Brasil, mostra tua cara
LEONARDO BOFF: Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Ressalto duas razões. A primeira tem a ver com classe social. Temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo. A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não querem mudar!
Brasil, mostra tua cara

Batem nos acusados, mas têm intenção de bater no PT
por Leonardo Boff

A causa que o PT representa - de acordo com Leonardo Boff - é daqueles que vêm da grande tribulação histórica, mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Há um provérbio popular alemão que reza: “você bate no saco, mas pensa no animal que carrega o saco”. Ele se aplica ao PT com referência ao processo do mensalão. Batem nos acusados, mas têm a intenção de bater no PT. A relevância espalhafatosa que o grosso da mídia está dando à questão mostra que o grande interesse não se concentra na condenação dos acusados, mas em atingir de morte o PT.
Nunca fui filiado ao PT. Interesso-me pela causa que ele representa, pois a igreja da libertação colaborou com sua formulação e na sua realização nos meios populares. Reconheço que quadros da direção se deixaram morder pelo poder e cometeram irregularidades inaceitáveis. Depositávamos neles a esperança de que seria possível resistir às seduções do poder. Tinham a chance de mostrar um exercício ético do poder, à medida que este reforçaria o poder do povo, que assim se faria participativo e democrático.
A causa que o PT representa é daqueles que vêm da grande tribulação histórica, mantidos no abandono e na marginalidade. Por políticas sociais consistentes, milhões foram integrados e se fizeram sujeitos ativos. Estão inaugurando um novo tempo que obrigará todas as forças sociais a se reformularem e também a mudarem seus hábitos políticos.
Por que muitos resistem e tentam ferir letalmente o PT? Ressalto duas razões. A primeira tem a ver com classe social. Temos elites econômicas e intelectuais das mais atrasadas do mundo. Estão mais interessadas em defender privilégios do que garantir direitos para todos. Nunca se reconciliaram com o povo. Como escreveu o historiador José Honório Rodrigues, em “Conciliação e Reforma no Brasil” (1965), elas “negaram seus direitos, arrasaram sua vida e, logo que o viram crescer, lhe negaram, pouco a pouco, a sua aprovação, conspiraram para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continuam achando que lhe pertence”.
Ora, o PT e Lula vêm dessa periferia. Chegaram democraticamente ao poder. Essas elites não tolerariam jamais Lula no Planalto como presidente. Lula representa uma virada de magnitude histórica. Elas perderam e continuam conspirando, especialmente através de uma mídia amargurada por sucessivas derrotas, como se nota na entrevista de “Veja” contra Lula. Esses grupos se propõem a apear o PT do poder e liquidar com seus líderes.
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CONSERVADORISMO
A segunda razão está em seu arraigado conservadorismo. Não querem mudar, nem se ajustar ao novo tempo. Internalizaram a dialética do senhor e do servo. Preferem se alinhar de forma agregada e subalterna ao senhor que hegemoniza a atual fase planetária: os Estados Unidos e seus aliados, hoje em crise de degeneração. Difamaram a coragem de um presidente que mostrou a autoestima e a autonomia do país, decisivo para o futuro ecológico e econômico do mundo, orgulhoso de seu ensaio civilizatório racialmente ecumênico e pacífico. Querem um Brasil menor.
Por fim, temos esperança. Segundo Ignace Sachs, o Brasil, na esteira das políticas republicanas inauguradas pelo PT e que devem ser ainda aprofundadas, pode ser a “Terra da Boa Esperança”, quer dizer, uma pequena antecipação do que poderá ser a Terra revitalizada, baixada da cruz e ressuscitada. Muitos jovens empresários, com outra cabeça, não se deixam mais iludir pela macroeconomia neoliberal globalizada. Procuram seguir o novo caminho aberto pelo PT e pelos aliados. Querem produzir autonomamente para o mercado interno, abastecendo os brasileiros que buscam um consumo necessário, suficiente e responsável para assim poderem viver um desafogo com dignidade e decência. Essa utopia mínima é factível. E o PT se esforça por realizá-la. Essa causa não pode ser perdida em razão da férrea resistência de opositores, porque é sagrada demais pelo tanto de suor e de sangue que custou.
(Publicado originalmente no jornal O Tempo)


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TSE autoriza inclusão de nove militares em inspeção da urna eletrônica

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorizou a inclusão de nove militares no grupo de técnicos das Forças Armadas que inspeciona o código-fonte da urna eletrônica. O prazo para os trabalhos, que terminaria na última sexta-feira (12), foi prorrogado para o dia 19 deste mês.
Assinado nesta terça-feira (16), o ofício com a autorização foi um dos últimos atos do ministro Edson Fachin como presidente do TSE. Em cerimônia na noite de ontem, ele transmitiu o cargo ao ministro Alexandre de Moraes.
Na autorização, Fachin expressou o reconhecimento do TSE à contribuição das Forças Armadas no âmbito da Comissão da Transparência Eleitoral (CTE), “sobretudo pelo valioso suporte operacional e logístico prestado por elas em todas as últimas eleições”.
A inclusão dos nove militares havia sido solicitada pelo ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira, na semana passada. De acordo com o ministro, os indicados são técnicos com conhecimento nas linguagens de programação C++ e Java, necessários para a inspeção aos códigos-fonte.
A indicação dos novos integrantes temporários pela Defesa ocorreu dois dias após o TSE ter excluído o coronel Ricardo Sant’Anna da equipe de inspeção das Forças Armadas. A medida foi tomada porque mensagens publicadas pelo militar nas redes sociais “foram rotuladas como falsas e se prestaram a fazer militância contra as mesmas urnas eletrônicas” que pretendia fiscalizar, disse Fachin, em ofício.
Ao pedir a inclusão dos nove militares, Paulo Sergio Nogueira renovou “a permanente interlocução” do Ministério da Defesa com o TSE, “tendo como maior propósito contribuir para fortalecer o processo eleitoral brasileiro”.
Entenda
Códigos-fonte são as linhas de comando que compõem os programas de computador, que, por sua vez, são empregados no funcionamento de algum equipamento eletrônico. No caso da Justiça Eleitoral, a integridade dos códigos do sistema de votação é fundamental para impedir fraudes.
A inspeção aos códigos-fonte do sistema eletrônico de votação é uma das etapas obrigatórias do processo eleitoral e pode ser feita por dezenas de instituições autorizadas. A lista inclui partidos, Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), universidades, Tribunal de Contas da União (TCU), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Forças Armadas, entre outras.
Em eleições anteriores, a abertura dos códigos para inspeção ocorreu sempre seis meses antes do pleito. No atual processo eleitoral, porém, o TSE decidiu abrir o acesso aos códigos em outubro de 2021, um ano antes da votação. Na época, o então presidente da corte eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, disse que a medida foi tomada para aumentar a transparência.
Entretanto, a inspeção dos códigos-fonte pelas Forças Armadas começou somente neste mês, dois dias após o Ministério da Defesa ter pedido acesso “urgentíssimo” aos dados. Em resposta, o TSE informou que tal acesso encontrava-se aberto desde outubro, bastando que, para isso, fosse feito o cadastramento da equipe para realizar a inspeção na sede do tribunal.
Edição: Nádia Franco
Fonte: EBC Política Nacional
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