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Alguma coisa está fora da ordem

ENOCK CAVALCANTI: É uma indecência este auxílio livro , para o MP que já conta com verbas indenizatórias para gastos com moradia, transporte, alimentação, além de gordas diárias

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Alguma coisa está fora da ordem

Publico, abaixo, uma versão estendida do artigo de minha autoria que circula, nesta quarta-feira, na edição imprensa do jornal Diário de Cuiabá, versando sobre o auxílio-livro que procuradores e promotores de Justiça de Mato Grosso resolveram se pagar.
 
A rapinagem do MP
Enock Cavalcanti
 
Meus amigos, meus inimigos: parece que não bastou ao Ministério Público, através do procurador Domingos Sávio, a ignomínia de defender que o desembargador Orlando Perri e a OAB fossem afastados das investigações dos grampos clandestinos, em Mato Grosso – e paralisadas todas as investigações sobre este escândalo que continua deixando boquiabertos os mato-grossenses. O tempo passa e não se chega a lugar nenhum, não são identificados os mandantes. E o MP, que teve tanta gente ao seu lado, quando lutava para garantir seu direito de investigar fosse lá o que fosse, agora, através desse surpreendentemente repaginado procurador Domingos Sávio Arruda, foi ao TJ defender que não se investigue grampo nenhum. Quem te viu, quem te vê.
Na verdade, a defesa do arquivamento das investigações,  imagino eu, nos meus delírios,  deveria ter sido feita, no plenário do TJ, pelo próprio procurador geral. Mas parece que faltou estatura para o atual PGJ, que passou a bola para o colega Domingos. E dia desses, o Dr. Curvo, ao invés de convocar a imprensa para falar sobre os grampos, preferiu produzir um vídeo chapa branca em que foi sabatinado por uma assessora. Do que se esconde o Dr. Mauro Benedito Curvo? Ao fugir da coletiva ele até mesmo deixa de contribuir para a elevação do padrão de atuação dos jovens repórteres de nossa imprensa, que precisam ser cotidianamente desafiados a atuarem em abordagens mais palpitantes. Mauro Curvo parece que não consegue enxergar além dos próprios sapatos.
Mas, como disse, não bastou a ignomínia do pedido de arquivamento. No sábado, veio a luz, no Diário Oficial do Estado, a nova boquinha que o Dr. Curvo resolveu garantir para seus pares.
É que cada promotor e cada procurador do Ministério Público, que já embolsa uma remuneração respeitável, algo em torno de 30 mil por mês, vai mamar agora mais 14 mil por ano, para pagar, pretensamente, a compra de livros técnicos. No momento em que o Brasil se esgoela diante dos horrores da crise econômica, com os golpistas de plantão impondo à maioria trabalhadora uma reforma trabalhista que é um retorno à escravidão dos tempos coloniais, nos vem o Ministério Público de Mato Grosso com um esqueminha desses, para faturar uns dólares a mais, como se fossem todos os seus integrantes bandoleiros de um faroeste italiano.
É uma indecência este auxílio livro, para quem já conta com verbas indenizatórias para cobrir gastos com moradia, transporte, alimentação, além de gordas diárias. Vejo promotores e procuradores se lançando como aves de rapina sobre os cofres da viúva, ao mesmo tempo que os golpistas, em Brasília, desmontam a Consolidação das Leis do Trabalho, expondo uma multidão de trabalhadores à miséria.
Onde foi parar a vergonha desse pessoal do MP? Vamos ver se aparece algum promotor ou procurador que se recuse a participar deste cruel ataque aos cofres públicos. No Conselho Nacional do MP, em Brasília, quando se propôs essa semana o reajuste de 16,7% nos salários dos procuradores da República, ao menos três dos 11 conselheiros do CNMP de manifestaram contra essa nova sangria.
 
Enock Cavalcanti, jornalista e blogueiro, é editor de Cultura do Diário

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LÚDIO CABRAL: 5 mil vidas perdidas para a covid em Mato Grosso

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CINCO MIL VIDAS

Lúdio Cabral*

Cinco mil vidas perdidas. Esse é o triste número que Mato Grosso alcança hoje, dia 26 de janeiro de 2021, em decorrência da pandemia da covid-19.

Cada um de nós, mato-grossenses, convivemos com a dor pela perda de alguém para essa doença. Todos nós perdemos pessoas conhecidas, amigos ou alguém da nossa família.

A pandemia em Mato Grosso foi mais dolorosa que na maioria dos estados brasileiros e o fato de termos uma população pequena dificulta enxergarmos com clareza a gravidade do que enfrentamos até aqui.

A taxa de mortalidade por covid-19 na população mato-grossense, de 141,6 mortes por 100 mil habitantes, é a 4ª maior entre os estados brasileiros, inferior apenas aos estados do Amazonas (171,9), Rio de Janeiro (166,2) e ao Distrito Federal (147,0). O número de mortes em Mato Grosso foi, proporcionalmente, quase 40% superior ao número de mortes em todo o Brasil. Significa dizer que se o Brasil apresentasse a taxa de mortalidade observada em Mato Grosso, alcançaríamos hoje a marca de 300.000 vidas perdidas para a covid-19 no país.

Lembram do discurso que ouvimos muito no início da pandemia? De que Mato Grosso tinha uma população pequena, uma densidade populacional baixa, era abençoado pelo clima quente e que, por isso, teríamos poucos casos de covid-19 entre nós?

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Lembram do posicionamento oficial do governador de Mato Grosso no início da pandemia, de que o nosso estado não teria mais do que 4.000 pessoas infectadas pelo novo coronavírus?

Infelizmente, a realidade desmentiu o negacionismo oficial e oficioso em nosso estado. Não sem muita dor. O sistema estadual de saúde não foi preparado de forma adequada. Os governos negligenciaram a necessidade de isolamento social rigoroso em momentos cruciais e acabaram transmitindo uma mensagem irresponsável à população. O resultado disso tudo foram vidas perdidas.

Ao mesmo tempo, o Mato Grosso do sistema de saúde mal preparado para enfrentar a pandemia foi o estado campeão nacional em crescimento econômico no ano de 2020. Isso às custas de um modelo de desenvolvimento que concentra renda e riqueza, de um sistema tributário injusto que contribui ainda mais com essa concentração, e de um formato de gestão que nega recursos às políticas públicas, em especial ao SUS estadual, já que estamos falando em pandemia.

Dolorosa ironia do destino, um dos municípios símbolo desse modelo de desenvolvimento, Sinop, experimentou mortalidade de até 100% entre os pacientes internados em leitos públicos de UTI para adultos em seu hospital regional.

Nada acontece por acaso. Os números da covid-19 em Mato Grosso não são produto do acaso ou de mera fatalidade. Os números da covid-19 em Mato Grosso são produto de decisões governamentais, de escolhas políticas determinadas por interesses econômicos, não apenas agora na pandemia, mas por anos antes dela. E devemos ter consciência disso, do contrário, a história pode se repetir novamente como tragédia.

Leia Também:  SEBASTIÃO CARLOS: Antigamente se dizia que, além da esperança e do futuro, o Brasil era também o país do carnaval e do futebol. O carnaval, como todos já sabem, deixou de existir como festa de autentica participação popular, pelo menos nos grandes centros. E o futebol ... bem, precisa dizer alguma coisa? Percebem-se claros sinais de desassossego e angustia nos olhos das melhores pessoas. A ladainha popular sobre o ter esperança nos diz também que ela é a última que morre. Será?

Temos que ter consciência dessas injustiças estruturais para que possamos lutar e acabar com elas. A dor que sofremos pelas pessoas que perdemos para a pandemia tem que nos mobilizar para essa luta.

Lutar por um modelo de desenvolvimento econômico que produza e distribua riqueza e renda com justiça, que coloque pão na mesa de todo o nosso povo e que proteja a nossa biodiversidade. Lutar por um sistema tributário que não sacrifique os pequenos para manter os privilégios dos muito ricos. Lutar por políticas e serviços públicos de qualidade para todos os mato-grossenses. Lutar pelo SUS, por um sistema público de saúde fortalecido e capaz de cuidar bem de toda a nossa população.

São essas algumas das lições que precisamos aprender e apreender depois de tantos meses de sofrimento e dor, até porque a tempestade ainda vai levar tempo para passar.

*Lúdio Cabral é médico sanitarista e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.

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