Alguma coisa está fora da ordem
ZÉ DIRCEU: Não podemos esperar até eleições de 2022 para remover Bolsonaro
Alguma coisa está fora da ordem


O Zé
Principal tarefa é remover Bolsonaro
JOSÉ DIRCEU
Lá se foi 2020 e nada mudou. Ao contrário tudo se agravou. Os desafios do Brasil e de nosso povo ficaram ainda maiores. Tragicamente, não temos nenhum plano de vacinação e nem como enfrentar o agravamento da pandemia. Nunca houve um governo criminoso e irresponsável como o atual, na realidade um governo militar, autoritário, de extrema direita, obscurantista e fundamentalista. Um governo corrupto começando pela família do presidente e, também, corruptor ao capturar as instituições –como a Polícia Federal, a Receita Federal, o Coaf, o Ministério Público– e colocá-las a serviço da impunidade para benefício do presidente, sua família e grupo de áulicos, dos policiais e militares agora acima da lei.
O governo de Bolsonaro foi ainda além ao estimular o armamento da população e apoiar as milícias, ao contrapor-se ao isolamento social e à vacinação universal pública e gratuita. Enfim, uma terra arrasada onde grassa a violência e a barbárie, que incluem o desprezo pelo meio ambiente, pela cultura e ciência, pela liberdade e democracia. Temos um governo que simplesmente nega o novo mundo que emerge na crise, com alinhamento total aos Estados Unidos de Trump e hostil à China e à União Europeia. Um governo que abandonou o Mercosul e a integração sul americana, nossa natural e necessária aliança geopolítica, solução e saída para o desenvolvimento nacional.
DOLOROSA HERANÇA
O ano que não acabou deixa uma herança de estagnação e aumento da pobreza, desemprego e desalento, precarização e sucateamento dos serviços públicos. Só austeridade –menos para as Forcas Armadas e seus oficiais–, privatização, mercado, especulação. Sem crescimento e com aumento de desemprego, ainda enfrentamos um cenário de juros reais para o consumidor, as famílias e as pequenas e médias empresas, o que, ao lado da estrutura tributária, expropria a renda nacional e reduz o Brasil a um país de subconsumo, de alta concentração de renda, riqueza e propriedade.
Teto de gastos, regra de ouro, corte de salários e gasto (exceção fica por conta das elites militares e do Judiciário) são apresentados como solução para um dos maiores países do mundo que só cresceu historicamente quando rompeu com essa ortodoxia e se lançou aos desafios e sonhos visionários de seus líderes com Getúlio, JK e Lula. Nossa história nos ensina que só com o Estado e o investimento público, com distribuição de renda e um projeto nacional será possível devolver ao país e seu povo autoestima, orgulho, confiança e coesão social.
À BEIRA DO PRECIPÍCIO
Vivemos à beira de um precipício. Nossa democracia, Estado Nacional e de Bem Estar estão em risco de um colapso ou ruptura, de serem capturados de novo por uma ditadura depravada e decadente. É hora de dar um basta e encerrar o ano de 2020 derrotando de uma vez por todas , antes que seja tarde, a camarilha que assaltou o poder em Brasília.
Não há mais dúvidas. Bolsonaro e seu bando não podem e não devem continuar governando o Brasil. É preciso impedir a marcha acelerada do governo em direção ao suicídio nacional.
Não podemos esperar por 2022 para derrotar este desgoverno. Nossa tarefa principal, em 2021, é remover Bolsonaro do cargo de presidente, de forma legal e constitucional, e mobilizar o pais para a vacinação e para um plano de emergência que evite uma catástrofe social já às nossas portas com o aumento do desemprego, da pobreza, da inflação e fim do auxilio emergencial.
De imediato, devemos barrar todas suas iniciativas no Parlamento e recorrer ao Judiciário para obrigá-lo a vacinar a população e respeitar a Constituição, impedir que continue aparelhando as instituições e que venha a controlar a mesa das duas casas legislativas. Para isso, é necessário unir todos os democratas, progressistas, nacionalistas na luta contra Bolsonaro e constituir, desde já, uma Frente Popular de esquerda para organizar a resistência popular, lutar pela vacinação pública e gratuita, pelo auxílio emergencial, por um plano de investimentos para criar empregos e renda e para disputar as eleições presidenciais em 2022.
José Dirceu de Oliveira e Silva, 74 anos, é advogado. Foi deputado estadual e federal pelo PT e ministro da Casa Civil (governo Lula). Foi condenado em 1ª Instância na Lava Jato a 32 anos e 1 mês de prisão. Aguarda em Brasília a decisão do TRF-4, tribunal de 2ª Instância da Justiça Federal, sobre condenações já proferidas pelo juiz Sérgio Moro na 1ª Instância.


Alguma coisa está fora da ordem
LÚDIO CABRAL: 5 mil vidas perdidas para a covid em Mato Grosso

CINCO MIL VIDAS
Lúdio Cabral*
Cinco mil vidas perdidas. Esse é o triste número que Mato Grosso alcança hoje, dia 26 de janeiro de 2021, em decorrência da pandemia da covid-19.
Cada um de nós, mato-grossenses, convivemos com a dor pela perda de alguém para essa doença. Todos nós perdemos pessoas conhecidas, amigos ou alguém da nossa família.
A pandemia em Mato Grosso foi mais dolorosa que na maioria dos estados brasileiros e o fato de termos uma população pequena dificulta enxergarmos com clareza a gravidade do que enfrentamos até aqui.
A taxa de mortalidade por covid-19 na população mato-grossense, de 141,6 mortes por 100 mil habitantes, é a 4ª maior entre os estados brasileiros, inferior apenas aos estados do Amazonas (171,9), Rio de Janeiro (166,2) e ao Distrito Federal (147,0). O número de mortes em Mato Grosso foi, proporcionalmente, quase 40% superior ao número de mortes em todo o Brasil. Significa dizer que se o Brasil apresentasse a taxa de mortalidade observada em Mato Grosso, alcançaríamos hoje a marca de 300.000 vidas perdidas para a covid-19 no país.
Lembram do discurso que ouvimos muito no início da pandemia? De que Mato Grosso tinha uma população pequena, uma densidade populacional baixa, era abençoado pelo clima quente e que, por isso, teríamos poucos casos de covid-19 entre nós?
Lembram do posicionamento oficial do governador de Mato Grosso no início da pandemia, de que o nosso estado não teria mais do que 4.000 pessoas infectadas pelo novo coronavírus?
Infelizmente, a realidade desmentiu o negacionismo oficial e oficioso em nosso estado. Não sem muita dor. O sistema estadual de saúde não foi preparado de forma adequada. Os governos negligenciaram a necessidade de isolamento social rigoroso em momentos cruciais e acabaram transmitindo uma mensagem irresponsável à população. O resultado disso tudo foram vidas perdidas.
Ao mesmo tempo, o Mato Grosso do sistema de saúde mal preparado para enfrentar a pandemia foi o estado campeão nacional em crescimento econômico no ano de 2020. Isso às custas de um modelo de desenvolvimento que concentra renda e riqueza, de um sistema tributário injusto que contribui ainda mais com essa concentração, e de um formato de gestão que nega recursos às políticas públicas, em especial ao SUS estadual, já que estamos falando em pandemia.
Dolorosa ironia do destino, um dos municípios símbolo desse modelo de desenvolvimento, Sinop, experimentou mortalidade de até 100% entre os pacientes internados em leitos públicos de UTI para adultos em seu hospital regional.
Nada acontece por acaso. Os números da covid-19 em Mato Grosso não são produto do acaso ou de mera fatalidade. Os números da covid-19 em Mato Grosso são produto de decisões governamentais, de escolhas políticas determinadas por interesses econômicos, não apenas agora na pandemia, mas por anos antes dela. E devemos ter consciência disso, do contrário, a história pode se repetir novamente como tragédia.
Temos que ter consciência dessas injustiças estruturais para que possamos lutar e acabar com elas. A dor que sofremos pelas pessoas que perdemos para a pandemia tem que nos mobilizar para essa luta.
Lutar por um modelo de desenvolvimento econômico que produza e distribua riqueza e renda com justiça, que coloque pão na mesa de todo o nosso povo e que proteja a nossa biodiversidade. Lutar por um sistema tributário que não sacrifique os pequenos para manter os privilégios dos muito ricos. Lutar por políticas e serviços públicos de qualidade para todos os mato-grossenses. Lutar pelo SUS, por um sistema público de saúde fortalecido e capaz de cuidar bem de toda a nossa população.
São essas algumas das lições que precisamos aprender e apreender depois de tantos meses de sofrimento e dor, até porque a tempestade ainda vai levar tempo para passar.
*Lúdio Cabral é médico sanitarista e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso.
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