Alguma coisa está fora da ordem
Mauro relacionado entre governadores da Amazônia que estão se lixando pra floresta
Alguma coisa está fora da ordem

Meus amigos, meus inimigos: os interesses mesquinhos do empresário e garimpeiro Mauro Mendes foram sutilmente desmascarados hoje, nas páginas eletrônicas do jornal O Globo, pelo jornalista e blogueiro Bernardo de Mello Franco, um dos melhores destaques na nova geração de analistas políticos que desponta no jornalismo brasileiro. É bom que esse renovação aconteça, porque a gente percebe que profissionais como Jânio de Freitas, Bob Fernandes, Luis Nassif e Paulo Moreira Leite já andam velhinhos e será muito triste quando eles nos faltarem. Eu, Enock Cavalcanti, tenho 66 anos de idade, o Bernardo tem 35 anos, então posso dizer que é um moço mas um moço atento. Vejam que ele percebeu que a maioria dos governadores que compareceu à reunião do presidente Bolsonaro com os governadores da Amazônia, estava ali muito mais para paparicar o eventual dono da chave do cofre do Palácio do Planalto do que para buscar saídas concretas para o drama das queimadas e do desmatamento que, nesses dias, espanta homens e mulheres de boa vontade pelo mundo afora. Mauro Mendes foi aquele governador que Mello Franco mais diretamente relacionou entre os bajuladores presentes à reunião. Já escrevi ontem, no meu perfil do Face, que MM foi à reunião mais como garimpeiro, que ele efetivamente é, do que como governador do Mato Grosso, condição que muita gente por aqui entende que ele ocupa ocasional e equivocadamente. Parece que Bernardo Mello Franco, pelo que soube da reunião, concorda comigo. Esse garoto jornalista, decididamente, é um profissional atento. Leia abaixo o que ele publicou em seu blogue, encartado no portal de O Globo. (Enock Cavalcanti)

Mello Franco e Mendes
AMAZÔNIA EM RISCO
Ele não está sozinho
por Bernardo Mello Franco, em O GLOBO
https://blogs.oglobo.globo.com/bernardo-mello-franco/post/ele-nao-esta-sozinho.html
A Amazônia continua em chamas, mas Jair Bolsonaro conseguiu mostrar que não está sozinho. Na reunião de ontem, a maioria dos governadores da região deixou claro que também está se lixando para a floresta. O encontro reuniu representantes de nove Estados. Sete deles apoiaram a eleição do presidente e agora endossam o seu discurso antiambiental.
“Hoje o Ibama chega e multa todo mundo, sem nenhum direito de defesa. A Polícia Federal chega no porto e apreende todas as cargas de madeira”, reclamou o governador de Roraima, Antonio Denarium (PSL), dublê de político e porta-voz dos grileiros.
“As queimadas sempre existiram”, emendou o governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL). Coronel da PM, ele buscou apresentar os ruralistas como vítimas, e não responsáveis pelas queimadas. “O que eu vi foram agricultores apagando incêndio. Existe uma distorção do que é falado no exterior”, alegou.
Empenhados em bajular o capitão, alguns convidados repetiram seus ataques ao presidente da França. “O seu Macron está surfando nas cinzas da Amazônia”, discursou o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM). Ele também endossou o lobby presidencial para liberar o garimpo em terras indígenas. “Nós não queremos tirar terra de índio, não. Nós queremos tirar as riquezas que lá estão!”, esclareceu.
Sob críticas de líderes do G7 e da imprensa internacional, Bolsonaro não escondeu a alegria com os afagos. “Vamos sair todo mundo para tomar um refrigerante aí fora, numa boa. Todo mundo amigo!”, empolgou-se, depois que o aliado Denarium atacou as demarcações.
O clima de camaradagem só foi quebrado por dois governadores. Helder Barbalho (MDB), do Pará, argumentou que a crise diplomática pode prejudicar as exportações brasileiras. Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, lembrou que as verbas do Fundo Amazônia estão fazendo falta no combate às queimadas. Até aqui, Bolsonaro já esnobou R$ 288 milhões em doações.
“Nós não podemos rasgar dinheiro, porque rasgar dinheiro não é algo sensato”, afirmou Dino. O problema é que a sensatez anda em falta no Planalto.
FONTE O GLOBO


Alguma coisa está fora da ordem
LÚDIO CABRAL: 5 mil vidas perdidas para a covid em Mato Grosso

CINCO MIL VIDAS
Lúdio Cabral*
Cinco mil vidas perdidas. Esse é o triste número que Mato Grosso alcança hoje, dia 26 de janeiro de 2021, em decorrência da pandemia da covid-19.
Cada um de nós, mato-grossenses, convivemos com a dor pela perda de alguém para essa doença. Todos nós perdemos pessoas conhecidas, amigos ou alguém da nossa família.
A pandemia em Mato Grosso foi mais dolorosa que na maioria dos estados brasileiros e o fato de termos uma população pequena dificulta enxergarmos com clareza a gravidade do que enfrentamos até aqui.
A taxa de mortalidade por covid-19 na população mato-grossense, de 141,6 mortes por 100 mil habitantes, é a 4ª maior entre os estados brasileiros, inferior apenas aos estados do Amazonas (171,9), Rio de Janeiro (166,2) e ao Distrito Federal (147,0). O número de mortes em Mato Grosso foi, proporcionalmente, quase 40% superior ao número de mortes em todo o Brasil. Significa dizer que se o Brasil apresentasse a taxa de mortalidade observada em Mato Grosso, alcançaríamos hoje a marca de 300.000 vidas perdidas para a covid-19 no país.
Lembram do discurso que ouvimos muito no início da pandemia? De que Mato Grosso tinha uma população pequena, uma densidade populacional baixa, era abençoado pelo clima quente e que, por isso, teríamos poucos casos de covid-19 entre nós?
Lembram do posicionamento oficial do governador de Mato Grosso no início da pandemia, de que o nosso estado não teria mais do que 4.000 pessoas infectadas pelo novo coronavírus?
Infelizmente, a realidade desmentiu o negacionismo oficial e oficioso em nosso estado. Não sem muita dor. O sistema estadual de saúde não foi preparado de forma adequada. Os governos negligenciaram a necessidade de isolamento social rigoroso em momentos cruciais e acabaram transmitindo uma mensagem irresponsável à população. O resultado disso tudo foram vidas perdidas.
Ao mesmo tempo, o Mato Grosso do sistema de saúde mal preparado para enfrentar a pandemia foi o estado campeão nacional em crescimento econômico no ano de 2020. Isso às custas de um modelo de desenvolvimento que concentra renda e riqueza, de um sistema tributário injusto que contribui ainda mais com essa concentração, e de um formato de gestão que nega recursos às políticas públicas, em especial ao SUS estadual, já que estamos falando em pandemia.
Dolorosa ironia do destino, um dos municípios símbolo desse modelo de desenvolvimento, Sinop, experimentou mortalidade de até 100% entre os pacientes internados em leitos públicos de UTI para adultos em seu hospital regional.
Nada acontece por acaso. Os números da covid-19 em Mato Grosso não são produto do acaso ou de mera fatalidade. Os números da covid-19 em Mato Grosso são produto de decisões governamentais, de escolhas políticas determinadas por interesses econômicos, não apenas agora na pandemia, mas por anos antes dela. E devemos ter consciência disso, do contrário, a história pode se repetir novamente como tragédia.
Temos que ter consciência dessas injustiças estruturais para que possamos lutar e acabar com elas. A dor que sofremos pelas pessoas que perdemos para a pandemia tem que nos mobilizar para essa luta.
Lutar por um modelo de desenvolvimento econômico que produza e distribua riqueza e renda com justiça, que coloque pão na mesa de todo o nosso povo e que proteja a nossa biodiversidade. Lutar por um sistema tributário que não sacrifique os pequenos para manter os privilégios dos muito ricos. Lutar por políticas e serviços públicos de qualidade para todos os mato-grossenses. Lutar pelo SUS, por um sistema público de saúde fortalecido e capaz de cuidar bem de toda a nossa população.
São essas algumas das lições que precisamos aprender e apreender depois de tantos meses de sofrimento e dor, até porque a tempestade ainda vai levar tempo para passar.
*Lúdio Cabral é médico sanitarista e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.
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