O melhor detergente é a luz do sol
EDMUNDO LIMA JR, Jessé de Souza, os autoenganos e o suicídio assistido das esquerdas no Brasil
O melhor detergente é a luz do sol
Autoenganos e suicídio assistido das esquerdas*
POR EDMUNDO LIMA DE ARRUDA JR
Muitos são os sucessivos e cumulativos equívocos da crítica aos impasses das lutas populares (algo mais abrangente e ambíguo que a crítica da crise de identidade das esquerdas) entre os quais soma-se o esforço (necessário e louvável) de Jessé Souza – em trabalhos que testenunham sua transição weberiana dos tempos de doutorado (pleno de reconhecimentos e acertos) para os escritos militantes oportunizado pelos governos lulopetistas. Tudo compreensível. A polarização a todos afeta em termos regressivos. A esquerda e a direita, nesse sentido, somam um imenso e retumbante Nós.
Prevalece no discurso de Jessé um certa redução simplificadora de cariz Chauiniana, presente em livros da fase atual (preponderante política) de Jessé, com ênfase na surrada crítica às visões conservadores das classes médias (?) e na insistente fagotizaçâo dos intelectuais (e elites em geral) na visão de mundo dos donos do poder e do dinheiro, condenados desta forma ao lugar de lacaios do sistema, ou como ele diz, ao posto de “capitães do mato”. Tal generalização remete aqueles setores médios à uma via de mão única, a das marionetes reacionárias (?). Redução um tanto complicada para situar a natureza diferenciada das elites e seus lugares na complexa estrutura social e cultural brasileira. É a moda de certa esquerda tardia, agravada com as previsões (?) um tanto questionáveis e temerárias, a exemplo da apocalíptica iranizaçâo do nosso país assumida por Jessé.
Agora os prognósticos de Jessé apresentam-se sob a robustez de cem entrevistas que fundam seu último livro sobre “O pobre de direita: a vingança dos bastardos”. Como tese central: a tendência geral é a de acirramento do ódio oriundo de séculos de clivagens e hierarquias sociais observáveis entre minorias dos que gozam do banquete moderno dos poderosos e mais de oitenta por cento dos que continuam condenados a permanecer na Idade Média. Haja pesquisa qualitativa para legitimar um caso revelador tão pleno de fatídica visão futurologista de radical caráter pessimista. Não há novidades sobre as negáveis e conhecidas teses de mutações em nosso ornitorrinco social. Mas Chico de Oliveira, um marxista de raiz que não rendido às tradicionais cooptação ou arrependimentos espertos, já vislumbrava há mais de quarenta anos o futuro das esquerdas no Brasil, a começar pelo PT – Partido dos Trabalhadores que ajudou a fundar: o caminho do capital pela via prostituída do transformismo previsto por Gramsci.
Ora bolas, Jessé participou dos governos populares (com cargos importantes) legitimando o gradual transformismo já referido (trocas caracu entre donos do dinheiro e trabalhadores) do qual resultou, em grande medida, a liquidação do que restava de um projeto que se poderia denominar, com muitas reservas, como de esquerda. Como assim? Os brancos de Jessé não são exclusivos a ele. Boa parte da esquerda tradicionalista tem dificuldades de compreender o turbilhão de transformações no seu entorno e as sinucas de bico nas quais se encontra. Sim, muitas são as dificuldades de entender a tortuosa gênese de boas intenções e grandes passos na artesania de sucessivas derrotas da esquerda. Senão, vejamos alguns poucos marcos dessa experiência mais próxima da esquerda de governabilidade.
Lula e o Lulopetismo: a) derrotaram o que havia de mais potencial num populismo legítimo, a herança getulista, b) inviabilizaram o que poderia ser um projeto social de democracia possível (?) inviabilizando no nascedouro dos oitenta uma aliança social democrata menos frágil com o projeto tucano, c) converteram o juvenil, delirante e bastardo leninismo pequeno-burguês a la Zé Dirceus – da Revolução brasileira, em garotos de bom recado do rentismo e seus derivados, os artífices da eutanásia (assistida) das *esquerdas”.
Imperioso ter consciência dessa conturbada dissociação política geral de ideias e práticas e das desconexões entre vanguardas e destinatários de seus projetos, sejam elas colocadas em nome do liberalismo ou do socialismo. Importante observar as relações amorosas ou incestuosas entre ideários e comportamentos, o que talvez possa permitir a Jessé empreender mais profundamente diagnósticos mais adequados e tentar a tarefa impossível de Weber: “tentar o impossível para lograr o possível”.
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*Edmundo Lima de Arruda Jr, sociólogo e professor titular aposentado da UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina. Autor de “Direito, Ordem e Desordem” (com Marcus Fabiano Gonçalves), “Um inverno quente no Brasil:junho de 2013” e “O Direito no Abismo”
3.11.24
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