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ANTONIO JOAQUIM, conselheiro em Mato Grosso, defende que presidentes de Tribunais de Contas do Brasil assumam compromisso de se recusarem a dar posse àqueles que forem indicados para ministro ou conselheiro e não reúnam as condições previstas na Constituição ou tenham impedimentos previstos na Lei da Ficha Limpa, como condenação por órgão colegiado por ato de improbidade. Vigorasse compromisso como esse, Humberto Bosaipo, por exemplo, não poderia assumir cadeira de conselheiro em Mato Grosso.

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Antonio Joaquim é conselheiro ouvidor do Tribunal de contas de Mato Grosso e ex-presidente da Atricon - Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil

Antonio Joaquim é conselheiro ouvidor do Tribunal de contas de Mato Grosso e ex-presidente da Atricon – Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil

Chega de zona de conforto para os TCs

Antonio Joaquim

Editorial do jornal O Globo do dia 22 de julho traz um título forte, golpe duríssimo para os Tribunais de Contas brasileiros, afirmando que os “TCEs precisam ser moralizados”. Observe-se que no primeiro parágrafo, o jornal aponta apenas os Tribunais de Contas dos Estados, que precisariam “passar por um saneamento”, esquecendo dos Tribunais de Contas de Municípios e do Tribunal de Contas da União. Incluo-os porque O Globo coloca o dedo no que diz ser a principal causa motivadora: o atual modelo constitucional usado para escolha de conselheiros, com a indicação feita pelos Poderes Executivo (1/3) e Legislativo (2/3). Mas o modelo é igual para todos. O jornal conclui defendendo a aplicação da Lei da Ficha Limpa aos candidatos a conselheiros.

Afirmo que a proposta do jornal O Globo não é original. Há tempos vários conselheiros – incluo-me entre estes – pregam essa mesma providência, a observância da Lei da Ficha Limpa e o respeito aos requisitos estabelecidos pela Constituição Federal. Aliás, diferente de matérias jornalísticas publicadas esta semana no próprio jornal, no Editorial o Globo diz que “há debates sobre como aperfeiçoar os TCEs” sem registrar o merecido crédito para a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil, que vem lutando pela transformação das nossas instituições de controle externo, tendo como passo fundamental a criação do Conselho Nacional dos Tribunais de Contas. Luta que vem do início desta década. Quando ocupei o cargo de presidente da Atricon, fiz peregrinações pelo Congresso Nacional clamando por essa medida concreta.

O Encontro Nacional dos TCs, que será realizado em Fortaleza (CE), de 4 a 6 de agosto próximo, marcará mais um estágio da luta pelo aperfeiçoamento, com a aprovação de várias resoluções orientativas da Atricon – inclusive uma proposta de PEC visando reformular a composição dos Tribunais de Contas, ampliando em mais duas as vagas para ministros ou conselheiros egressos de carreira técnica. Sempre disse que, para mim, não existe dogma nesse assunto. Apenas observo que desvios de conduta, problemas etc também ocorrem em órgãos cujo ingresso se dá por concurso público, como é o caso do Judiciário.

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Mas eu quero avançar mais – este é o objetivo do artigo –, mesmo sabendo do pouco tempo que temos até a realização do encontro nacional. Em não se produzindo uma resolução orientativa da Atricon com tal propósito, entendo ser fundamental que a nossa associação articule os 34 presidentes de Tribunais de Contas a assumirem um compromisso público com o Brasil, de se recusar a dar posse àqueles que forem indicados para os cargos de ministro ou conselheiro e não reúnam as condições previstas na Constituição da República ou tenham os impedimentos previstos na Lei da Ficha Limpa, notadamente condenação por um órgão colegiado e cujo motivo seja ato de improbidade.

Proponho um compromisso subscrito pela Atricon e pelos presidentes de TCs, que possa ser cobrado por todos, doravante. Um documento que também seja, solenemente, entregue aos chefes dos Poderes Executivo e Legislativo, do País e de todos os Estados brasileiros. É uma medida na mesma linha da já adotada pelo nosso presidente, conselheiro Valdecir Pascoal, que encaminhou às autoridades federais e estaduais a posição contrária da Atricon quando da tentativa de nomeação do senador Gim Argelo como ministro do TCU, no semestre passado. O avanço seria uma posição conjunta dos dirigentes dos órgãos de controle externo.

Pode parecer estranho uma autoridade explicitar esse pensamento, tão elementar. Mas é necessário, porque os Tribunais de Contas, com raras exceções, ao longo dos anos vêm tirando o corpo fora dessa responsabilidade, sob a alegação de que a competência pela escolha e indicação é privativa dos Poderes Executivo e Legislativo e que, feita a escolha e nomeação, não lhes cabe recusar a posse. Chega! Essa justificativa não se sustenta mais, seja cultural, moral ou no aspecto legal.

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A escolha de um ministro ou conselheiro é um ato administrativo complexo. Necessita, para a sua formação, de manifestação de vontade e ação de diferentes órgãos. Do Poder Legislativo ou Executivo, na indicação. Do Legislativo, na aprovação. Do Executivo, na nomeação. Porém, para ser considerado perfeito, a escolha precisa ser confirmada por um ato de posse, feito pelo Tribunal de Contas. Somente se conclui com essa formalidade essencial, obrigatória, legal. Sem ela, o indicado, aprovado e nomeado não passa de um fantasma que não consegue ser encarnado.

Os Tribunais de Contas precisam sair dessa zona de conforto, de evitar enfrentamentos com os Poderes Executivo e Legislativo. Caso contrário, continuaremos pagando caro. É brincar de guilhotina, emprestando o pescoço para a lâmina dos outros.

Como se diz, a Constituição dá o corpo (requisitos), o Legislativo ou Executivo dão a cara, mas o Tribunal de Contas oferece o abrigo, a casa, o locus de atuação. Será ministro ou conselheiro somente se tiver investidura, dada pelo Tribunal de Contas. Nenhuma outra instituição pode assumir essa responsabilidade, que é dele. E cabe também aos Tribunais de Contas a competência de fiscalizar se a Constituição Federal e a Lei da Ficha Limpa foram observadas.

P.S. Escrevo este artigo com o necessário e importante esclarecimento – porque não sei fazer diferente senão com honestidade e transparência. Sou um conselheiro condenado em juízo monocrático, em ação julgada 11 anos após o seu início, que ocorreu depois que fui empossado. Um processo julgado em regime de mutirão e com decisão contrária à farta jurisprudência do Tribunal de Justiça do meu Estado e de tribunais superiores. A Lei da Ficha Limpa ainda não se aplica ao meu caso e tenho a convicção que não o será, pois serei justiçado no julgamento pela instância superior, um colegiado. Mas essa situação não me impede de falar o que eu penso e defendo.

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No dia do servidor público, comunidade da UFMT alerta população sobre a PEC 32 e cobra deputados

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Adufmat cobra compromissos dos parlamentares que representam o povo trabalhador de Mato Grosso

Já faz mais de um ano que os servidores públicos federais, estaduais e municipais denunciam a elaboração de mais um forte e perigoso ataque contra os direitos constitucionais. O Governo Federal queria aprovar sua proposta de Reforma Administrativa (PEC 32) em agosto deste ano, mas devido à gravidade da pauta e a pressão de sindicatos e movimentos sociais, tem encontrado dificuldades para conseguir os 308 votos necessários.

Nessa quinta-feira, 28/10, Dia do Servidor Público, a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), representada pelos sindicatos dos docentes, técnicos-administrativos e estudantes – Adufmat-Ssind, Sintuf/MT e DCE, respectivamente -, fez mais uma intervenção: encheu de faixas as grades da universidade para denunciar o ataque e cobrar os parlamentares mato-grossenses.

Há seis semanas servidores de todo o país fazem vigília em Brasília para demonstrar aos parlamentares que a população é contrária à PEC 32, porque sabe que será prejudicada. A Adufmat-Ssind já realizou diversas atividade nesse sentido. Publicou uma cartilha elencando os malefícios da PEC 32 para os servidores e para a sociedade como um todo (clique aqui para acessar), organizou atos e campanhas nas ruas, redes sociais, emissoras de TV e rádio, lives, além de uma série de programas com a personagem Almerinda para dialogar com a população sobre o assunto.

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A PEC 32 é a terceira proposta de Reforma Administrativa desde a promulgação da Constituição de 1988 e, desta vez, tem como objetivo precarizar os contratos dos trabalhadores, colocando os servidores públicos em condição de maior fragilidade e permitindo todo tipo de barganha com os cargos públicos. Também pretende introduzir o princípio de subsidiariedade, no qual o Estado atua como um igual, e não como um ente superior ao setor privado e conceder superpoderes ao presidente da República, que passaria a poder destruir instituições e autarquias com apenas uma canetada.

A justificativa mentirosa utilizada pelos governantes para aprovar a PEC 32 seria acabar com privilégios de servidores. No entanto, políticos, militares de alta patente e o alto escalão do Poder Judiciário, exatamente aqueles que recebem salários exorbitantes, ficarão de fora da Reforma. Ela tingirá, apenas, os servidores que recebem os menores salários, em sua maioria, os que estão em contato direto com a população usuária dos serviços públicos.

O Governo também mente sobre os reflexos da reforma para os atuais servidores federais, estaduais e municipais. Além de já receberem os piores salários e enfrentarem ambientes de trabalhos precarizados, esses servidores correm o risco de sofrer redução de salários e carga horária de trabalho em até 25%.

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Para o diretor geral da Adufmat-Ssind, professor Reginaldo Araújo, a data é mais uma grande oportunidade para “chamar a atenção da população sobre os ataques da PEC 32 e cobrar os deputados, lembrando que aqueles que atacam a população dessa forma costumam não ser reeleitos, a exemplo da última Reforma da Previdência”.

Até o momento, os deputados mato-grossenses que se declararam contrários à PEC 32 são: Rosa Neide (PT), Emanuelzinho (PTB), Leonardo (SDD), Carlos Bezerra (MDB) e Juarez Costa (MDB). Os deputados que ainda se mostram favoráveis à proposta são Neri Gueller (PP), Nelson Barbudo (PSL) e José Medeiros (PODE).

Protesto na UFMT contra PEC 32

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