeito. Além disso, a Dona Márcia Pinheiro (PV), esposa do Prefeito, foi a candidata do Lula na eleição passada na disputa ao Governo e seu filho, o deputado Emanuelzinho, é um dos vices líderes do Governo Lula na Câmara dos Deputados e, certamente, ajudará muito a futura administração municipal.

Com uma tática acertada, tenho convicção que o Dr. Lúdio chegará ao segundo turno e terá grandes possibilidade de se tornar o prefeito de Cuiabá.

* Miranda Muniz: agronômo, bacharel em direito, oficial de justiça avaliador federal, dirigente estadual e municipal do PCdoB e da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).

 

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