
João Negrão expõe a imoralidade de Rogério Salles, parceiro de Pedro Taques na disputa majoritária deste ano, em Mato Grosso. Eu sempre tive Rogério na minha conta de homens públicos admiráveis. “Nunca imaginei, porém, que sua fama de bom moço não resistisse a uma campanha eleitoral”
O legal e o imoral
João Negrão
O candidato tucano ao Senado, Rogério Salles, afirmou ser legal receber aposentadoria mensal de R$ 15 mil por ter ocupado o cargo de governador de Mato Grosso por apenas oito meses. É legal, sim. O candidato tem toda a razão. Ocorre, no entanto, que, como sabe ele, o legal nem sempre é moral e ético. A questão está aqui: um pleiteante a um dos cargos mais importantes da República brasileira, que entrou numa disputa eleitoral pregando a ética pública e exigindo de seus adversários tal postura, tem que ser exemplo e não aceitar imoralidades e ser desonesto com a população mato-grossense.
Eu sempre tive Rogério na minha conta de homens públicos admiráveis. Nunca imaginei, porém, que sua fama de bom moço não resistisse a uma campanha eleitoral, ele que até agora nunca havia enfrentado um embate verdadeiro, se limitando na vida inteira a se eleger vice. Foi vice de Carlos Bezerra – que, aliás, foi quem o levou para o mundo da política. Pode-se dizer que o político Rogério Salles é uma cria de Bezerra, o mesmo que agora ele tanto abomina. Foi vice de Dante de Oliveira. E agora é vice de Percival Muniz, o mesmo que ele em outros tempos abominou. Nesta condição, Salles sempre esteve blindado nos embates e nunca havia colocado a cara a tapa.
Agora, não. Nestas eleições ele teve que aparecer nu, sem a maquiagem do bom-mocismo. Para seu azar, nesta condição não há espaço para hipocrisias e o Rogério “bonzinho” está sendo confrontado com o Rogério “maldoso”. Justamente porque ele próprio vem se prestando ao papel da maldade, deixando de travar o debate político, de ideias e propostas para se lançar à escuridão do ninho dos maldosos de sempre. Ou seria apenas a máscara caindo?
A aposentadoria dele de R$ 15 mil, que faz dez anos – num montante de mais de R$ 2 milhões -, além de uma imoralidade é um acinte, um desrespeito para com o cidadão que tem que trabalhar por 30, 40 e até 50 anos para receber mísero salário. Fico imaginando o pobre trabalhador da Vila Operária, bairro tradicional de Rondonópolis, que terá que viver com 5% do que Rogério recebe todo mês do dinheiro público dos impostos pagos por aquele trabalhador e demais mato-grossenses.
O acinte e a imoralidade são ainda maiores por outras razões. Rogério se aposentou com apenas 49 anos de idade. Além disso, ele é um homem rico, um dos ícones do agronegócio mato-grossense, proprietário de fazendas e de empresas rurais e urbanas e com sólida formação profissional. Isto lhe permite ter uma vida sem problemas financeiros, diferentemente da esmagadora maioria dos eleitores, que amargam décadas à espera de uma aposentadoria que muitas vezes não chega antes da morte.
O Rogério “honesto” e “ético” poderia não ter aceitado a aposentadoria, instituída por uma lei imoral – que, aliás, ele como governador, poderia ter lutado contra ela. Mas não. Salles ficou quietinho no seu canto, só esperando para se beneficiar. Uma atitude matreira, própria dos oportunistas e longe de quem prega a ética e a honestidade. Eu gostaria que ele me explicasse como funciona esta sua postura de duas caras, de duas personalidades, esta dubiedade que parece incorrigível.
João Negrão é jornalista em Brasília
Sem contar a aposentadoria do Bosaipo, que assumiu o governo por 08 (oito) dias, após uma “licença” do então governador tampão!
Belo texto Jornalista João Negrão, me repugna ver um candidato achar que essa aposentadoria de ex governador é moral como ele mesmo disse no site Rdnews, ora como que um candidato ao Senado da República que prega moralidade com tal atitude. Esses são os nossos políticos brasileiros infelizmente, coitado de nós eleitores! Grande abraço Enock!
e a assessoria exercida para o instituto creatio? e a pressão feita sobre a mídia para evitar a divulgação de fatos negativos ao referido instituto, cujos diregentes foram presos pela polícia federal. ? foi ética a atuação, foi moral a atuação???
você não vai falar do escândalo lá no posto do locatelli, enock? pelo que li nos outros sites, a coisa foi feia
Enquanto não chega as chuvaradas, observemos o Mar de Lama patrocinado pelo grande capital da soja, distribuidores de petróleo e a turma barra pesada que resolveu dominar Mato Grosso…